Teoria da Sincronicidade [CONCLUÍDO/REESCREVENDO]

11. Ryan Willians

Estou colocando o fone em minha orelha, ajeito o meu casaco ao subir o zíper até o pescoço, estava me aprontando para correr e fazer alguns alongamentos, depois de terminado voltaria para casa e iria continuar os exercícios aeróbicos que estava acompanhando pela internet. Assim que fecho a porta de casa e me viro para começar a caminhada, me deparo com Tyler.

Seu cabelo está bagunçado, mas sempre jogado para trás, usava uma blusa de frio preta, casaco, calça jeans e um tênis simples. Parecia estar vestido para ir para o colégio, mesmo que o seu casaco do time tenha sido substituído por outro mais simples, mas eu sabia que ele não iria tão cedo.

Um dia antes, após a briga como Greg e eu participar um pouco dela, Tyler foi mandado diretamente para a sala do diretor com os outros, ganhou uma bela suspensão por cinco dias. Achei que foi bastante merecido, mesmo ficando com pena de Logan que também levou a punição, mesmo por ter entrado na briga com o objetivo de separar os garotos.

Depois desse evento, fiz um curativo no nariz, fui impedida de nadar por pelo menos um dia. Enquanto trabalhava, deixei meu celular desligado e quando sai do clube, vi mais de vinte ligações e cem mensagens, todas de Tyler. Ao invés de ignora-lo, como eu gostaria de fazer, tentei ser madura e disse que conversaríamos na escola no dia seguinte, assim que eu saísse.

Por algum motivo, eu não queria ficar sozinha com ele. Parecia que aconteceria alguma confusão e eu não queria me degastar para impedi-lo.

– Pensei que conversaríamos na escola – digo tirando os fones das orelhas, deixando-os soltos na gola da minha blusa, ajusto meu cronômetro no pulso e testo os tênis nos pés.

– Eu estou suspenso, você sabe. – Tyler me acompanha enquanto me afasto de casa para poder correr.

– Nada o impede de me encontrar no estacionamento, como a gente combinou, tem alguma coisa para fazer por isso apareceu aqui mais cedo?

– Eu mal conseguir pregar os olhos a noite, Jackie. – Tyler se lamentou ao meu lado – Eu não parei de pensar em você, daquele jeito e...

Começou.

– Por que você não me ouviu, Tyler? – paro de andar de repente e o encaro, por mais que eu tentasse esquecer ou ignorar o que tinha acontecido, eu não conseguia, queria tirar satisfação, mesmo que gerasse uma nova briga – Por que você teve que partir para cima do Greg? Você disse que ia mudar, droga! Você prometeu!

– Eu sei que eu prometi! – Tyler gritou de volta – Não é tão fácil quanto falar, minha vida inteira eu tenho sido assim, me esforcei para ignorar Greg, o que eu fiz ontem, foi quase um milagre, eu não costumo trocar mais de três palavras com quem chega perto de mim com provocações, eu tentei, me afastei dele! Você tem que entender que não vou mudar assim de um dia para o outro, porra!

– E olha só o que aconteceu com meu nariz por causa disso tudo!

– Então é assim que você faz? Vai jogar na minha cara e me colocar como vilão? – Tyler rebate enfurecido – Você sabe que eu gosto de você, eu não quero e nem queria machucar você, foi tudo um acidente, um mal entendido. Por favor, Jackie... – ele se aproxima e segura minha mão – Por favor, tenha um pouco de paciência comigo.

– Eu estou tentando ter paciência, Tyler, muito! – disparo de volta querendo soltar nossas mãos – Eu...

Ele desiste de falar e eu também. Não queria revelar sobre o medo que eu senti quando o vi em cima de Greg, pronto para destruir o mundo a sua volta se fosse esse preço a se pagar tentar acerta-lo.

– Será que podemos conversar em algum lugar? Sem gritos. – Tyler pede educadamente e eu acabo concordando.

Fomos até uma pequena praça perto da vizinhança. Por ser sete horas de manhã é difícil ver alguma movimentação por ali e por esse motivo foi o lugar ideal, porque eu tinha certeza que não seria uma conversa tranquila. Sentamos lado a lado em um banco de mármore todo decorado, parecendo um primeiro encontro entre duas pessoas tímidas, em que um não sabia como conversar com o outro.