38. Epílogo

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Sincronicidade

Logan Sanders

Eu queria entender o que deu em mim quando eu aceitei ir na porra do aniversário do pai do Tyler.

Christopher Cornell é um cara legal, inteligente, bem conservado para a sua idade, trabalhador, meio exigente e duro com Tyler, mas no fundo tinha um bom coração, mesmo que fosse protegido por uma muralha alta e reforçada depois que sua esposa sumiu, uma proteção que nem os próprios filhos conseguiam atravessar.

Eu estou aqui por Tyler e pelo seu pai, conheço ambos a anos, faltar e dar uma desculpa esfarrapada só deixaria tudo estranho. Todavia, queria ter negado o convite assim que vi Jackie chegando na festa, ficando ao lado de Tyler e segurando o seu braço, como a droga do casal de filmes românticos. Não queria ter ciúme de algo que eu não tenho o direito de ficar, mas ás vezes é impossível desviar os olhos dela.

Como agora.

Ela em um vestido dourado da mesma cor dos seus olhos, seu cabelo preto meio preso e sua pele mais reluzente do que nunca, sem falar das pernas... Ela tem belas pernas e eu me odeio, muito, por ficar imaginando (principalmente no meio das aulas de literatura) em fazer várias coisas com ela.

Tyler tinha saído para apresentar a namorada para o pai e a família. Quando entro na festa com Sierra ao meu lado, meu espírito masoquista me faz ficar bem aqui, em um lugar estratégico, perto da mesa de decoração com a visão perfeita de Jackie Rivera, ao longe, vendo ela sorrindo para os convidados, sempre com uma postura impecável e de vez em quando, achando graça de alguma coisa, fazia careta e mexia algo no pé, talvez por causa do salto de quinze centímetros.

Isso me faz lembrar da primeira vez que a vi, no St. Martin, depois de um ano.

Tinha se passado duas semanas, mas não foi difícil me matricular no colégio de volta, apesar de tudo. Caleb tinha me levado para o colégio um pouco mais cedo, por ter algumas coisas para acertar no trabalho e precisaria chegar o quanto antes. Meu plano em St. Martin, era bem simples, apenas chocar toda a escola ao voltar depois de um ano na prisão e terminar o ensino médio com os meus melhores amigos.

Pela fama de St. Martin tinha em relação a fofoca, eu já esperava vários boatos pelas bocas desocupadas, não seria difícil ignora-los, afinal, uma coisa que aprendi na prisão, é que existe coisa bem pior do que um bando de ignorantes inventando histórias sobre você.

– Vê se não arruma confusão, Logan – Caleb disse assim que estacionou o carro em frente ao colégio, que já começava a ficar mais movimentado naquele horário.

– Como se eu estivesse em posição pra isso – debochei de volta, desfivelando o cinto e me certificando se eu queria mesmo entrar nesse colégio, o primeiro passo que eu desse para dentro, não teria mais volta, o inferno começaria.

– Vai ficar tudo bem, tenho certeza – Caleb disse e aperta a minha bochecha – o caçula da mamãe vai ser um bom menino de agora em diante, não vai?

– Para com isso, Caleb – tiro sua mão da minha bochecha num tapa, rindo da sua voz afinada para fazer graça – melhor eu ir, bom trabalho, Caleb.

Apesar da despedida, Caleb continuava me encarando, com uma expressão abobada, como costumava fazer quanto tem pensamentos emotivos rondando sua mente curiosa.

– O que foi? – indaguei a ele – Por que está me olhando com essa cara?

– Você mudou, muito.

– Obviamente eu mudei, Caleb, fiquei um ano na prisão e aconteceu de tudo que poderia ter acontecido, levei muita surra, fiz amizades, fiz até algumas tatuagens, com certeza eu não continuaria o mesmo.

Teoria da Sincronicidade [CONCLUÍDO/REESCREVENDO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora