CAPÍTULO QUATRO

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Antes de Harry ser meu amigo, Caroline e eu éramos como unha e carne

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Antes de Harry ser meu amigo, Caroline e eu éramos como unha e carne. Nossos pais eram amigos e trabalhavam na mesma empresa à algum tempo, por isso em quase todos os finais de semana era lei Caroline Funck's estar em minha casa a partir das oito horas da manhã. E eu achava isso o máximo.

É sábado, e são quase nove horas da manhã. Na noite passada tive um sonho, foi mais como uma lembrança de infância que me atingiu com um tapa enquanto eu dormia.

Irônico como um simples sonho havia me feito pegar um táxi às sete da manhã com destino a Stone Bridge na Huron Street, só porque eu senti a necessidade de caminhar e pensar um pouco. E eu havia prometido a mim mesma não voltar a pôr meus pés aqui, eu queria fugir de todos os lugares que me fizessem lembrar de Harry Schofield.

Suspiro.

Nas memórias que guardo de Harry, eu nunca esqueci da primeira vez em que ele falou comigo (ou melhor, falou de mim), Caroline também estava lá, eu lembro bem. Ela era loirinha, magrinha e uma ótima companhia de brincadeiras.

É engraçado. Caroline já fez parte da minha vida, e hoje... bem, somos o que somos. Cada uma para o seu lado.

XXX

É verão. Mamãe estava regando as flores do nosso jardim e meu pai havia saído para trabalhar a pouco tempo. Temos novos vizinhos, a família Schofield havia acabado de mudar para a casa ao lado da minha, e eles tem um filho da mesma idade que eu, acho.

Caroline e eu estávamos brincando no jardim, mas como ela não sabia andar de bicicleta ficava um bom tempo sentada nos degraus da minha varanda enquanto eu descia a rua pedalando sob os olhares de minha mãe.

Na volta para casa eu vi Harry (o vizinho novo) e Caroline sentados na varanda.

— Quem é aquela? — Ele perguntou. Harry usava uma camisa branca de algodão, com algum desenho estampado que eu não enxergava direito dada a distância. Ele estava abraçando os joelhos, mas quando me aproximei Harry apontou para mim, na cara dura mesmo, e olhou para Caroline em seguida.

— Minha amiga — ouvi ela responder.

— Ela é gatinha.

E, não. Eu não vi isso acontecer como naquele lance de leitura labial, foi saindo em alto e bom som da boca de Harry, mesmo. E meu vizinho novo não havia trocado nenhuma palavra comigo.

Depois disso Harry deu um tchauzinho para Caroline e saiu correndo para sua casa, me lançando um rápido olhar envergonhado.

XXX

Eu nunca esqueci desse dia, e não importa quantas pessoas tenham passado em minha vida, nenhuma delas me marcou tanto quanto Harry.

Eu estava sentada na grama, as costas apoiadas no tronco de uma árvore, ao lado de uma mesa para piquenique de madeira. Na minha frente está a ponte de pedra, e o lago abaixo dela. A mesma ponte em que Harry me ensinou a cuspir.

A Última EstrelaWhere stories live. Discover now