Calcinhas esvoaçantes no varal e pau ereto no quarto.

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— Não. Louco por causa de uma urticária que não quer me deixar em paz.

Eu hesito. Não consigo me controlar.

Penso: Caramba viu.

Izuku dá um passo em direção à minha mesa.

— Estou tentando trabalhar. Preciso me focar. E aí você coloca Huguinho, Zezinho e Luisinho do lado de fora da minha sala, tocando todas as músicas mais cafonas dos anos 1980 que já foram escritas!

— Cafonas? Sério? Nossa. Achava que você era uma daqueles garotos que adoram os anos 1980.

Bem, vivendo e aprendendo.

— Estou falando sério, Katsuki. Este é um local de trabalho, não é possível que eu seja a única pessoa se sentindo incomodado por este barulho.

Bom. Voltou a me chamar de "Katsuki". Progresso.

Com relação a incomodar o restante da equipe? Pensei nisso. Falei com a maioria das pessoas neste andar e lhes avisei sobre o entretenimento do dia. Eles não pareceram se importar.

— Estou falando sério também, Izuku. Você não devia estar trabalhando. Devia estar escutando. Eu mesmo escolhi estas músicas. É meu gesto supremo. Pra te mostrar como me sinto.

— Não ligo pra como você se sente!

— Nossa, isso foi cruel.

Ele cruza os braços e começa a bater o pé no chão.

— Sabe, não queria fazer isso, mas você me deixou sem outra opção. Claro que você é muito imaturo para lidar com isso como um adulto. Então, vou contar pro seu pai.

Certo.

Ele é quem vai contar para o papai sobre mim, mas eu que estou sendo imaturo.

Claro.

E eu já tinha pensado nisso também.

— Meu pai ficará na Califórnia durante as próximas duas semanas. Não estou muito preocupado com o que ele fará pelo telefone.

Ele abre a boca para recomeçar, mas continuo:

— Você podia tentar falar com o Sero. Mas ele está nas termas, naquele campo de golfe que, você sabe, cheio de tranquilidade e não querendo ser incomodado.

Ele se vira, mas minhas próximas palavras o fazem parar.

— Mas eu devia te avisar... ele tem uma queda por romance. Não ficaria esperançoso se fosse você. E ele é meu padrinho.

Ele me encara por um minuto. Está tentando pensar em uma réplica. Ainda bem que já tirei todos os objetos pesados da minha mesa.

Aqueles que ele deve querer jogar na minha cabeça neste exato momento.

— Você não pode fazer isso. Isso é assédio sexual.

Eu me levanto e me debruço na mesa.

— Então me processe.

Sua boca se abre para cuspir o que tenho certeza que seria um discurso inflamado. Mas eu o interrompo. E minha voz fica calma. Racional.

— Ou você pode não se dar ao trabalho e apenas sair comigo no sábado. Um encontro. Uma noite e tudo isso some do mapa. Depois, se você ainda não quiser ter algo comigo, te deixo em paz. Pela minha honra de escoteiro.

Tecnicamente, isso não é uma mentira. Já vimos que ser escoteiro não é meu estilo. Encontrar brechas, lembra?

Seu rosto se contorce em desgosto.

Obsessed Where stories live. Discover now