Cap 9

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Pov’s Autora

Lauren voltou ao trabalho. Ela ainda teria que ficar até a noite. Sua vida não era nada fácil, trabalhava muito e ganhava pouco, quase insuficiente para seu próprio sustento. Mas aqueles minutos que passou com Allyson e Normani a fizeram sentir-se melhor. Era confortável estar com aquelas duas. Mas seu coração não tinha esperanças de reencontrá-las. Aquela havia sido apenas uma feliz coincidência.
Pelo menos era o que ela achava...
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  Pov's Lauren

Saí do trabalho e já passava das 22hs, meu corpo estava muito cansado e minha mente mais ainda. Ao chegar em casa precisei de um banho para relaxar e em seguida já estava na cama. Não sentia vontade de fazer nada. A TV não me animava em absoluto. Suspirei pesadamente. Talvez eu estivesse sendo uma louca exagerada e Camila simplesmente apareceria no dia seguinte com seu lindo e largo sorriso e seu ar autoritário.

A noite demorou a passar e tive um sono agitado e nada revigorante.
Mas enfim chegou o dia seguinte. E com ele novas esperanças de vê-la outra vez. A manhã se arrastou torturantemente e por fim acabei indo almoçar 1h antes do normal. Mas não importava, eu esperaria um pouco a mais sem problemas, em casa seria pior.

Chegando lá, me sentei junto ao balcão e pedi um refrigerante.

Dinah veio me atender e conversamos um pouco. Ela era minha única e melhor amiga. A única pessoa, salvo Camila, que sabia sobre minha intersexualidade. Era como uma irmã mais velha. Cuidava sempre de mim desde que me mudei.
Eu morava em Nova York com meus pais. Mas eles nunca gostaram muito de mim. Quando fiz 18 me expulsaram de casa e disseram que já fizeram sua obrigação. Lembro de minha mãe gritar pra eu ir embora e dizer “peço perdão a Deus todo dia por ter colocado uma aberração como você no mundo”.
Quando mais nova as vezes sem me controlar acabava falando errado na frente deles, sempre gritavam e me chamavam de retardada mandando falar direito.
A gota d’água foi quando comprei um chupeta escondida. E eu dormi com ela sem perceber. Quando meu pai viu me bateu tanto que eu mal conseguia andar. Não entendia porque algo que me fez sentir tão bem o incomodou tanto. Mas simplesmente não podia fazer nada, joguei o objeto fora e jurei a mim mesma que jamais voltaria a fazer algo tão idiota.
Aí me forcei a nunca mais deixar esse meu lado ser visto por ninguém. Estava empenhada nisso até Camila aparecer e fazer tudo voltar a tona. E Normani também me despertou isso, talvez porque ela já tinha Allyson e isso me fez sentir segura, sabia que estava livre de julgamentos com ela.

Respirei fundo. Perdida em meus devaneios o tempo já havia passado. Já estava na hora de Camila chegar. A ansiedade estava a toda. Eu balançava meus pés freneticamente no banco que era alto demais pra mim.
Mas os minutos foram passando e nada dela aparecer. Logo chegou a hora de ir embora e meu coração parecia apertado demais. Me despedi de Dinah e pude ver seu olhar de pena. Segurei o choro o quanto pude e voltei para casa.

E assim se passou 1 semana. Eu só conseguia pensar que seria melhor nunca ter deixado que ela se aproximasse, assim pelo menos eu ainda poderia vê-la. Os dias se arrastavam e meu coração não se curava.

Era sábado e eu estava no trabalho quando vi Normani e Allyson chegando.

- Oiii, Lolo. – a menor gritou animada.

Retribuí com um sorriso e a cumprimentei recebendo um abraço em seguida. A morena também me abraçou.

- Viemos trazer esse rapazinho para a consulta. – apontou o pequeno cão que as acompanhava.
- O nome dele é Bean. – a loirinha informou.
- Oh, que legal. Ele parece melhor, isso é bom. – observei.
- Sim ele já está bem melhor. E você, como está, meu anjo? - Normani perguntou com sua expressão preocupada.

- Estou bem. – menti com um sorriso.

Ela não pareceu acreditar muito.

- Allyson não parou de falar em você a semana toda. – sorriu – Sabe, eu acho que vocês deveriam se conhecer melhor. Que tal se vier jantar conosco hoje?!

- Eu adoraria e agradeço seu convite. Mas saio daqui muito tarde. Geralmente as 22hs ou mais, se houver algum imprevisto. – recusei educadamente.

- Ah isso é uma pena. Adoraríamos tê-la conosco. Mas estou certa que outras oportunidades virão.

Nessa hora Dr. Tyrone apareceu e as duas tiveram que entrar.  Eu voltei ao trabalho. Havia muito o que fazer.

No fim de mais um exaustivo dia, já passava das 23hs. Eu havia feito hora extra. Saí cautelosa, àquela hora as ruas já não eram tão seguras e movimentadas.  Mesmo assim me armei de coragem e desci até o ponto de ônibus.

Após cinco minutos vejo um carro se aproximar e parar bem a minha frente. Fiquei apreensiva e mais ainda quando o vidro foi abaixado e pude ver três homens me olhando maliciosamente.

- Oi, princesa, vamos dar uma volta? – não respondi e eles se irritaram um pouco. Já estava ficando apavorada quando vejo outro carro parar atrás.

Normani colocou a cara pra fora do veículo e gritou meu nome.
Não esperei ela mandar. Corri até lá e entrei no carro. Os homens aceleraram e sumiram em um piscar de olhos.

Eu estava apreensiva.

- Eles fizeram algo com você? Me olhou como se examinasse cada parte do meu corpo a procura de um ferimento.
- Não, obrigada, você chegou bem a tempo. Mas não se preocupe, agora que já se foram posso esperar o ônibus. – tentei parecer corajosa mas estava verdadeiramente apavorada de pensar que poderiam voltar.
- Nem em sonhos eu te deixaria aqui sozinha de novo. Algo me disse que eu deveria vir até seu trabalho pra ver se você já havia saído. Estava indo embora quando vi você aqui.
- Obrigada!
- Não há o que agradecer, querida, estou feliz por você estar bem. Agora, vamos, me diga onde mora.

O caminho foi percorrido em meio a uma conversa animada. Ela era incrível! Engraçada e gentil. Senti que estava conquistando uma amiga para a vida. Como eu trabalhava até tarde todo dia, pedi que ela fosse até o restaurante onde eu almoçava sempre para nos vermos e almoçarmos juntas. Eu, ela e é claro, a pequena Allyson.

Combinamos de nos ver no dia seguinte e ela foi embora depois de me dar um beijo na testa e desejar boa noite.

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