30. Doces Lembranças

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– Está errado. – devolvo o caderno de volta para Noah que bufa de raiva – A resposta é doze, raiz quadrada de dois, eu já falei, você tem que se atentar no começo, maioria dos seus erros estão no começo.

– Eu odeio matemática, com todas as forças – ele levanta a voz e quatro pessoas que estão por perto o mandam calar boca para manter o silêncio na biblioteca do St. Martin – Nem sei porque preciso dessa porcaria.

– Precisa porque vai repetir de ano se não dar um jeito nas suas notas. – sou dura e franca com ele, que solta um muxoxo em resposta – Nós vamos tirar nota boa na insistência.

– Assim espero, ou estou ferrado.

– Só precisamos ser positivos e você, prestar mais atenção. – aproximo minha cadeira a dele, pegando uma nova folha para poder explicar melhor a questão a ele – Vamos fazer a questão juntos, você vai ver que não é tão difícil quanto parece.

– Tem razão, não é tão difícil quanto parece, é simplesmente impossível!

– Sem pessimismo, você já passou por coisa pior, essa questão de matemática não é nada para você. – o incentivo e assim que copio todos os números dados no enunciado, meu celular começa a tocar no bolso.

Rapidamente o visor para saber quem era, se fosse minha avó, atenderia de imediato, tirando essa exceção, qualquer outra pessoa que me ligasse teria que esperar. Todavia, meu coração para por alguns segundos quando vejo que é um contato desconhecido e pelos números a mais, a ligação é internacional.

– Faz o seguinte Noah – levanto da cadeira sem tirar os olhos do número – faça a questão seguinte, depois voltamos para essa.

– Quem está ligando? Você parece pálida e pronta para um desmaio. – Noah diz rabiscando algum desenho na nova folha que eu tinha destacado anteriormente.

– Meus pais – declaro para ele e mais de cinco alunos me fazem um longo "shiu", me obrigando a ficar encolhida por estar aumentando o tom de voz em um lugar que segue rigidamente as regras de silêncio.

Quando volto a encarar Noah, ele está pasmo.

– Corre – ele sibila – atende isso logo.

Meu plano era sair da biblioteca para poder falar com eles sem problemas em alterar o tom de voz, mas como estava desesperada para atender, com medo que a ligação caísse ou algo do tipo, me infiltrei nas estantes de livros no fundo do espaço, normalmente, os cantos mais escuros da bibliotecas, onde tinha mais livros, eram lugares ótimos para trocar segredos e roubar alguns beijos mais ousados.

– Alô? – atendo a ligação com o coração na mão.

– Jackie! – ouço a voz animada da minha mãe, me obrigando a sorrir depois de tanto tempo sem contato com eles, sempre foi assim, toda vez que entravamos em contato, eu percebia o quanto sentia falta deles – Está tudo bem por ai? Desculpa ligar esse horário, sei que deve estar estudando.

– Ajudando Noah, pra falar a verdade – digo passando os dedos pelos livros nas prateleiras, me distraindo e lembrando da cara emburrada de Noah por não estar se acertando com a Álgebra – mas, está tudo bem, resolvermos fazer um intervalo para ele recuperar a vontade de viver, matemática e ele não são duas coisas que combinam.

– Tenho certeza, faz tanto tempo que eu não ouvia falar sobre ele, como ele está? – ela pergunta interessada e eu tenho uma história extensa para falar com ela sobre Noah, sobre tudo que aconteceu com ele nesses últimos tempos.

Entretanto, meu lado egoísta fala mais alto. Fazia um bom tempo que eu não conversava com a minha mãe, não sabia quanto tempo iria durar aquela ligação e por esses motivos eu faria o possível para que a conversa fosse sobre mim e eles.

Teoria da Sincronicidade [CONCLUÍDO/REESCREVENDO]Where stories live. Discover now