CAPÍTULO VINTE E SEIS

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Tenho que comprar cenouras

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Tenho que comprar cenouras. Mamãe quer fazer bolo de cenoura quando voltar do trabalho e não temos mais cenouras na gaveta de verduras. Tinha uma lata de chocolate sobre o balcão da cozinha e eu já estava a encarando por tempo suficiente para querer perfura-la com os olhos.

— Essa lata não vai abrir com o poder da sua mente, Izza — disse mamãe, debochando de mim.

Ela está sentada ao meu lado no banco de pernas altas, tomando seu café. Essa manhã eu fiz as torradas e uma delas queimou. Mas em minha defesa Harry não tem falado comigo desde aquela noite que conversamos na varanda, e isso já faz dois dias. O que é estranho.

— Como sabe que quero abrir?

— Eu te conheço — ela disse. — Já anotou o que pedi?

— Já sim, mãe — digo e arranco a lista de compras do bloquinho de anotações.

São doze itens na lista. O primeiro deles é a cenoura, e o restante são uma caralhada de ingredientes, pois minha mãe cismou em querer treinar receitas novas até o dia de ação de graças.

— Bom dia — meu pai entra na cozinha se arrastando com a gravata jogada sobre os ombros, e sua pasta em mãos. Ele a colocou sobre o balcão e abriu a porta do armário.

Papai retirou de dentro uma xícara e se serviu com um pouco de café e leite.

— Bom dia, pai. — Falei.

Eu era a única que já havia tomado café da manhã, porque não consegui pregar os olhos direito desde a conversa que tive com Harry. Para ser bem sincera passei o restante da noite virando de um lado para o outro na cama e despertando de meia em meia hora com uma sensação diferente no peito. Eu não sei explicar o que acontecia comigo, mas a sensação era boa e me aquecia por dentro.

Agora eu só não fazia ideia de como iria convencer meus pais a me deixarem viajar sozinha com Harry, até porque eu nunca viajei sozinha com um cara antes.

— Bom dia, Izza. — Papai atravessa a cozinha e dá um beijo no topo da minha cabeça. — Estão prontas?

— Estamos — eu disse, guardando a lista de compras no bolso traseiro da minha calça jeans.

— Ótimo — disse ele, arrumando a gravata em seu devido lugar. — Eu espero não me xaropear no escritório hoje.

Xaropear é a palavra do dia, e a anoto mentalmente para procurar seu significado depois.

— Vamos? — chamou mamãe.

— Sim — respondo.

Vou fazer as compras em Waterloo, preciso conversar com Amanda e contar algumas ideias que tenho em mente para ajudar Harry a recuperar sua memória.

Eu sei que ele já está melhor, e a prova disso é que ele lembra da tal caixa que ganhou do pai. Agora ele só precisava de um empurrãozinho extra.

A Última EstrelaWhere stories live. Discover now