CAPÍTULO 24 - ALGUÉM CONHECE A FAMÍLIA (parte 2)

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-Boo.

-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

Freya tinha aparecido na minha frente, e eu percebi apenas quando levantei meu olhar. Por reflexo eu havia me atirado para longe, pro lado oposto ao sofá, em diagonal para trás.

Enquanto eu hiperventilava, ele se aproximou de mim. Era mais sinistro de frente... Não sei o que esperar desse demente...

-Poke - ele disse empurrando seu dedo na minha testa - poke, poke - continuou tocando meu rosto - poke, poke - a cada toque era um "poke" dito como onomatopéia.

Eu abri a boca para reclamar algo e ele enfiou o dedo na minha garganta. Eu fiquei tossindo, me joguei para trás, dessa vez deitado no chão com as plantas dos pés apoiados no chão. Não precisava desse encontro, não nessa semana corrida. Eu não me sentia mais revoltado, apenas cheio de horror e de confusão. Mas o que infernos há com essa família?

Em um momento eu senti uma dor imensa, acompanhado pelo som "poke". Estava vindo de meus testículos. Esse fedelho fez poke nas minhas bolas sem eu pressentir o perigo, o que veio após foi meu caos mental-corporal sendo contido pela vergonha, que deixou minha pele vermelha, tentando não transparecer minhas emoções, minha dor. O ar estava mais escasso... Esse foi um golpe baixo.

-Mas o que você está fazendo com mamma? - An estava nu ao lado de Freya com as mãos na cintura e com um rosto feio, como se estivesse repreendendo uma criança... bem, ele estava.

-Aaaaaaah bwaaaaaa - Freya começou a parecer que estava chorando, como uma criança mimada que só precisa de um grito para chorar por semanas - Freya-chan queria saber... Ochinchin... mama...

-Mas o que deu em você? - An perguntou - A gente já falou sobre ochinchins, por que é que você voltou a se interessar por isso?

Freya fechou os olhos e continuou com seus "bwas". Eu apenas olhava a cena de An se agachando e deixando seu pênis flácido e seus testículos arrastarem no chão como se fosse a coisa mais natural do mundo, e abraçar Freya.

-Shhh, shh, - An disse - Frey-chan agora é um menininho crescido, não pode chorar com qualquer coisa...

-Demo...

-Hum... nada de "mas".

-Demo... Papa-chan, hidoi... Freya-chan kanashi, demo...

-Nada de "mas" - continuou An - Engula o choro e peça desculpas para Mama, sim? - An falou já separado de Freya, com o nariz colado no de seu filho e fazendo carinho na cabeça do menino... Do... homenzinho.

-Hm! - Freya respondeu.

O ruivo deu as costas para seu pai, veio engatinhando, não mais chorando, bem, sem expressão alguma no rosto. Seus cabelos caiam ao chão como um grande e bonito véu, varrendo o que aparecia em sua frente.

-Mama, gomenasai - ele disse com o rosto bem colado com o meu, e me deu um beijo na bochecha, logo depois fechou os olhos e virou o rosto, e ali ficou parado.

-Moranguinho - sussurou An - beijo... beijo...

Eu beijei a bochecha de Freya, que virando seu rosto para mim novamente, esboçou um sorriso e fechou os olhos.

E se jogou em mim murmurando uma música.

-Shiro - An falou virando-se para trás- Antes de perguntar o que é que você está fazendo aqui com o MEU bolinho, diga-me... Por que Frey-chan está novamente interessado em pintos?

A pergunta de An poderia soar um pouco homofóbica, mas não era esse o sentido... Eu não sabia dizer como, mas eu sentia isso, enquanto tentava abraçar o rapaz sobre meu corpo e engolia a dor de minhas bolas.

VinhoRoséWhere stories live. Discover now