CAPÍTULO 6

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LUKE

Um pouco antes de a aula de biologia ser finalizada, fomos surpreendidos pela entrada do diretor do colégio, o Sr. Dean Harris, no laboratório. O Diretor Harris era um velho conhecido meu, considerando que eu estava repetindo o último ano e havia dado bastante trabalho para ele nos últimos anos.

- Bom dia. - ele falou, anunciando sua presença, e toda a atenção da classe se voltou para ele - Espero que estejam tendo um excelente início de ano letivo. - sorriu, tentando parecer simpático - Bem, vim aqui para comunica-los que no próximo final de semana realizaremos uma viagem para Palm Springs. Será uma ótima oportunidade para promover a integração de vocês, considerando que possuímos vários alunos novos este ano. - sorriu, satisfeito - Os representantes de sala já estão com os folhetos informativos e vão distribuí-los ao final da aula. O pacote inclui transporte, refeições, alojamento e passeios. As inscrições podem ser feitas até o início da semana que vem.

- Obrigado pelo recado, Diretor Harris. - o professor sorriu -

- Obrigado pelo seu tempo, professor. Lucas Reed, será que poderia trocar uma palavra com você? - falou, me olhando -

- Só se eu não tiver opção. - respondi, sendo franco -

- Pode vir até a minha sala? - insistiu, e eu me levantei e passei por ele, percorrendo o caminho já conhecido até sua sala -

- Gostaria de saber como estão as coisas. - questionou ao se sentar em sua grande cadeira de couro -

- Ótimas. Não poderiam estar melhores. - ironizei -

- Tenho recebido queixas de seus professores, Lucas. As mesmas queixas que costumava receber no ano passado.

- Bom, você sabem o que dizem... falem bem ou falem mal, mas falem de mim.

- Creio que o ano passado está se repetindo. Você não presta atenção nas aulas, só vive com fones de ouvidos e desrespeita as regras da escola o tempo todo.

- Poderia repetir? Não ouvi o que disse porque estava com os fones de ouvido. - ironizei -

- Sem brincadeiras, rapaz. É por causa desse tipo de atitude que você está repetindo o último ano.

- Honestamente, Diretor Harris, e eu te digo isso da forma mais respeitosa possível, eu não tenho o menor interesse em ficar ouvindo a quantidade de merda que sai da sua boca. - falei arrastando a cadeira e me levantando -

- Eu sei que você passou por momentos ruins no passado, Lucas. - ele falou e eu parei no momento em que ia girar a maçaneta para sair da sala - Mas isso foi há muitos anos. Você precisa seguir em frente. Precisa superar a morte de seu pai.

Meu sangue ferveu e minhas feições enrijeceram. Apertei as mãos com tanta força que ficaram sem circulação. Meu coração estava acelerado. Meu corpo estava enrijecido.

- Você não sabe de nada. - virei e me aproximei de sua mesa de madeira, enfrentando-o -

- Sei que você era um aluno promissor antes da morte do seu pai. Mas desde que ele se foi, você se tornou agressivo e revoltado, machucando  tudo e todos por onde passa. Sua mãe não merece isso, Lucas.

- Eu vou te dar um único recado e espero ser bastante claro, Diretor Harris. - apoiei meus braços na mesa, ficando na sua altura e olhando-o nos olhos - Nunca mais mencione minha mãe e muito menos o meu pai. - ameacei, próximo dele - Você não me conhece. Não conhece minha história. E não sabe do que eu sou capaz. - virei as costas e sai da sala -

Eu estava furioso. Como esse filho da puta se atrevia a se meter na minha vida dessa forma? Eu simplesmente não conseguia acreditar. Queria mata-lo. Minha vontade era de enforca-lo de uma forma lenta e dolorosa e assistir satisfeito enquanto o ar deixava de habitar seus pulmões. Que maldito! Sai marchando com passos largos pelos corredores em direção ao estacionamento, antes que fizesse alguma besteira. Estava com vontade de socar qualquer pessoa que aparecesse na minha frente.

ANNIE

- Então quer dizer que você fez o trabalho de biologia todo sozinha e ele ainda te tratou desse jeito? – A Sarah perguntou enquanto andávamos pelo corredor da escola após a aula – Inacreditável. Esse cara se acha!

- Argh. Ele é um completo babaca. Fico com raiva só de lembrar. Podemos mudar de assunto, por favor?

- Minha dupla com o Christopher foi ótima. Ele é super gentil e educado. Não entendo como ele pode ser amigo desse idiota. – ela falou – Inclusive ele mencionou uma boate que ele costuma frequentar. Me chamou para ir lá no sábado. Você topa ir comigo? Não quero chegar lá sozinha! – reclamou –

- É, pode ser... – falei distraída, quando vi o Lucas passando pelo outro lado do corretor, o que prendeu minha atenção – Ei, falo com você mais tarde, tá? – falei impulsivamente, me distanciando da Sarah – Preciso resolver umas coisas. – ela sorriu, se despedindo, e eu apressei o passo para alcançá-lo – Ei! – chamei, e ele sequer olhou para trás – Ei, eu estou falando com você! – gritei, conseguindo finalmente alcança-lo –

- Eu esperava que não estivesse. – ele me olhou, lançando mais um de seus comentários ríspidos. Parecia estar mais revoltado do que o normal. Engoli a seco e resolvi dar a outra face, tentando quebrar o gelo -

- Eu acho que a gente começou com o pé esquerdo. Digo, com toda aquela história na aula de literatura, com esse episódio da aula de biologia e tal. Eu me chamo Anastasia Thompson. – estendi a mão, esperando que ele apertasse e me cumprimentasse, mas ele não o fez –

- Anastasia? Que porra de nome é esse? Você por acaso é uma princesa russa perdida? – caçoou, mal humorado –

- Meus amigos me chamam de Annie. – informei –

- Eu não sou nem quero ser seu amigo. – ele avisou, me encarando –

- Por que você tem que ser sempre tão estúpido? Eu estou tentando resolver nossas diferenças mas você está complicando bastante as coisas! – praticamente gritei, irritada pela forma que ele vinha me tratatando –

Então ele me empurrou nos armários, criando um estrondo enorme oriundo do contato de minhas costas com o metal. Meus olhos se arregalaram de medo. Minha boca secou. Minhas pernas tremiam. Minha respiração estava irregular. Eu estava apavorada.

- Escuta, Anastasia - ele colocou um de seus braços ao lado da minha cabeça impacientemente, se aproximando e me encarando – Eu não quero o seu bem, eu não me importo com a sua felicidade e não desejo que você tenha uma longa vida. Não quero ser seu amigo, e acredite, você também não me quer por perto. – avisou, em um tom de ameaça - Me deixe em paz.

Então ele saiu andando e me deixou no mesmo lugar, estática e incrédula com a reação dele. Meu coração palpitava. Por um segundo, achei que ele poderia me bater ou fazer algo pior. Não o conhecia, então não sabia se ele seria capaz disso. Recuperei o ar e despertei do transe que a situação havia me colocado. Peguei meus livros que haviam caído no chão – e que eu sequer havia percebido – e continuei andando, esperando que a Sarah não estivesse muito longe dali.

Proibida Pra MimWhere stories live. Discover now