O cupido errou o coração e acertou meu saco

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Eu sempre me imaginei solteirão, sabe? Mas nunca sozinho, quero dizer, ao contrário do que muitas pessoas pensam, eu sempre quis ser pai. Sempre. Dado a esse a motivo iniciei um processo de adoção quando ainda estava solteiro. E vou te dizer, isso demora muito.

— Alô? — Atendo o telefone e ouço a voz de Shouto do outro lado da linha, Toga nos apresentou um tempo atrás e ele tem me ajudado com isso.

— Izuku, você conseguiria vir aqui hoje à tarde? Tenho uma notícia.

— Meu Deus! — Digo eu, tropeçando nos próprios pés, tentando manter a dignidade no meio da rua. É um pouco difícil quando se nasce abençoado com o dom do desastre.

[...]

Isso aí. Parabéns.

Foi o que Shouto me disse quando cheguei em sua sala. Aprovado. Os papéis estavam certos, tão certos quanto a minha vida toda errada. A adoção estava disponível para mim, quero dizer, se você é solteiro-Gay e quer adotar uma criança você precisa correr muito, mas não estou falando de homens bombados que maratonam seis horas por seu adorável tanquinho.

Não sabia se gritava, se corria ou se beijava o Shouto. Então dessas opções eu preferi somente abraçá-lo. Abraçá-lo forte. Gratidão, essa é a palavra certa.

Durante a semana toda precisei fazer exames: psicólogos, assistentes sociais e consultas intermináveis com um clínico geral, que jurava de dedinho que eu precisava engordar uns kilinhos.

Ganhar peso eu não garanto, mas um abraço apertado talvez sim. Katsuki, será que ficaria feliz? Bom, isso será uma supresa. Inventei algumas desculpas para ele, nada que vá matá-lo, garanto.

[...]

Se você tiver estômago fraco? É melhor não assistir a isso.

Não vai ser bonito.

Corro com toda animação possível e entro no apartamento. As luzes estão apagadas. Coloco as chaves na mesa e tiro o casaco. Acendo a luz, deixando a sala bem clara. E é quando vejo eles.

Katsuki está em pé no meio da sala, sua camisa está desabotoada, deixando mostra o peito por onde passei meus dedos milhões de vezes. A pele macia, bronzeada, que amo tocar. Ele está segurando uma garrafa quase vazia de Jac Daniel's com uma mão. A outra está escondida. Enterrada. Numa juba de cabelos ondulados morenos. Ela é completamente o oposto de mim. Cachos ruivos grossos, peitos do tamanho de melancias, siliconados. Ela é média, nem um pouco tão alta quanto ele, mesmo sem estar de saltos. Seus lábios são vermelhos e exuberante se, grossos o bastante para deixar Angelina Jolie com inveja. E aqueles lábios carnudos estão se movendo nos lábios do Katsuki.

Pessoas que beijam bem, muito bem, não usam apenas os lábios. Usam corpo todo, a língua, as mãos, o quadril. Katsuki beija bem. Mas nunca tive a oportunidade de observá-lo em ação. Nunca o vi beija alguém. Porque era eu quem sempre estava recebendo. Sendo beijado. Mas não é o que está acontecendo agora. Fico parado lá, apenas chocado. Observando. E, apesar de ficar assim por apenas alguns segundos, parece uma eternidade.

No inferno. Em seguida, Katsuki se afasta. Como se ele soubesse que eu estava lá durante todo aquele tempo, seus olhos encontram os meus imediatamente.

Eles estão fortes.

Cruéis.

Sua voz está tão fria, como o aço de um portão em uma tempestade de neve.

— Olha quem está em casa.

Muitas pessoas imaginam como reagiriam se pegassem seus namorados-maridos as traindo. O que diriam. Como seriam fortes. Iriam se honrar e ficariam indignadas. Mas quando isso realmente acontece? Quando você não está apenas imaginando? Essas emoções estão, peculiarmente, ausentes.

Obsessed Where stories live. Discover now