CAPÍTULO 65

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LUKE

- Vamos brincar de verdade ou desafio? - o Cobra sugeriu -

A noite de Hamptons tinha trazido muita chuva e vento, então estávamos todos dentro de casa, reunidos em um pequeno semi-círculo na grande sala de estar.

A mesa de centro estava repleta de copos vermelhos com restos de bebidas, e ao lado havia uma grande tijela de Doritos e outros tipos de snacks.

Eu havia mudado da cerveja para a vodka desde que havia anoitecido, e dividia um copo com a Stacy, que estava sentada no chão logo ao meu lado, com as suas longas pernas em cima do meu colo.

Todo mundo parecia tão feliz. Eu odiava aquilo.

Eu estava tentando agir o mais natural possível com ela, mas minha discussão com a Annie havia quebrado completamente o meu clima. Não estava bem-humorado, muito menos a fim de estar a ali - meu desejo era estar socando ou quebrando alguma coisa.

Logo na minha frente, ligeiramente à minha esquerda, a Annie estava sentada de pernas cruzadas, fuzilando-me com o olhar. Eu fazia questão de retribuir o olhar que ela me lançava na mesma intensidade e ódio.

Eu odiava aquela garota com todas as minhas forças.

- Vamos brincar de verdade ou desafio? - o Cobra sugeriu, virando o líquido de uma garrafa de vodka diretamente na boca -

Ouvimos alguns murmúrios e interjeições, o que demonstrava que as pessoas haviam aderido à sua idéia e gostado da sugestão.

- É, pode ser. - respondi subitamente, atraindo todos os olhares para mim - Vamos brincar de verdade ou desafio. Ou talvez só de desafio, já que as pessoas não contam mais a verdade. - falei sem tirar os olhos da Annie, apagando o cigarro que fumava numa lata de coca-cola logo à minha frente -

O clima pesou no mesmo instante, já que todos os presentes perceberam que aquela resposta era encoberta de uma grande carga emocional.

- Concordo. - ela disparou, quebrando o silêncio e me devolvendo o olhar - Vamos brincar de verdade ou desafio. Verdade: você me diz como se sente. Desafio: você me prova isso.

- Por que eu sempre tenho que te provar alguma coisa? - rebati -

- Calma, galera, foi só uma pergunta... - o Cobra caçoou, fazendo todos os presentes rirem -

Me desvencilhei do toque da Stacy e me levantei, deixando o local em passos firmes e largos. Eu não conseguia mais ficar no mesmo ambiente que ela - ela estava me deixando louco.

Subi até o meu quarto, peguei meus pertences espalhados pela poltrona e pela cama e enfiei todos de uma vez dentro da minha mochila. Do lado de fora, a chuva batia com força na janela de vidro e a ventania bagunçava os coqueiros e galhos de árvores, mas eu estava decidido a ir embora.

- Ei... - a Stacy falou, aparecendo na porta do quarto - Está tudo bem?

- Sim - eu respondi - Está tudo bem. Eu só preciso ir embora. - falei terminando de vestir minha jaqueta de couro -

- Agora? - ela questionou -

- Sim, agora. - informei -

- Está tarde e está chovendo, Luke. - ela pontuou - Não é seguro pegar a estrada assim.

- Vou ficar bem. - garanti - Você quer vir comigo?

Ela hesitou por alguns segundos antes de me responder, fitando o meu olhar.

- Sinto muito, Luke... - ela falou - Mas toda essa cena na sala, toda essa sua situação com a Annie... é muito drama pra mim.

Eu escutei, em silêncio.

- Digo... - ela continuou - Eu gostei de ficar com você, você é um cara incrível e acho que nos daríamos muito bem. Mas apenas acho que você não está pronto pra ficar com outra pessoa. Seu término parece ser recente isso parece afetar muito você. Não posso me submeter a isso. - explicou - Mas adoraria que fossemos bons amigos.

Ela sorriu.

Eu retribui o sorriso, sabendo que ela estava encoberta de razão.

Eu já havia nascido torto, mas a Annie havia me quebrado por dentro em mil pedacinhos, e eu ainda não estava - e talvez jamais estivesse - pronto para estar com alguém. Eu nem sabia se um dia estaria pronto pra ficar com ela, como, então, estaria pronto para ficar com outra garota?

- Você é uma garota incrível, Stacy. - falei com sinceridade, me aproximando dela - Espero que encontre um cara legal, que te faça feliz.

- Eu não preciso de um cara legal pra ser feliz. - ela respondeu com gentileza - Mas fico feliz em saber que você pensa assim de mim.

Eu sorri e a abracei, dando um beijo em sua testa.

Em seguida, coloquei minha mochila nas costas e desci as escadas, passando com pressa pelo jardim e dando a partida na minha moto, certo de que o que eu mais precisava, naquele momento, era do máximo de distância possível da Annie.

Proibida Pra MimOnde as histórias ganham vida. Descobre agora