29. Banheiro Interditado

4.2K 445 487
                                    




Fazia duas semanas que eu e Tyler tínhamos terminado.

Na noite do acontecido, após ele acertar Ryan a ponto de quebrar uma garrafa na sua cabeça, coloquei um ponto final em tudo. Depois disso, com o fim do meu relacionamento, durante a festa da vitória do jogo do Red Falcon, Noah e eu levamos Ryan até o hospital. Ele precisou dar alguns pontos no topo da cabeça e ficou o tempo inteiro se lamentando por ter me abraçado no meio da festa, ter causado toda aquela comoção e, consequentemente, o término do meu namoro.

É nesses momentos que eu gostaria de bater em Ryan e abraça-lo ao mesmo tempo, por ser tolo em se culpar pelo meu fim do namoro e inocente, ao se preocupar comigo nessa intensidade, um motivo de eu não ter me arrependido de ter entrado na briga para tentar ajuda-lo.

Ele pelo menos se sentiu melhor quando descobriu que eu já pensava em terminar com Tyler fazia um bom tempo.

No fim das contas, apesar de todo machucado, ele continuava com bom humor intacto, se oferecendo para dormir em minha casa já que Noah estaria por lá. Ele insistiu bastante, mas Noah não cedeu nem um pouco e acabou dando um abraço de consolação na despedida.

A noite foi longa, foi pesada, mas quando voltamos para casa, após levar Ryan para a sua, senti um enorme peso sair das minhas costas. Ainda me sentia mal por Tyler, por todo seu sentimento por mim, mas estava livre, sem algemas ou amarras.

Fazia duas semanas que tínhamos terminado, mas Tyler sequer desistiu. Queria provar que iria tentar mudar, propondo várias alternativas, implorando de todas as formas. Ele mandou mensagens durante todo esse tempo, me ligou, foi na minha casa para tentarmos conversar e apesar de cada falha minha em ceder, continuei firme, pensei em mim primeiro pelo menos uma vem em minha vida.

Durantes os intervalos no St. Martin eu evitava cruzar o caminho dos jogadores, parece que toda vez que eu encontrava um deles, Tyler brotava de repente para me perseguir, nem que fosse apenas com o olhar.

Quando o sinal tocou, ao invés de ir diretamente para o refeitório, resolvi passar no banheiro, feliz por minha menstruação ter descido e meu último contato íntimo com Tyler ter sido apenas uma lembrança de despedida e não uma nova paranoia sobre uma possível gravidez.

Assim que coloco os pés para fora da sala de aula, Tyler surge de repente, com a mochila no ombro, surpreso por ter dado de cara comigo.

– Tyler.. – digo seu nome com um tijolo na minha garganta.

Toda vez que Tyler vinha atrás de mim, minhas defesas caíam um pouco, seus olhos sempre estavam fundos, seu rosto abalado e bem perdido. Ele estava muito mal por causa do término, todos comentavam sobre isso e apontavam eu como a vilã, certamente.

Já ouvi até alguns boatos que Tyler estaria desenvolvendo depressão por causa de uma vadia como eu. Foi difícil de ouvir cada merda que corria solta pelos corredores do colégio, mas procurei ignorar, ou pelo menos tentar.

– Jackie. – Tyler engoliu o seco – Você não respondeu minhas mensagens.

– Tyler, eu já falei sobre isso com você... – sussurrei, cortando Tyler antes que ele tente me ludibriar com as palavras e sendo o mais direta possível – Vai ser melhor para nós dois se cortarmos o contato, tentarmos ser amigos, não vai dar certo.

– Eu... – ele tenta falar, mas desiste logo em seguida.

Soube por algumas bocas maldosas que ele andou chorando nos vestuários, virou motivo de piada entre garotos imbecis que acham que um cara não pode ter sentimentos e muito menos chorar por uma garota.

– Aliás – digo tirando uma corrente da minha bolsa, o colar que ele tinha me dado no aniversário do pai dele – eu queria devolver isso a você, estava meio sem graça, pensando em como e quando seria o momento ideal para entregar a você já que... Acabamos.

Teoria da Sincronicidade [CONCLUÍDO/REESCREVENDO]Where stories live. Discover now