CAPÍTULO 2

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ANNIE

Havia acordado mais cedo do que o usual não por se tratar do meu primeiro dia de aula, mas sim por se tratar de meu último ano em um colégio completamente novo.

Mudar de escola justamente no último ano não estava nos meus planos, mas devido a alguns acontecimentos em Middle College High School, eu havia tomado essa decisão.

Certamente eu não teria um ano fácil na nova escola - Hamilton High School. A escola ficava do outro lado da cidade e as chances de eu conhecer alguém que estudava lá eram mínimas. Mas era reconfortante saber que eu teria minha melhor amiga, Sarah Cooper, comigo nessa nova jornada.

Depois de tomar um banho, vesti uma calça jeans justa um pouco rasgada, uma camiseta branca básica e calcei meu all star preto, colocando meu caderno e pertences dentro da minha mochila de couro. Deixei meus cabelos loiros soltos, que eram enrolados nas pontas naturalmente, destacando os tons mais claros das pontas dos tons mais escuros da raiz.

- Bom dia, Andy! – falei ao dar um beijo no meu irmão mais velho, que já estava sentado à mesa tomando o seu café da manhã –

- Bom dia, Annie! – o Andrew respondeu tirando os olhos do jornal que tinha em mãos rapidamente, apenas tempo o suficiente para me lançar um sorriso reconfortante – Quais as expectativas pro último ano de colégio?

- Sem expectativas. Quero apenas sobreviver a este último ano sem que o papai me obrigue a ir para Harvard no ano que vem. – ele me lançou um olhar engraçado – Sem ofensas, Sr. Me-Graduei-Em-Harvard-Como-Aluno-Destaque - ele riu -.

- Sabe, Harvard não é um lugar ruim, no final das contas. Se não fosse pela insistência do papai eu não teria ido, não teria me formado em direito e não teria conhecido o amor da minha vida. Eu meio que agradeço a ele por ter insistido em Harvard quando eu tinha sua idade.

- Realmente. Agora você me convenceu. – debochei, enchendo minha xícara com café –

- Não, sério! Veja, alguns anos depois, estou aqui, formado, trabalhando como advogado sênior com apenas 25 anos de idade e prestes a ficar noivo da Katherine. Harvard só me trouxe coisas boas.

- Precisamos conversar sobre seu conceito de "coisas boas", Andy. – eu brinquei e ele apertou minha bochecha para me irritar, como sempre fazia quando éramos crianças, o que me faz sorrir –

Estar perto do Andy sempre me faz sorrir. Sempre fomos amigos, desde crianças. O Andrew havia dedicado uma boa parte de sua vida se preocupando e cuidando de mim. Ele era o meu melhor amigo. Somente ele fazia eu me sentir em casa. Somente ele tinha o poder de transformar a mansão em que morávamos em um lar para mim.

Nossa sintonia era ímpar: ele sabia quando algo não ia bem para mim e vice-versa. Nossas semelhanças físicas seriam mais aparentes se não fosse pela nossa diferença de oito anos de idade: ele possuía cabelos loiros escuros, como os meus naturalmente eram, e olhos no mesmo tom de azul que eu. Era alto e atlético, apesar de não ser muito forte. Mas a melhor característica do Andy pra mim é que ele tinha uma voz perfeita: aquele tipo de voz que é capaz de acalmar qualquer tempestade.

- Por quê? – ele ri – Seu conceito é muito diferente do meu? Eu consigo imaginá-la perfeitamente em Harvard.

- Nem começa. Você parece tanto o papai às vezes que isso me irrita. – eu franzo o cenho –

- E você franze o cenho exatamente do jeito que a mamãe fazia. – ele me olha, sorrindo e mudando o tom da conversa – Vocês se parecem tanto fisicamente que às vezes esqueço que estou falando com você e não com ela. – eu sorrio, triste –

- Não gosto de falar disso. Sabe que eu gostaria tê-la conhecido mais do que tudo neste mundo. Ela parece perfeita nas suas descrições.

- Eu sei. – ele fala, se sentindo culpado – Me desculpe. Tenho poucas lembranças dela, e a maioria delas só é ativada quando olho para você, se isso te conforta – eu mordo um pedaço da torrada e lhe lanço um sorriso – Ela ficaria orgulhosa de ver a mulher que você está se tornando. - eu sorrio com afeto -

- Preciso ir. Vou chegar atrasada. – levanto com pressa e dou um beijo na bochecha dele, tentando encerrar logo aquela conversa -

- Te daria uma carona se você não fosse uma pirralha irritante. – ele brinca –

- Ou você poderia convencer o papai a me dar logo um carro, assim eu não precisaria todos os dias ir com você ou com o motorista dele. - grito já da porta de casa -

- Vai sonhando. – ele ri, enquanto saio de casa e entro no carro do motorista -

Proibida Pra MimWhere stories live. Discover now