2 I Simplesmente acontece

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Bernardo, Janeiro de 2013. 

– E aí Bernardo. Tô legal e tu? – Perguntou com um sorriso no rosto. Aí sim eu reparei no cara. Era um guri lindo.

Sorri como uma resposta positiva à pergunta dele. Eu estava bem pra quem tinha decidido ficar bem. Logo fui em direção ao freezer e saquei uma cerveja. Ouço Tarso gritando na mesma hora.

– Pega pra gente também, mozão!

– Para de me chamar assim, Tarso. Bruno vai achar estranho. – Respondi de saco cheio por Tarso me chamar daquele jeito toda hora.

– Claro que não, Bernardo. Já acostumei com isso. – Respondeu Bruno na mesma hora.

Joguei as cervejas para eles enquanto Fernanda aumentava o som. Ela tinha decorado a festa meio que como um luau e eu nem tinha reparado ainda. De fato, tudo combinava com o dia que estava frio e gostoso. Eu tava de moletom xadrez, calça preta e um all star da mesma cor. A blusa estava meio larga, comparado a última vez que usei. É, percebi que realmente tinha emagrecido pra caralho. As pessoas estavam certas sobre meu peso. Dei o gole de cerveja e parti pra outro pensamento que não fosse deprimente.

Deitei no puff e comecei a cantar as músicas que tocavam enquanto bebia uma cerveja. O pessoal tava animado e rindo pra caramba. Eu participava das conversas, mas tava numa vibe mais reflexiva, pensando no que queria pra mim nesse novo ano.

Depois de um tempo de festa, Fê já tinha resumido um pouco do seu último ano de São Paulo. Tarso já tinha contado a história do bar sobre Bruno de novo só que com mais animação, acho que por causa da bebida e Enzo já tinha contado do pedido de namoro que fez para a Barbara recentemente. Começou uma pegação de ambos os casais. Fernanda e Marina estavam conversando alguma coisa em particular soltando altas risadas e nesse meio tempo a música tocava num volume mais baixo. Restou eu, a cerveja e o celular. O Caleb, no outro lado da roda, estava vidrado no celular dele com uma cara de preocupado, tédio, ou sei lá o que ele estava sentindo, sei que estava em outro mundo. Porra, minha bateria acabou e, logo depois, a cerveja também. Fui buscar outra.

– Ei Caleb, tu quer uma cerveja? – Perguntei puxando assunto com o cara.

– Valeu, Bernardo. Mas eu não bebo. – Me respondeu com tranquilidade.

– Sérião? Não tinha percebi... Um refri então? – Rebati.

– Pode ser. – Respondeu com um sorriso.

– Bora lá então. Larga esse teu celular ou tu vai ficar paranóico. – Disse sem receios a ele. Se bem que eu estava fazendo o mesmo minutos atrás.

– Foi mal. Devo estar sendo uma péssima companhia pra galera. – Caleb disse num tom de tensão.

– De boa cara. Tá todo mundo feliz em se reencontrar. Relaxa. – Tentei mostrar que estava tudo numa boa. De fato, estava.

– Ah, mesmo assim. Não devia tá aqui atrapalhando o momento de vocês. – Ele parecia querer dizer algo.

– Tu quer falar sobre o que tá acontecendo? – Fui direto ao ponto.

– Ah, é que a Marina me colocou numa fria. Meus pais tão viajando e eu tô ficando na casa dela. Senão já tinha ido embora.

– Eita. Marina e suas loucuras. – Respondi sarcasticamente sabendo do que ela pode fazer.

– Na verdade, eu gostei do grupo. Vocês são bem atualizados. Todo mundo mente aberta. O tipo de amizade que eu quero pra mim. Sem traições, sem moralismos e com união.

– Bom, muitos problemas aconteceram nesse grupo, inclusive traição, mas ainda assim é um bom grupo para conviver. Passamos por muita coisa no último ano, aprendemos muito uns com os outros. Mas e tu, o que faz da vida? – Tentei mudar de assunto.

ADOLESSÊNCIAS - VERSÃO 2018Where stories live. Discover now