PRÓLOGO

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Amanheceu e eu estava mais uma vez acordado. Dessa forma ia envelhecer mais rápido. Estávamos em algum desses lugares loucos de onde meus bisavós vieram, logo após deixar Toscana. Desses lugares que se queimavam mais bruxas por metros quadrados do que roscas em surubas gay. Eu estava confuzindo mais testes ao som de uma música local da rádio. Putz, rádio ainda existe!? E que raios de língua é essa?

_Marocci, ainda está acordado? - perguntou Chloë entrando no laboratório improvisado.

_Ainda preciso checar essas amostras de sangue - a respondi.

_Puxa, mas são cento e cincuenta mil amostras, entre tecidos e objetos... Você precisa de um parâmetro para verificá-las, não... Não pode fazer assim... Vai... Acabar perdendo muito tempo desnecessário - disse ela tentando esconder seus sentimentos por mim.

_Chloë, isso é muito importante... Recuperamos muita coisa, precisamos verificar tudo... Não temos sinal de mesopotâmicos, só menções e rastros que nos levam a becos sem saída ao redor do mundo... Estou cansado de trabalhar sem sucesso... Esse rastro é importante... Se há algum... Sanguessuga antigo assim nessa cidade, precisamos obtê-lo a todo custo.

_Eu preferia quando procurávamos os pré-diluvianos... - ela me respondeu - há mais concretude nas investigações e sítios em busca deles do que... Essa lenda mesopotâmica. Faz uma pausa e vamos tomar café.

_Na verdade eu já bebi tudo... Deve ter mais pó em algum lugar... Se você puder fazer...

_Não sou antropóloga PhD em vampiros para fazer café pra macho convencido - disse ela sorrindo.

_Antropovampi o quê? - Eu a falei rindo de volta e parei um pouco minha obsessão.

Apesar de chata, ela estava certa. Perderíamos muito tempo se eu continuasse a analisar as amostras centímetro por centímetro. Passei a noite inteira nessa... droga de laboratório, há dois dias não tomo banho, e mesmo estando frio isso é muito nojento.

Tomamos café juntos e fomos abordados por Marina. Ela e a equipe tática ia entrar na ruína que encontramos, mesmo com meus protestos marcando incerteza se achariamos alguma pista lá. Seus superiores estavam pressionando, não poderiam esperar nem mais um dia... Ou uma noite, na verdade.

_Iremos às dez horas, não demoraremos já que as ruínas estão próximas. Precisamos retornar antes das 19hs.

Era loucura confiar em desenhos babilônicos e runas sumérias no meio da Europa... Bem... No... Eu não sei em que raios de lugar exatamente eu tô, mas é aqui, na Europa.

Não terminei de checar as amostras... Todas recolhidas na região, a propósito. Eu tentei falar com doutor Souza, mas não consegui. Tentei convencer Santana... Mas não consegui. Ele e os soldados seguiriam as ordens de sua líder sem pestanejar.

Bem, os outros cientistas não queriam ir, mas queriam que fosse logo entrar naquele maldito casebre derrubado e tomado por mato. Todos queríamos ir para casa. Eu queria fazer a barba, tomar banho, aparar meus pêlos que pinicavam minhas virilhas e... Mas mesmo assim achava que deveríamos ter cuidado. Essas ruínas estavam cheias de armadilhas, uma boa parte eram antigas casas simples de vampiros furrecos deixadas para trás e nos desviavam do propósito principal. Precisávamos achar as relíquias dos vampiros mesopotâmicos, precisavamos achar seu sangue, pistas concretas, saber de seu poder para nos preparamos para o avanço de criaturas da noite que estava por vir.

O mundo vivia sob uma ameaça fantasma de vampiros que estão infiltrados na sociedade. Tal qual aquela baboseira de nerd, do vampiro a máscara. As pessoas comuns mal imaginam o que estar por vir... A Força da Noite era a única organização que se preocupava com isso, mas estamos há anos em pistas falsas... Precisamos de algo mais poderoso que os vampiros das últimas gerações.

VinhoRoséWhere stories live. Discover now