CAPÍTULO 31

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ANNIE

Não demorou muito até que o meu aniversário chegasse. Era sábado de manhã e, assim que acordei, desci as escadas e encontrei o Andrew e o meu pai tomando café da manhã. Eu ainda estava meio sonolenta e vestia meus pijamas e minhas pantufas, mas pude perceber uma movimentação estranha no jardim.

Vi algumas luzes sendo instaladas, um grande aparato de som e uma equipe organizando o buffet. Aparentemente minha festa seria um pouco maior do que eu imaginava - e desejava - e eu devia isso ao meu pai.

- Bom dia, aniversariante. - o Andy largou o jornal que lia em cima da mesa e sorriu ao me ver -

- Bom dia. - sorri -

- Feliz aniversário, filha. - meu pai se levantou e me abraçou -

Eis um detalhe sobre os abraços do meu pai: eles costumavam me pegar totalmente desprevenida e me deixavam constrangida. Não era muito comum ele me abraçar e, quando ele o fazia, eu sentia um certo distanciamento e uma certa resistência da parte dele. Nessa ocasião - meu aniversário -, eu até que entendia o lado dele. Não devia ser fácil comemorar o aniversário de sua filha no mesmo dia em que sua mulher morreu.

- Obrigada, papai. - sorri, agradecendo pelas palavras dele que, provavelmente, seriam as únicas que eu ouviria ao longo do dia -

- Parabéns pelos seus dezoito anos, Annie. - ele se levantou e me acolheu num abraço reconfortante - Você foi o presente que eu mais quis e o que eu mais esperei. - ele falou, segurando meu rosto -

- Você não vai me fazer chorar, Andrew. - avisei, ligeiramente emocionada - Deixe sua habilidade com as palavras para o Tribunal e não a use contra mim. - ele riu -

- Só estou nostálgico. Lembro como se fosse hoje da minha expectativa e da minha ansiedade no dia em que você nasceu. Eu mal conseguia segurar você nos braços, mas lembro que você tinha uns poucos cabelos loiros na cabeça. - eu sorri, me sentando à mesa -

- Não se sente ainda. - o meu pai avisou, me pegando de surpresa - Precisamos te dar seu presente.

- Não posso tomar café da manhã antes? - pedi - Estou morrendo de fome!

- Pare de pensar em comida. Temos algo muito melhor esperando por você. - o Andrew falou, tapando meus olhos com uma das mãos e me guiando pela sala com a outra -

- Deve ser um presente e tanto. Só isso justifica todo esse suspense. - caçoei -

O Andrew continuou me guiando pela casa enquanto eu escutava os passos e a voz do meu pai logo ao meu lado. Alguns minutos depois, ouvi o barulho de uma porta se abrindo e desci algumas escadas com a ajuda do Andrew.

- Só faltam dois degraus. - ele avisou -

Quando finalmente chegamos no que eu presumia ser o solo, o Andrew e o meu pai fizeram uma pequena contagem regressiva, do três até o um, e o Andrew tirou as mãos dos meus olhos.

- Três, dois... um!

- É meu?! - questionei, esfregando os olhos logo depois de abri-los e constatar um carro preto com grande laço vermelho em cima -

- Sim. - meu pai respondeu esticando a mão com as chaves e rindo da minha reação -

- Eu não acredito! - pulei animada - Finalmente! Mas como? Por que você mudou de ideia sobre me dar um carro? - questionei eufórica. Eu nem conseguia formular uma frase sem dar alguns pulos de alegria -

- Você já sabe dirigir desde os dezesseis e acho que estava na hora. - meu pai respondeu -

- Até parece que foi fácil assim te convencer. - o Andy falou, dando um soquinho no ombro dele. Ambos riram -

- Muito obrigada, pai! Obrigada, Andy! - falei abraçando os dois juntos -

- Tenha cuidado. - meu pai avisou - Ou então pego sua bicicleta velha na garagem e você vai andar com ela pro resto da vida. - eu ri sozinha, subitamente me lembrando do Luke quando ele andava com a bicicleta da irmã dele -

- Terei cuidado, pai. - informei, sem conter a animação -

A noite  já havia caído e, na área da piscina, minha festa já estava pronta

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A noite já havia caído e, na área da piscina, minha festa já estava pronta. Da janela do meu quarto, observei que muitas flores decoravam o local, que estava predominantemente cor-de-rosa e branco. Claramente meu pai não me conhecia - a última cor que eu escolheria para a decoração do meu aniversário seria cor-de-rosa.

Algumas luzes estrategicamente penduradas davam ao local um ar chique, mas sem extravagâncias. As luzes de dentro da piscina se destacavam e deixavam a região ao redor dela azul, o que contrastava um pouco com as luzes de led amarelas penduradas sobre as mesas dos convidados. Sobre as referidas mesas, havia um pequeno menu impresso com as opções para o jantar, que seria servido mais tarde, além de talheres e taças cuidadosamente dispostos.

No centro do jardim, um DJ tocava animado algumas músicas dançantes, mas sem muita empolgação. Aparentemente meu pai pretendia matar seus convidados de tédio.

Um buffet havia sido contratado, e havia, perto da casa, uma grande mesa com variedades de pães, queijos, geléias, antepastos e camarões. As bebidas ficavam por conta dos garçons, que se revezavam e circulavam servindo taças de champanhes dourados e rosés.

Cadê a minha cerveja?! Eu sentia que a Elsa, do Frozen, havia vomitado no meu jardim. Aquela festa não parecia nada comigo.

Dei uma última checada no meu visual no espelho do quarto antes de descer. Meus cabelos estavam presos em um coque meio solto com tranças, e alguns fios caíam pelo meu colo. Eu usava uma maquiagem leve, apenas com um delineador, máscaras de cílios que deixavam meus cílios volumosos e, na boca, um batom vermelho escuro.

Vesti o vestido que havia comprado para a ocasião - azul claro, transpassado nas costas e justo no quadril. Escolhi calçar sandálias de tiras roxas, que contrastavam e conversavam com o azul céu do meu vestido.

Depois de dar duas borrifadas no meu perfume, chequei meu celular e vi que havia recebido algumas mensagens.

"Estou aqui embaixo e só conheço o seu pai e seu irmão! Se você não descer em cinco minutos eu subo ai e te empurro pela janela!" - Sarah Cooper.

Olhei entre as minhas cortinas e vi ela me encarando, furiosa. Eu acenei, sorrindo, e continuei lendo minhas mensagens antes de descer.

"Eu preciso usar uma gravata pra essa festa ou posso ir sem camisa?" - Luke Reed.

Eu gargalhei e continuei lendo.

"Oi, Annie! Me atrasei um pouco porque parei pra comprar o seu presente. Chego em instantes." - Tyler Hilfiger.

Proibida Pra MimWhere stories live. Discover now