Me conte, Sr. caixinha de surpresas

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O partir é doloroso. As suas curvas perfeitas se direcionam para longe de mim, me obrigando a tomar mais um gole do whiskey. Engulo e sinto o amargar da minha língua, quase tão amargo quanto a minha visão: O meu estupido e gostoso assistente parado próximo a cadeira dele, com um sorriso perfeito e profissional.

Está vendo como seu sorriso está congelando? Sua sobrancelha se franze de leve, porque ele não consegue acreditar no que ele está sugerindo de fato. Ele fica tenso e inseguro. Será que devia mandá-lo à merda? Será que devia apenas rir ou recusar educadamente
Enquanto isso se passa na cabeça de Izuku, All might ergue o dedo —consegue ver o lodo pingando dele? — e o passa devagar por seu braço.

E é isso. Saio do transe. E vejo tudo vermelho. Brilhante, neon, vermelho tecnicolor Já assistiu Às branquelas? Quando o garotão disfarçado apunhala o babaca que xingou a sua mulher? Espero que tenha visto, pois já pode imaginar o que o meu senso está me mandando fazer.

Eu me aproximo e entro na frente de Izuku.

– Toque nele mais uma vez e vou te jogar por aquela vidraça. Seus pedaços vão ser recolhidos na rua por vários dias.

Ele dá uma risadinha. Parecia um vilão de filme de terror.

– Acalme-se, filho.

Filho? Esse cara está mesmo falando sério?

— Sabe de uma coisa, Katsuki. Gosto de você.

Aí está uma ideia que muito me assusta.

— Preciso de um homem como você por perto — ele continua. — Alguém que não tenha medo de expressar sua opinião sincera. Pra me falar o que pensa de verdade. Parece que minha... exigência não será atendida. Mas vou assinar com vocês e com sua empresa, de qualquer jeito. O que acha disso?

Ele inclina sua cadeira e toma um gole de vinho. Está confiante de que eu vá esquecer tudo o que ele disse ou fez, só para eu poder colocar minhas mãos em seu poder colocar minhas mãos em seu dinheiro.

– Vou ter que recusar com um grande não, All might. Veja bem, temos uma política na empresa: não fazemos acordos com filhos da puta prepotentes tomadores de Viagra que tentam usar seu poder para coagir uns garotos por aí, com idade para serem seus filhos, a dormir com eles. Vá espalhar sua merda em outro lugar. Não vamos cair na sua.

Estamos nos encarando como dois lobos em alguma cena de crepúsculo, você sabe, quando o Edward e Jacob se encaram e você pode até ouvir um grito mudo no fundo.

— Pense com cuidado, filho. Você está cometendo um erro.

— Acho que o único erro que cometi foi perder meu tempo com você. Isso é algo que não pretendo fazer por mais nem um segundo. Fim de papo.

Em seguida, eu me viro para Izuku e digo, gentilmente:

– Vamos embora. Agora.

Com minha mão em suas costas, vamos até a chapelaria. Ajudo Izuku a vestir seu casaco. Apoio minhas mãos em seus ombros.

— Você está bem? — Pergunto eu.

Ele não olha para mim, mas sinto o seu corpo trêmulo.

— Estou bem.

Certo. Sabemos o que isso significa, não é?

Para muitos homens, seus carros são como uma mulher perfeita. Não torça o nariz, você sabe do que estou falando. Alguns deles montam quando querem, trocam o modelo por mais novos e sem muita reclamação na cabeça. Eu dirijo uma BMW M6. Não há muitas coisas neste mundo que amo, mas meu carro é uma delas. Eu o comprei depois que fechei meu primeiro acordo. É uma beleza. Meu amorzinho. Não que você saiba disso, mas estou dirigindo-o neste momento. É o modo de dirigir típico de um homem mal-humorado. Apertando com força o volante, dando viradas fortes, paradas bruscas, buzinando por qualquer bobagem. Não paro pra pensar como minha atitude pode estar sendo interpretado por Izuku, até que escuto sua voz vindo do banco do passageiro.

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