37. Jackie Rivera

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Sou obrigada a acordar quando a luz do sol decide refletir justamente na minha cara. Entre resmungos e pequenos xingamentos de reclamação, eu desperto por completo, com o cabelo todo bagunçado e as pálpebras pesadas. Eu só queria algumas horas a mais de sono, mas o dia cantando pela minha janela e os compromissos que marquei para hoje acabam estragando o meu plano.

Bocejo e viro para o lado, encarando o motivo da minha cama estar tão apertada durante a noite.

Logan Sanders.

Dormindo feito um bebê na minha cama, espaçoso, com metade da coberta o cobrindo até o quadril, revelando sua pele clara e as tatuagens pelos músculos definidos que eu tanto gosto de admirar.

Ele surgiu no meio da noite, com uma desculpa esfarrapada que pensou ter esquecido o celular em minha casa, abri a porta com ele com cara de cachorro abandonado, pedindo para entrar e que logo iria embora.

E parou aqui, na minha cama.

Aproveito que ele está com uma expressão tão serena, tão quieto e reluzente contra as luzes do sol, que passo os dedos levemente em seu cabelo que cresceu nas últimas semanas, na cicatriz em cima da sobrancelha e nos brincos pendurados na sua orelha. Quando meu pai o viu pela primeira vez, cheio de tatuagens, piercings me olhou desconfiado e me fez prometer que se ele fosse um bad boy que quebrasse meu coração, era pra eu contar imediatamente para ele, que tomaria medidas drásticas para puni-lo.

Sorrio com a lembrança e meus dedos viajam até uma frase que ele tatuou na costela recentemente: nós sabemos o que somos, mas não sabemos o que podemos ser. Shakespeare. Ele me levou para assistir, enquanto eu me contorcia ao ver a agulha perfurando sua pele e ele ria, sem sentir absolutamente nada, eu tinha tomado suas dores naquele momento

Minha animação em tê-lo ali comigo morre um pouco ao me lembrar que semana que vem iremos nos formar e após as férias, ele irá para Stanford começar um novo capítulo da sua vida e eu vou continuar por aqui.

Ele dá um sorriso, denunciando que tinha acordado e esse simples gesto me faz erguer os cantos dos lábios.

– Você sempre tem esse costume psicopata de ficar olhando para as pessoas enquanto elas dormem? – ele pergunta sem abrir os olhos.

– Eu tenho um fascínio em testemunhar a última expressão que minhas vítimas terão antes de uma morte lenta e dolorosa – falo dramaticamente, fazendo-o rir e abrir os olhos negros.

Sua mão viaja até a minha cintura e ele apoia a cabeça na mão enquanto se ajeita na minha cama. Enquanto eu mexo em seu cabelo, ele alisa as linhas do meu corpo, traçando uma série de arrepios sem fim. Ele me encara de uma forma que no passado, eu me sentiria intimidade, mas agora, nesse exato segundo, eu me sinto lisonjeada por receber toda essa atenção.

Queria que esse momento durasse uma eternidade.

– O que foi? – ele pergunta procurando algum sinal diferente em meu rosto – Por que está com essa cara?

– Que cara?

– Eu reconheço essa cara – ele aperta meu queixo de leve – sobre precisarmos conversar sobre minha ida pra Stanford.

Dou um sorriso, mesmo que meu estômago esteja dando várias voltas. Conversar sobre como ficaríamos, sendo que estávamos começando a nos entender agora e logo ele iria embora, do outro lado do país, começar numa nova universidade renomada e ter que pensar em relacionamento a distância.

Queríamos fazer dar certo, mas as expectativas não são tão boas assim. Eu não tinha nenhuma experiência nisso e Logan teve com Carla, o que não deu muito certo e cada um foi para o seu lado.

Teoria da Sincronicidade [CONCLUÍDO/REESCREVENDO]Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang