CAPÍTULO DEZ

290 42 76
                                    

Minha suposta amizade com Caroline Funck’s começou estranha demais

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Minha suposta amizade com Caroline Funck’s começou estranha demais. Ainda não contei a Kim sobre esse pequeno detalhe, até porque não achei tão necessário assim, já que Caroline já estava quase com as malas prontas para ir embora.

No sábado eu fiz algo que jamais pensei em fazer outra vez na minha vida. Andei de bicicleta. Amarrei o cabelo em um rabo de cavalo no alto da cabeça, vesti uma calça capri, uma regata azul lisa, um casaquinho leve, e enfiei meus pés dentro dos tênis. E sai do quarto assim mesmo com o rosto limpo, nem o gloss labial que Kim fez questão de me dar no natal do ano passado usei.

E por fim, fiz meu pai retirar minha antiga bicicleta do sótão. Há anos não a uso, talvez eu nem saiba mais como pedalar meio metro à minha frente, mas a vontade de sair por ai e sentir o vento batendo no meu rosto foi maior.

E então eu me senti de volta aos meus sete anos, quando eu andava de bicicleta com Harry pela praça no nosso bairro, e lembrei-me automaticamente das nossas corridas, onde eu sempre tentava alcançar Harry para depois, no final ele me deixar ganhar. Agora eu não estou apostando corridas, e muito menos Harry Schoffield esta me acompanhando. Muito pelo contrário, quem está pedalando ao meu lado é Caroline Funck’s.

— Belinha — e o apelido ridículo não saia da boca de Caroline nem sob tortura, tive que relevar. — Escuta aqui, você acha que a Kim algum dia será minha amiga?

Parei de pedalar no mesmo instante assim que paramos em frente a uma locadora de vídeos.

Caroline, lamento em ter que lhe informar. Mas Kim não vai com a sua cara. O que ultimamente tenho achado birra demais. Caroline ainda é uma vaca, mas ela tem se mostrado ser uma vaca legal.

— Bom, dê tempo à ela, Caroline. — Eu disse.

Caroline tirou o óculos de sol ridiculamente caro demais para o meu gosto e o colocou no alto da cabeça, descendo da bicicleta. Ela usava uma regata de alcinhas azul e shorts jeans, nos pés apenas uma sandália de dedos com pedrarias.

Exibida. 

Desvio o olhar para a porta da lojinha e me deparo com uma senhora de idade, os cabelos brancos constratavam com os poucos fios pretos que ainda resistiam. Ela não era velha, longe disso, mas o tempo a maltratou e as rugas em seu rosto deixavam isso bem claro. Ela usava um xale de tricor amarelado que cobria-lhe os ombros, um vestido
verde musgo abaixo dos joelhos e sapatos gastos. A senhora trazia uma sacolinha em mãos. 

— Oh, olá menina — ela saudou-me, com um sorriso no rosto que se estendiam até seus olhos. — Faz tempo que não à vejo, criança. — Ela falou, lentamente. 

Bem, eu pensei em abrir a boca e perguntar de onde aquela mulher me conhecia. Mas quando dei por mim, uma lembrança me atingiu. 

Eu a conheço. 

Essa mulher é a mesma que leu minha mão em uma tarde chuvosa a três anos atrás, exatamente aqui nessa calçada. Desço da bicicleta incrédula com o que estou vendo e pisco algumas vezes para ter certeza de que não estou sonhando. E não estou. Ainda lembro exatamente de suas palavras.

A Última EstrelaWhere stories live. Discover now