CAPÍTULO TRINTA E CINCO

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Naquele mesmo dia a tarde aconteceu um blackout, alguma árvore caiu próxima a minha rua, e prejudicou a fiação da Willow St e proximidades. Na minha cabeça eu imaginava que iriam ajeitar antes do meu encontro com Harry a noite, mas não foi bem assim que aconteceu.

Ah, meu Deus!

Olho para mamãe, como se pedisse uma luz do que eu deveria fazer, mas ela apenas meneou a cabeça dando-me o benefício da escolha.

Junto toda a vontade de vê-lo e decido ir.

Há um caminho no jardim de Harry indo em direção a estreita passagem entre nossas casas, indo até o quintal de trás, iluminados por velas.

Harry havia planejado tudo, mesmo sabendo que eu poderia não ir ao seu encontro. Não pude evitar em sorrir e meu coração bateu tão forte no peito que eu esqueci por um instante que deveria respirar.

Com passos lentos e o coração querendo sair pela boca percorro o caminho com o sorriso congelado no rosto.

No quintal da casa de Harry há uma toalha estendida sobre o chão e quatro velas dentro de copos estão uma em cada ponta da toalha, o quintal estaria completamente no escuro se não fosse as velas. Na toalha estão espalhadas quatro almofadas coloridas. As mesmas almofadas do sofá da mãe dele. Há uma cesta de piquenique ao lado, dois pratos brancos e duas taças de vidro.

Tem um telescópio na frente da toalha. E enfim, Harry, sentado na toalha de costas para mim, apreciando as estrelas.

Harry não percebe quando me aproximo. Sento-me ao seu lado e ele vira o corpo em minha direção.

Harry me brinda com um sorriso lindo, iluminado pela luz das velas. Suas covinhas aparecem e seus olhos se estreitam nos cantos.

- Pensei que não viesse.

- Porque eu viria? - Pergunto.

- Olha Isabella, levando em conta todos os acontecimentos pensei que estivesse com raiva de mim.

- Eu estava. - Confirmo.

- E o que te fez mudar de ideia?

- Harry, eu não consegui não vim. - Digo e é verdade.

Remexo-me na toalha e pego uma das almofadas e coloco sobre minhas pernas. Olho para Harry que me encara atento como se esperasse por algo.

- Harry - falei. - Eu não quero passar por tudo o que passei nos últimos anos outra vez, mas se estou aqui é porque não consegui matar o que sinto por você.

- Eu não sou mais aquele cara, Izza. Acredite.

- É tudo o que eu mais quero acreditar. ­ - murmuro.

- Lembra da vez em que te dei aquele colar? - Por impulso toco meu pescoço, eu não usava mais o colar. Balanço a cabeça para Harry, confirmando. - Foi quando eu falei que estava apaixonado.

- Harry, não vamos falar dessas coisas - peço.

- Desculpe, Isabella. Eu nunca estive realmente apaixonado pela Alice. Só queria saber sua reação, mas você foi tão dura naquela noite que pensei que não sentisse nada por mim e que não se importaria se eu saísse com outras garotas. Eu seu que errei feio, mas eu quero te mostrar que mesmo tendo sido um grande babaca e tenha complicado tudo eu sou completamente apaixonado por você, Isabella. Sei que tudo o que eu fiz até agora foi tomando atitudes babacas, egoístas e covardes, e eu não...

Harry parecia escolher bem as palavras antes de falar.

Ele continua:

- Há alguns anos atrás quando fui para a faculdade e a Alice se intrometeu novamente em nosso caminho, eu fui covarde, Izza. Fui covarde ao ponto de ter te feito mal por medo do que poderia acontecer. Preferi te deixar seguir outro caminho por não me achar suficientemente bom para você. Eu perdi muitas oportunidades de fazer tudo dar certo.

Harry suspira, olhando no fundo meus olhos.

- Hmmm... onde quer chegar, Harry?

Ele pega minha mão.

- Izza - Harry acariciou minha mão com a ponta dos dedos, mas não diz uma única palavra. Ele parecia me estudar. Harry expirou com força e continuou: - Eu nunca superei os altos e baixos que tivemos.

- Acha que nada do que vivemos valeu a pena? - pergunto, dispersa em meus pensamentos.

- Não. Não é isso. Se adiantar de alguma coisa, eu me apaixonei por você muito antes de ver você e aquela sua amiga louca entrarem na Nort Wester em pleno sábado para o curso de teatro. E eu não fui esperto o bastante para ver que você era a garota perfeita que eu tanto esperava e que nenhuma outra foi capaz de me fazer sentir o que sinto quando estou com você.

- Harry, eu não consigo te entender. Você brincou comigo e palavras bonitas não vão mudar isso.

- Eu sei - Harry passa as mãos pelo cabelo para tira-los da testa. - Palavras bonitas não mudam nada e nem curam nada. E sei o quanto te magoei, sei que demorei para tomar uma atitude e sei ainda mais o quanto estar sem você me faz sentir um vazio e eu espero que não seja tarde demais para tentar outra vez.

- Harry...

- Isabella, não precisa me dizer nada agora. Assumo meus erros e estou aqui disposto a respeitar sua decisão, seja ela qual for.

A Última EstrelaWo Geschichten leben. Entdecke jetzt