✧twenty five

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Louis acordou no meio da noite desnorteado, sentou na cama enorme coçando o olho e franzindo o cenho quando viu a porta da varanda aberta deixando um vento forte entrar dentro do quarto.

Caminhou até o local com cuidado para não fazer muito barulho, entrando na varanda e encontrando Harry sentado no sofá apenas de boxers brancas encarando o céu escuro a sua frente parecendo pensativo.

– Que horas são? – A voz de Tomlinson tirou o garoto de seus devaneios, que o encarou em seguida se surpreendendo ao vê-lo apenas com uma blusa sua cobrindo até metade de suas coxas.

– Três da manhã. – Ele disse mordendo o lábio inferior em seguida e voltando a olhar Louis nos olhos. – Você está... – Deixou um sorriso pequeno escapar, balançando a cabeça negativamente e reformulando a frase. – Tudo fica lindo em você.

E Louis corou. Já estava acostumado a ouvir os elogios de Styles, mas aquele especialmente o fez corar. Achava que era por causa da situação que estavam, tudo ali parecia frágil demais. Os dois naquela varanda, o vento bagunçando os seus cabelos, o barulho das ondas de fundo, o ambiente escuro, iluminado apenas pela lua. Harry esparramado no sofá apenas de boxers, o encarando daquele jeito que só ele sabia fazer: olhos brilhando e um sorriso discreto no canto da boca. Tudo parecia perfeito naquele momento.

O garoto de olhos azuis sentou na outra ponta do sofá, um pouco afastado do jogador e para evitar encara-lo, focou o olhar no mar a sua frente. Os dois calados por minutos sem dizer uma palavra, apenas aproveitando a companhia um do outro. Mas Harry sempre tinha algo a dizer.

– Minha irmã Gemma me ligou hoje de Nova York chorando assim que eu saí do campo depois do jogo do Tigers. Ela disse que nossos pais ligaram e convenceram ela a jantar com eles pra conversar. Foi a primeira vez que eles se viram depois de anos. – Ele começou a falar com a voz rouca, respirando fundo e balançando a cabeça tentando se concentrar, com o cenho franzido. – Enfim, parece que no começo estava tudo indo na medida do possível até que eles entraram em um discursão e... Eu não sei direito o que aconteceu, ela não conseguiu me dizer. Ela estava chorando muito, disse algo sobre eles terem humilhado ela e me perguntou "por que eles não me amam, Harry?". – Riu sem humor algum, com os olhos vermelhos e brilhantes, engolindo em seco em seguida. – Eu não sabia o que fazer, Louis. Eu nunca vi Gemma chorar, ela nunca falou daquele jeito sobre os nossos pais e o pior de tudo, eu sabia a resposta daquela pergunta. Então, como o irmão de merda que eu sou, eu disse que estava ocupado e que ligava pra ela amanhã. Desliguei a ligação sem esperar uma resposta e fiz o que Anne nos ensinou de melhor: fingi. Fingi que estava tudo bem, fingi que nada tinha acontecido, fingi que não tinha nada de errado com a nossa família. – Virou o rosto para encarar Louis e suspirou mais uma vez, tomando coragem antes de falar: – Mas eu não consigo fingir pra mim mesmo. Eu sei porque o meus pais não amam a minha irmã. Eles não a amam por minha causa.

E aquilo foi tudo o que Harry Styles precisava para se abrir de uma vez por todas e falar pela primeira vez a sua história para alguém.

Anne e Des sempre quiseram ter só um filho. O plano era vir um menino pra herdar as empresas, então quando Gemma nasceu foi meio que uma frustração pra eles. Uma vez ela me disse que eles até gostavam dela. Faziam tudo o que ela queria, todos os desejos, todas as vontades. Ela não era o que eles queriam, mas também não era tão ruim assim... até que a minha mãe engravidou de novo. Finalmente um homem, o herdeiro que eles tanto sonhavam.

A partir daquele momento, eles só davam atenção a mim. Tudo era eu, eu, eu. Gemma foi deixada de lado e eles passaram a fazer todos os meus gostos e tudo o que eu queria. Eu fui escolhido para ser o filho preferido pelo simples fato de ter nascido homem.

The Hamptons ✧ l.s.Where stories live. Discover now