Capítulo 4.

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Queria deixar claro que ontem o Eric e a Emily deram um trabalho infernal, praticamente nos torturaram, até finalmente dormirem como anjos. O estado era realmente caótico, eles passaram muito mal e depois o "pt" contou com alteração de humor, de piadas sem graça os dois passaram a chorar e se lamentar com dramas insignificantes do momento. Foi uma luta fazer os dois entrarem no chuveiro gelado, a Noora quase apanhou, e mais duro ainda foi dar um remédio pra ressaca antes deles capotarem na cama.

O fato é que um novo dia nasceu e somente nós duas conseguimos ir à aula, dessa vez fui dirigindo porque a minha amiga ainda sentia os efeitos da noite anterior.

— Minha nossa, eu to um caco. — Bocejou apoiando a cabeça na janela. — Não quero nem imaginar essa aula de contabilidade.

— Então é bom começar a retornar a realidade, já estamos chegando. — Ri atravessando a rua que leva ao campus. Ela resmungou qualquer coisa e voltou a abraçar a mochila sem abrir os olhos, bastou cinco minutos de sono e já estávamos estacionando na vaga de sempre. — Acorda, Noora Mendes!

— Ah não... — Balbuciou ainda sonolenta. — Vai você, me deixa aqui descansando um pouco. — Revirei os olhos puxando sua mochila e ela despertou com o pequeno empurrão. — Filha de uma mãe! — Bufou.

— Anda, estamos quase atrasadas. — Falei ríspida enquanto saia do carro e, sem escolhas, ela me obedeceu.

...

A manhã foi produtiva, apesar dos números e cálculos, até o intervalo meu cérebro despertou e surpreendentemente consegui entender e copiar tudo, incluindo alguns exercícios necessários. A Noora também acordou da metade para o fim do horário, nesse meio tempo recebi uma mensagem da minha mãe se queixando de abandono (drama) e saudades porque não apareço mais por lá, ficou decidido que iríamos almoçar juntas.

Sendo assim, minha melhor amiga dirigiu dessa vez e me deu uma carona até minha antiga casa, cuja estrutura era praticamente a mesma desde a minha infância. A diferença é que agora já não se ouve mais os gritos e as brigas, nem o meu choro escondido cada vez que meus pais discutiam por qualquer razão. Minha irmã não lembra porque era muito nova para isso, mas eu ainda tenho certas coisas guardadas em minha mente.

— Que bom te ver, filha! — Sorriu ao abrir a porta. — Lembrou que tem mãe?

— Oi. — Sorri a abraçando. — Desculpa, é que eu trabalho e tenho faculdade. Lembra?

— Ah, mas tenho certeza que você consegue arrumar um tempinho! — Disse me puxando para dentro e fechou a porta. — Bem, fiz o seu prato preferido e a Maya já está nos esperando. Vamos? — Assenti. — À propósito, como vai a faculdade?

— Sobrevivendo. — Ri. — Porém eu gosto da loucura, é bom me manter ocupada.

— Que bom, sua irmã continua me dando trabalho e vive enfiada na porcaria DESSE CELULAR! — Enfatizou ao se aproximar da sala de jantar, onde ela nos aguardava claramente contrariada e sem tirar os olhos do telefone mesmo diante da mesa.

— Oi Maya! — A cumprimentei de longe e ela apenas ergueu a cabeça em resposta. — Você poderia fazer o favor de respeitar a nossa mãe uma vez na vida? — Bati na mesa chamando atenção.

— Olha aqui, você lava a sua boca pra falar de mim! Nunca vem aqui mesmo, acha que pode mandar? — Bufou impaciente. — Só to nessa droga porque fui obrigada, por mim continuaria no meu quarto.

— Se eu fosse você tratava de fazer o que pedi, além de ser mais velha e merecer respeito você continua precisando de mim. — A encarei cínica.

Luz, câmera e... Paixão! Where stories live. Discover now