Espero que você sinta odio de mim, você sabe, dizem que é amor reprimido.

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Kirishima entra quieto na minha sala. Devo estar um desastre, pois seu rosto está gentil e cheio de simpatia.

— O Izuku e o Shinsou estão conversando, é?

Eu bufo.

— Isso tá escrito na minha testa?

Ele abre a boca, provavelmente para me falar que sim, mas fecha e começa de novo.

— Não, é que eu te conheço, Bakugou.

Eu aceno.

— Quer que eu dê uma volta? Pra tentar ver algo... ou escutar?

— Você acha que daria certo?

Ele ri e faz umas arminhas ridículas com as mãos.

— A CIA teria sorte em me contratar.

Eu aceno outra vez.

— Tudo bem. Sim. Faça isso, Kirishima. Veja o que está acontecendo.

Ele sai da sala. E volto a esperar, aflito. Passo a mão no cabelo até ficar parecendo que levei um choque. O que é quase o normal.

Alguns minutos depois, Ele volta.

— A porta está fechada, então não consegui ouvir nada, mas dei uma espiada pelo vidro. Eles estão sentados em frente à mesa dele, cara a cara. Ele está com as mãos na cabeça, enquanto o Izuku escuta. A mão do
Izuku está no joelho dele. Será que vão começar uma orgia aqui? Porque olha, eu posso chamar a polícia e dizer que são dois safados presos lá dentro. — brinca ele.

Ok. Ele está desabafando. E o Izuku está sendo compreensivo. Consigo aguentar isso, pois sei que depois ele vai acabar com ele, não vai? Ele vai mandar ele ir para o inferno. Que ele já superou, que encontrou alguém melhor. Certo?

Certo?

Meu Deus, apenas concorde comigo.

— Então, o que devo fazer?

Kirishima encolhe os ombros e percebe que a brincadeira não surgiu tanto efeito.

— Tudo o que pode fazer é esperar. Pra ver o que ele vai te falar quando eles terminarem.

Nunca fui bom em esperar. Não importa o quanto meus pais tenham tentado me ensinar.

Paciência pode ser uma virtude, mas não é uma das minhas.

Kirishima para na porta.

— Espero que dê tudo certo, Bakugou

— Vai se foder e cai fora!

Em seguida, ele sai, rindo. E eu espero. E penso. Penso na expressão facial de Izuku quando ele estava chorando em sua mesa. Lembro como ele entrou em pânico quando viu shinsou no bar.

Será que fui apenas aquilo para Ele? Uma distração? Um meio para atingir meu próprio fim?

Começo a surtar de novo. E a rezar. Para um Deus com quem não converso desde meus dez anos. Mas agora converso com ele.

Prometo e juro. Barganho e imploro— com todo fervor, posso até sair por aí gritando e pulando, como aquelas mulheres da universal fazem. É sério. Eu to preparado.

Depois que os noventa minutos mais longos da minha vida passam, a voz de Kirishima sussurra pelo interfone na minha mesa.

— Chegando! Chegando! izuku, nove horas. Repito. Nove horas. Câmbio.

O Kirishima realmente acha que é algum tipo de espião ou coisa parecida. Eu vou lembrá-lo de não gritar da próxima vez.

Corro até minha mesa, jogando canetas e clipes no chão. Empurro minha cadeira, abaixo meu cabelo e arrasto alguns papéis para parecer que estava trabalhando. Depois respiro fundo. Controle-se.

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