Se o inferno fosse o seu corpo, eu desceria de tobogã.

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— Vá pro inferno.

Eu sorrio maliciosamente, apesar de isso não ter graça.

— Já estive lá. A semana inteira.

Ele se inclina em sua cadeira, analisando-me.

— É verdade. Kirishima nos contou sobre sua doença misteriosa. — Cruzou os braços sobre o peito.

— Eu fiquei em casa porque...

Ele me interrompe:

— O passeio de táxi te cansou muito? Precisava de alguns dias pra se recuperar?

Eu nego, balançando a cabeça.

— O que eu disse naquele dia foi um erro.

Ele se levanta.

— Não. O único erro aqui foi o meu. De pensar que pudesse haver algo a mais com você. De me deixar acreditar que havia algo... bonito por baixo de todo aquele seu charme arrogante e sua atitude idiota. Eu estava errado. Você não tem nada por dentro. É vazio.

Lembra quando eu disse que Izuku e eu somos muito parecidos? Nós somos. E não apenas na cama ou no escritório. Ambos temos uma habilidade esquisita de dizer as palavras certas — para magoar. Encontrar aquele ponto fraco dentro de cada um de nós e detoná-lo, como uma maldita granada verbal.

— Izuku, eu...

Ele me corta, com uma voz apertada.

— Sabe, Bakugou, eu não sou burro. Não estava esperando um pedido de casamento. Sabia como você era. Mas, você parecia tão... e aquela noite no bar? O jeito que você me olhou. Eu pensei...

Sua voz se irrompe e eu quero me matar.

— ... pensei que eu significasse algo pra você.

Chego mais perto, querendo tocá-lo. Para voltar atrás. Para fazer tudo ficar bem.

— Você significava. Você significa.

Ele permanece inflexível.

— Certo. É por isso que você...

— Eu não fiz nada! — Interrompo — Não tinha encontro nenhum. Nenhuma saidinha de táxi. Izuku, foi tudo invenção. Era a minha mãe no telefone naquele dia, não Uraraka. Eu só disse aquelas coisas pra fazer você pensar que era ela.

Ele fica pálido e sei que acredita em mim.

— Por que... por que você faria isso?

Eu suspiro. Minha voz está fraca e tensa. Implorando para ele me compreender.

— Porque... estou apaixonado por você. Estou apaixonado por você há um bom tempo. Não sabia disso até a noite de domingo. E, depois, quando o Shinsou apareceu aqui... pensei que tivesse voltado com ele. E isso acabou comigo. Me machucou tanto que eu queria que você se... sentisse tão mal quanto eu me senti.

Não foi o meu melhor momento, né? Sim, eu sei: sou um idiota. Acredite em mim, eu sei.

— Aí eu disse aquelas coisas de propósito, pra você pensar que não significava nada pra mim. Que era só outra trepada. Mas você não é, Izuku. Você é diferente de qualquer pessoa que já conheci. Quero ficar com você... quero muito ficar com você. Só com você. Nunca senti isso por outra pessoa. Sei que estou parecendo um clichê, mas é a verdade. Quando estou com você, quero conquistar coisas que nunca quis antes.

Ele não diz nada. Apenas me encara. Não aguento mais. Coloco minhas mãos em seus ombros, em seus braços. Somente para senti-lo.

Ele se contrai, mas não se afasta. Coloco minhas mãos em seu rosto. Meu polegar passa por suas bochechas e por seus lábios.

Obsessed Where stories live. Discover now