Capítulo 8.

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Nunca recebo ligações, hoje foi um dia excepcional e minha tarde acabou tendo uma surpresa, bela surpresa. Meu pai resolveu ligar e matar a saudade, fazia tempo que não conversávamos por horas e isso até melhorou meu dia, porque ele sabe como me arrancar boas risadas.

"Você tá bem, filha? Sua voz parece tensa." — Comentou preocupado.

— Tô sim. — Disse olhando a paisagem pela janela do meu quarto. — E você? Tá bem feliz, né? Gosto muito de te ver assim.

"Sim e tenho uma notícia!"

— É boa? — O interrompi.

"Acho que sim, é que o Luke está de volta e a Elena quer dar um jantar. Já chamei sua irmã e sua mãe, você vem, né?" — Perguntou empolgado e meu subconsciente só conseguia lembrar o quão tenso foi a última vez em que os dois ocuparam o mesmo lugar.

— Se é importante para o senhor, é claro que vou. Mas tem certeza que é uma boa ideia, pai? — Tentei convencê-lo a voltar atrás.

"O convite já foi feito, sei que não vai ser fácil porque sua mãe não é das mais compreensivas. Porém, só queria um jantar em família para introduzir o garoto... Já moro com a Elena há tanto tempo, não acha que está na hora de superar e seguir em frente também?"

— Acho, fala isso a dona Verônica! — Ri ironicamente. — Sinceramente, às vezes acho que é também culpa dela a Maya ser assim do jeito que é.

"Não custa tentar. Te espero aqui em casa às oito."

— Ok, posso levar a Noora então?

"Claro! Vai ser um prazer receber vocês duas, sabe que a Elena ama receber visitas. Vou ter que desligar. Amo você, tá?"

— Também te amo. — Completei. — Até mais tarde! — Desliguei finalmente a ligação.

Não sei o que esperar, não me vem em mente um jantar passivo sendo que minha mãe e a noiva do meu pai estarão frente a frente. Bom, a Elena é maravilhosa e sempre nos tratou como se fôssemos filhas dela, falo por mim e por minha irmã, nunca fui contra o relacionamento deles justamente porque entendi que ele merecia ser feliz novamente, e ela o faz bem.

No entanto, a Maya vive arrumando desculpas para evitar aproximação e não a culpo por isso, sei que minha mãe com toda certeza põe coisas na cabeça dela.

                                        ...

A Noora aceitou o convite de cara, inclusive me obrigou a me arrumar decentemente e ajudou a escolher a roupa. Ela sabe da minha boa relação com a Elena e concorda com meu pai que a Dona Verônica não precisa ser inimiga, já faz tantos anos que nem deveria ser motivo de raiva, ela deveria seguir a vida também.

Minha relação com minha mãe nunca foi das melhores, principalmente porque na cabeça dela se meu pai não foi um bom marido também não pode ser um bom pai, as frustrações dela também deveriam ser nossas. A verdade é que a tensão pré jantar mal me deixou ter neurônios capazes de raciocinar e minha melhor amiga me ajudou com tudo, incluindo dirigir nosso carro. Aliás se ainda estou viva, é porque ela está o tempo todo me mandando acalmar e respirar fundo a cada cinco minutos de apreensão.

— Será que elas já estão lá? To com medo, vão se matar! — Falei quase roendo as unhas e parei com o olhar fulminante que ela me mandou.

— Você me fez sair uma hora antes, do jeito que sua irmã é, duvido muito que já estejam lá. — Disse me confortando. —Agora para e respira se não quem vai morrer é você! Julie, seus pais são adultos e devem responder pelos seus atos sem responsabilizar você ou a Maya por isso. Caso aconteça algo, vou estar lá ok?

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