Annie Thompson tinha apenas algumas certezas na vida. Uma delas é de que o amor verdadeiro existia, e outra era de que não queria ir para Harvard após a conclusão do seu último ano na escola. Luke Reed, por outro lado, tinha convicção de que o amor...
- Posso entrar? - pergunteio depois de bater na porta do quarto do Andrew -
Nossa relação não havia voltado ao normal e nós ainda estávamos brigados, mas depois dos últimos acontecimentos, e considerando que eu estava emocionalmente destruída, eu precisava do abraço do meu irmão.
- É claro. - ele me olhou com surpresa, largando o livro que lia em cima de sua cama de casal - Algo de errado? - questionou quando me sentei ao seu lado -
- Pergunte o que está certo se quiser uma resposta mais curta. - eu ri sem humor -
- O que houve, pequena?
- Eu sou uma idiota. - falei, me aninhando em seus braços compridos -
- Com isso eu concordo. - ele caçoou, me fazendo rir por alguns instantes - Quer conversar sobre algo? - questionou, enquanto fazia cafuné em meus cabelos -
- Só me abraça. - pedi, e ele me apertou num abraço de urso -
- Deixa eu adivinhar o motivo de tudo isso. Lucas Reed. - ele supôs -
- Não diga "eu avisei". - pedi -
- Não vou. - ele garantiu - Ei? - ele me chamou e eu olhei para ele - Me desculpe pela forma que agi com você. Você estava certa em ter ficado puta da vida comigo.
- Está tudo bem. - garanti - Já passou. Mas agradeço por você reconhecer isso.
- Continuo não achando o Luke o cara certo pra você. - ele prosseguiu - Mas não sou eu quem tem que achar nada e sim você. E se você o ama, é o que importa.
- Agora é meio tarde pra isso. - lamentei - Não estamos mais juntos.
- Aconteceu alguma coisa?
- É complicado, Andy. - desconversei -
- Sempre é. - ele garantiu -
- E se for... mais que complicado? - questionei - Sabe... inacreditavelmente complicado. - ele riu -
- Não tenho a resposta para todas as suas perguntas, Annie, mas posso te dizer uma coisa. - falou enquanto me olhava - Se não for complicado... provavelmente ele não é sua alma gêmea.
- Não sei se acredito nisso de alma gêmea. - informei - Nem sei mais se acredito no amor. O Luke não me ama, então por que devo acreditar nisso?
- A vida é engraçada às vezes. - ele me interrompeu - Pode ser barra pesada, como quando se apaixona por alguém mas esse alguém esquece de te amar de volta. Quando puxa o gatilho ou acende o fogo e não pode voltar atrás. Quando a sua namorada e seu melhor amigo te deixam sozinho, como eu estou hoje. - ele brincou, nos fazendo rir por alguns instantes -
- É tudo tão doloroso quando se trata do amor. - lamentei - Eu acho que sei tudo sobre o amor, mas sempre meto os pés pelas mãos. Sou uma completa idiota.
- De vez em quando as pessoas se superam, se tornando mais corajosas com elas mesmas. Às vezes, elas te surpreendem e te machucam como você nunca imaginaria que pudesse ser machucado. Mas se você tiver fé, e se tiver sorte... - ele fez uma pausa - Digo, se você for a pessoa mais sortuda desse planeta.. a pessoa que você ama decidirá te amar de volta.
Eu sorri, achando beleza nas palavras dele. O Andrew sempre sabia o que dizer - e por isso eu costumava brincar que ele tinha uma alma velha em um corpo novo.
- Como faço pra reconquistar a confiança de alguém? - questionei. Ele me olhou por alguns segundos enquanto pensava -
- Bom, não sou um expert no assunto, mas acho que o primeiro passo pra isso é reconquistar a confiança em si mesma. - ele garantiu -
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Decidida a colocar minha vida nos eixos, eu entrei no meu carro e comecei a dirigir.
O Andrew estava certo, eu precisava resolver alguns assuntos pendentes comigo mesma antes que pudesse tentar reconquistar a confiança e conquistar o amor de alguém. Era difícil pra mim admitir isso - mais difícil ainda fazer o que eu estava prestes a fazer, mas era necessário.
Algumas das dores que eu sentia eram decorrentes do meu passado e eu estava cansada de me sentir assim. Estava cansada de viver com medo, na sombra de fantasmas que me intimidavam. Precisava de um desfecho e não conseguiria isso parada, chorando pelos cantos.
Estava na hora de fazer algo por mim. E por mais que esse algo me assustasse, eu tinha convicção de que eu era maior do que aquilo.
🎶 Ding-Dong 🎶
Ouvi o som logo após apertar a campainha. Observei a maçaneta dourada da grande porta de madeira girar, e atrás dela, uma feição surpresa ao notar minha presença.
- Oi, Ethan. - falei com firmeza - Precisamos conversar.
