Capitulo 7

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Pov Caroline

- Sombras, Alaric? Há sombras rondando a escola há dias e você só vem me contar agora?

Eu perguntei sem a menor paciência. Alaric às vezes toma decisões sem a minha participação. Ver sombras que com certeza escondem algo perigoso e não falar nada sobre isso pra mim, é um absurdo. Estávamos no meu escritório e Alaric tentava se explicar.

- Caroline, eu não tinha nada pra te contar! Eu mesmo não acreditei em meus olhos, só ficou evidente há uns dois dias. Você mesma não notou nada? Você vive aqui. Às vezes você passa mais tempo do que eu aqui dentro!

Ele tinha razão. Eu passo em torno de 10 horas por dia nessa escola, controlo cada cantinho dela, mas mesmo assim algumas coisas fogem do meu controle. E eu não lembro de ter notado nada de diferente em torno da escola.

- Alaric, eu realmente não lembro de ter visto nada. Mas sempre que estou aqui, passo minhas horas estudando documentos e projetos que se acumulam em minha mesa, sem contar os vários momentos em que preciso pesquisar algo na internet. Então talvez eu não tenha prestado atenção ao que acontece fora da escola por alguns momentos. Eu também ando muito pelo espaço da escola, verificando se está tudo em ordem, mas eu realmente nunca vi nada parecido com sombra.

- Ok, e quando vamos de fato começar a resolver esse problema, antes mesmo que ele se torne um problema de verdade?

Dei um pulo de susto quando Klaus resolveu falar. Ele estava sentado num canto do escritório com uma cara de poucos amigos e mergulhado num silêncio que parecia que ele não estava ali.

- Não temos muito o que fazer além de pesquisar nas obras que temos aqui e na internet, porque eu nunca vi nada parecido antes.

Respondeu Alaric, enquanto procurava livros na estante que pudessem nos esclarecer, nem que fosse só um pouco.

- Enquanto isso, posso pedir às meninas que façam um feitiço de proteção em torno da Escola.

Eu disse isso porque não havia muito mesmo o que fazer naquele momento. E se falta informação, pelo menos proteção nós podemos ter. Nesse momento, senti falta da Bonnie. Uma das minhas melhores amigas com certeza estaria ali, pronta pra me ajudar. Mas ela está viajando e eu não vou preocupá-la.

- E vocês acreditam mesmo que isso não vai atingi-las de alguma forma?

Klaus perguntou com sua impaciência e desconfiança evidentes.

- Bem, Bonnie está viajando...

Eu respondi e Klaus me olhou, notando toda a insegurança na minha voz. Ele se levantou e se aproximou de mim, irritado.

- Caroline, você está me dizendo que nesse tempo todo lidando com bruxos e outros sobrenaturais, apenas Bonnie é confiável? E agora ela não está aqui e vocês não tem a quem pedir ajuda, é isso mesmo?

- Fique calmo, Klaus, nossas filhas podem fazer isso! Você fala como se não fôssemos pais de três bruxas poderosas! Por favor! Você ficar nervoso e neurótico com certeza não vai nos ajudar em nada!

Eu respondi com firmeza. Não vou me deixar levar pelo nervosismo dele. Eu mesma preciso manter a calma. Não temos ideia de com o que ou com quem estamos lidando. Enquanto Alaric formava uma pilha de livros enorme sobre a mesinha de canto do escritório, Klaus pegou o celular e ligou pra alguém.

- Freya? Preciso da sua ajuda. Preciso que venha a Mystic Falls o mais rápido possível.

A conversa entre eles continuou, Klaus deu um resumo da situação e deu pra ouvir Freya um pouco relutante, mas ela acabou cedendo. Klaus se despediu e desligou.

- Freya vai nos ajudar.

- Ok, Klaus, toda a ajuda é bem vinda, mas ainda acho que só as nossas filhas dariam conta de um simples feitiço de proteção.

Ele me olhou de um jeito que parecia que eu tinha dito a coisa mais idiota do mundo.

- Caroline, nada pode ser tratado de forma simples aqui enquanto não soubermos qual é o significado disso. E eu não vou permitir que Hope se envolva em algo desconhecido, nós acabamos de nos livrar da Hollow, com certeza não quero entrar em outro pesadelo igual aquele!

Eu olhei em seus olhos e vi uma preocupação enorme e muito medo de perder o controle da situação novamente. Klaus não queria passar por mais uma tragédia. Me aproximei um pouco mais dele, segurei suas mãos com delicadeza e olhei em seus olhos, tentando transmitir a maior calma e segurança possíveis.

- Vai ficar tudo bem, Klaus.

Falei baixinho e beijei sua boca delicadamente e ele se deixou levar pelo meu toque, enquanto soltava minha mãos e pegava na minha cintura, me puxando mais pra ele e aprofundando o beijo, mantendo o ritmo lento.

- HUM-HUM...

Alaric pigarreou e só aí me dei conta que toda essa cena teve ele como testemunha. Nos soltamos no mesmo segundo e eu olhei envergonhada pra um Alaric claramente incomodado com a cena e um Klaus mais irritado ainda.

Pov Klaus

Eu não estou conseguindo entender essa calma da Caroline. Desde quando é normal sombras rondando lugares? É óbvio que se trata de algo muito perigoso e com certeza incontrolável. E eu já estou ficando bem irritado com esse cuidado e essa racionalidade toda com que Caroline e Alaric estão lidando com a situação. Pedi ajuda a Freya, porque eu não posso suportar a ideia de três meninas se envolverem com isso sem saber de fato do que se trata, estando completamente vulneráveis. Até Alaric conseguir alguma informação pode levar dias, não dá pra confiar em tudo o que se vê na internet e são muitos livros pra pesquisar.

Quando Caroline viu o quanto eu estava nervoso, se aproximou de mim e segurou minhas mãos. Vi compreensão em seu olhar e soube ali, naquele momento, que eu nunca mais estarei sozinho caso enfrente algo parecido com a Hollow novamente. E quando ela me beijou, foi como se uma brisa leve me envolvesse, trazendo um pouquinho de paz. Ela tem esse poder sobre mim. Não foi a primeira vez que ela me acalmou diante do pior cenário envolvendo minha filha. Ela esteve ali quando precisei, segurando minha mão e me dando força, num momento em que eu estava praticamente sozinho, com Hayley desaparecida e Elijah sem memória. Depois da morte da Hayley, em que me encontrei ainda mais sozinho, ela ainda estava ali e quando perdi meu irmão, ela continuou ali.

Alaric pigarreou, interrompendo nosso beijo, honestamente ele conseguiu acabar com a única coisa realmente boa que tinha me acontecido hoje. A noite de ontem foi perfeita, só eu e ela, nada impediu que aproveitássemos cada momento juntos. Mas hoje, logo cedo, a ligação de Alaric com essa notícia me tirou toda a paz e tranquilidade que vivi com Caroline. Um perigo desconhecido ronda a escola onde minha filha estuda e mora a maior parte do ano. Não há como me acalmar diante desse cenário.

- Vou conversar com Lizzie, Josie e Hope, explicar a situação e pedir ajuda a elas.

Disse Caroline, decidida em seu próximo passo.

- Tudo bem, converse com elas. Apenas deixe Freya chegar primeiro, antes delas lançarem o feitiço de proteção, porque se acontecer alguma cois...

- Klaus, qual é o seu problema????

Interrompeu Caroline, agora sem a menor paciência.

- É apenas um feitiço de proteção, elas têm capacidade pra fazerem muito mais que isso e você sabe! Nós temos consciência que algo ronda nossa escola e não vamos fazer nada? Não é com um simples feitiço que você tem que se preocupar!

Ela estava vermelha e com as veias debaixo dos olhos ficando visíveis quando disse isso, até Alaric notou que ela se controlava pra não explodir. Caroline estava irritada com meu excesso de proteção, mas no fundo eu sei que também estava com medo do que poderia acontecer. Mas, mesmo sem querer, tive que concordar com ela. As filhas dela são muito jovens, mas são tão poderosas que conseguiram passar a Hollow para o meu corpo, como eu pedi, algo difícil e arriscado de se fazer sem ser atingido também. Hope é extremamente poderosa e foi exatamente por isso que a Hollow esteve em seu corpo, pra sugar todo seu poder. Justamente por tudo o que passamos, meu instinto louco de proteção que costumo ter quando perco o controle da situação, está falando mais alto. Mas, assim como ela teve extrema confiança ao permitir que suas filhas colocassem a Hollow em mim, mesmo sabendo que elas corriam risco, hoje eu preciso ter a mesma confiança nela.


Pov Caroline

Eu estou com medo. Mas não posso demonstrar isso pra ninguém. Klaus está sensível e doido pra cometer um crime, mesmo sem saber contra quem. Alaric está nervoso pelo risco que nossas filhas estão correndo. E as meninas precisam se sentir seguras pra conseguirem lançar o feitiço de proteção. Preciso passar segurança, coragem e calma pra todos. E quem vai passar pra mim?

Reuni as meninas no quarto da Hope e conversei com elas. Dei todos os detalhes que eu sabia, ou seja, quase nada. Mesmo assim me pareceu que elas se interessaram em fazer o que era pra ser feito. Elas não tiveram medo. Apenas instinto de cuidado e autopreservação. Elas sabiam que lidariam com o desconhecido e ficariam vulneráveis, correndo o risco de serem atacadas durante o ritual, mas não se importaram. Essas meninas são corajosas e inteligentes demais pra própria segurança delas. Lizzie e Josie foram buscar os livros necessários no quarto delas e Hope começou a juntar umas ervas e potes pra derramar sangue ou algo do tipo. Viverei eternamente e nunca aprenderei sobre os detalhes de como se faz qualquer feitiço, mesmo tendo duas filhas bruxas. Lizzie e Josie voltaram com os livros e começaram o ritual no quarto da Hope. Saí de lá pra não atrapalhar elas e voltei pro escritório. De longe, já dava pra escutar uma discussão entre Alaric e Klaus.

- Vocês precisam ser mais ágeis, Alaric! Nossas filhas estão correndo perigo!

- Nós já estamos fazendo tudo o que está ao nosso alcance, Klaus! Eu estou pesquisando, Caroline está conversando com as meninas, sua irmã está vindo pra cá e você está sendo um completo inútil nesse exato momento, que não faz outra coisa além de reclamar!!!

Os dois alterando a voz cada vez mais. Ótimo. E ainda por cima a porta do escritório estava aberta. Daqui a pouco os alunos vão ouvir.

- Mas o que está acontecendo aqui???

Perguntei bastante irritada, mas num tom um pouco mais baixo, enquanto trancava a porta. Klaus se aproximou, demonstrando total impaciência.

- Alaric não está conseguindo achar informação nenhuma. Eu tentei ajudar, consultando alguns dos livros, mas nós acabamos de ver uma sombra pela janela, passando do lado de fora. A sensação que tive quando vi foi a mais angustiante possível, Caroline! Imagina se essa maldita coisa consegue entrar aqui!!!

Klaus demonstrava impaciência e desespero. Agora estou mais preocupada ainda! Já se passaram algumas horas desde quando chegamos na Escola, deu tempo de Alaric conseguir alguma informação mínima que fosse. Ninguém sabe de onde surgiram ou o que são, mas as sombras existem e estão aqui nesse exato momento.

- As meninas estão fazendo o feitiço no quarto da Hope. Mas é estranho, eu ainda não vi nada. Também me chamou a atenção o fato de que Lizzie e Josie não viram também. Mas Hope sim.

Klaus olhava pra mim com uma expressão bastante assustada.

- Ela disse ter visto há uns dois dias e lembra de ter sentido uma angústia, mas que não deu atenção e não achou que a presença da sombra tinha algo a ver com a tristeza que sentia. Ela, na verdade, nem acreditou que tinha visto um vulto, achou que foi impressão dela. E afirmou que, quando percebeu a presença da sombra, sua atenção foi desviada pra outra coisa no mesmo momento. Então ela deixou pra lá.

Alaric desistiu de pesquisar no computador e começou a folhear uns livros antigos. Mas sua expressão também era de preocupação e curiosidade. Por que será que só algumas pessoas conseguem ver essas sombras e outras não?

Precisávamos de respostas!

Pov Klaus

Eu pretendia passar os próximos dias dentro daquela Escola se fosse necessário. Vou proteger a minha filha de tudo e de todos. Principalmente quando o perigo que nos ronda é desconhecido. Enquanto Freya não chegava, tive que sair de perto de todo mundo e me isolar um pouco, porque minha paciência já tinha se esvaído e começou a me dar vontade de matar alguém. Falei com Hope, me certifiquei que ela estava bem e fiquei do lado de fora. Felizmente o feitiço de proteção funcionou e as sombras que aparecessem a partir de agora não conseguiriam ultrapassar e nem rodear mais a casa. O feitiço que as meninas fizeram gerou uma espécie de bolha em torno da escola e de todo o espaço usado pelos alunos do lado de fora. Isso poderia me tranquilizar se eu não tivesse visto uma das sombras e não tivesse sentido uma angústia tão profunda.

Esperei Freya na entrada, ela chegou durante a tarde em Mystic Falls e foi direto pra Escola.

- Espero que não tenha acontecido mais nada além do que você me contou.

Disse Freya, trazendo uma bolsa grande, após soltá-la no chão e me abraçar.

- Felizmente não, as meninas conseguiram proteger a casa, mas ainda não sabemos de onde surgiram aquelas coisas.

Respondi enquanto correspondia ao seu abraço. A levei pra dentro da Escola e nos encaminhamos para o escritório, onde Alaric e Caroline ainda tentavam descobrir mais alguma informação, sem sucesso. Entrei no escritório primeiro, acompanhado por Freya, que após cumprimentar os dois e ter uma breve conversa sobre como as coisas estavam indo, começou a se preparar para um ritual, tirando suas coisas da bolsa que trazia.

- Se a internet e livros não estão ajudando é hora de usar a magia.

Disse Freya, enquanto desenhava um círculo no chão do escritório com giz. Acendeu algumas velas, juntou umas ervas e começou o ritual, sentada no meio do círculo e diante de um livro bem antigo aberto.

Ficamos os três olhando pra Freya, tentando traduzir seu rosto distorcido por estar em transe, totalmente alheia a nós. Foram longos minutos. E o ritual demorou de verdade, porque deu tempo de Caroline sair e ficar um tempo fora do escritório e retornar e deu tempo de Alaric fazer o mesmo. Apenas eu fiquei ali diante dela o tempo todo. Em busca de respostas. Depois de bastante tempo, Freya despertou do seu transe com um grito e uma cara bastante assustada. Nesse momento, Alaric e Caroline estavam de volta no escritório. Ficamos imediatamente apavorados.

- Essas sombras estão aqui vigiando a Escola e todos que estão nela.

Freya tentava recuperar o fôlego enquanto falava.

- São sombras mandadas por alguém... mas elas não querem necessariamente entrar aqui. Me parecem sombras-espiãs.

Ela concluiu, enquanto eu a ajudava a se levantar.

- Sombras-espiãs? Do que está falando?

Caroline perguntou, deixando cair a imagem de calma e tranquilidade que ela tentou aparentar o dia inteiro. Agora ela finalmente mostrou nervosismo e medo. Mas eu já tinha notado esses sentimentos nela bem antes dela demonstrar.

- Elas foram mandadas por alguém. Estão aqui pra acompanhar o que acontece na escola, mas não consegui ver o motivo. Eles só estão aqui pra isso. Inclusive foram mandados aqui, ao invés de virem pessoas reais, justamente porque não podem ser vistas por quase ninguém.

Freya dizia isso com uma expressão ainda bastante assustada.

- Mas eu e Alaric vimos. E Hope tb... e todos sentimos angústia ao vê-las.

Respondi sem entender essa teoria. Se são sombras invisíveis, por que nós conseguimos ver?

- São sombras que trazem em si o que há de mais triste. Elas só são visíveis pra quem sofreu grandes perdas e não conseguiu superar por algum motivo. Seja porque doeu muito, porque tem raiva e não aceita a perda, ou porque se sente culpado. E eu também vi, Klaus, elas apareceram pra mim durante o ritual.

Eu olhei pra Caroline e ela devolveu o olhar. Se aproximou de mim e segurou forte a minha mão.

- Freya... Eu falo por mim que eu posso ter visto a sombra, porque perdi Elijah. Atualmente estou um pouco mais conformado com tudo o que aconteceu, já não tenho mais raiva dele. Mas ainda dói. Sinto falta do meu irmão. Muita falta.

Freya controlou o choro que estava se anunciando, enquanto limpava seu rosto da lágrima que caía. Se virou pra juntar todas as coisas do ritual e guardar em sua bolsa, enquanto analisava a situação.

- Klaus, acredito que Hope viu porque se sente culpada pela morte da Hayley. Não é fácil perder a própria mãe. E além da dor da perda, ela se sente responsável por essa tragédia. Eu sei que é por isso, porque às vezes conversamos e ela se abre comigo.

Confesso que fiquei com um certo ciúme quando ela disse isso. Eu quero conquistar a confiança da minha filha. Quero que ela tenha a mesma abertura comigo que ela tem com a minha irmã. E terei que lutar pra que isso aconteça. Foram anos de abandono, mesmo que necessário. Terei que recuperar o tempo perdido com Hope. Freya continuou falando.

- Eu consegui ver essas sombras, porque... eu sei que, por mais que meu pai tenha sido péssimo com meus irmãos, principalmente com você, pra mim ele foi o melhor pai do mundo. E vê-lo queimando me doeu e foi tão traumático, que ainda hoje tenho pesadelos com isso. Não consegui ainda superar a morte do meu pai, Klaus.

Aquilo me doeu. E eu fiquei sem palavras. Mikael não foi somente um pai abusivo comigo e meus irmãos por todos aqueles anos. Não era algo que fazia parte do passado. Ele era perigoso o tempo todo. Precisava morrer. Não havia nada que eu pudesse fazer naquele momento, além de matá-lo. Minha vida estava em risco, assim como a da minha família. Da minha filha. Fiquei realmente triste em saber que as circunstâncias me fizeram causar dor à Freya de uma forma que ela não conseguiu superar depois de todo esse tempo.
- Eu não queria te machucar, Freya.

- Eu sei.

Freya respondeu sorrindo. Depois se aproximou de mim e me abraçou, enquanto Caroline se afastava de mim e se aproximava de Alaric, que estava quieto e com uma expressão muito triste. E o questionou.

- E você Alaric? Sabe o motivo de ter visto a sombra?

Alaric olhou pra Caroline com uma cara não só triste, mas também de quem acabou de chegar à uma conclusão não muito boa naquele exato momento.

- Eu posso ter visto porque... ainda não superei a morte da Jo...

Caroline ficou sem palavras. Tantos anos se passaram e ele não superou a perda do amor da vida dele. Enquanto Caroline não viu sombra nenhuma... ela olhou pra mim, como se adivinhasse o que eu estava pensando. Ela superou suas perdas...

Pov Caroline

Então só quem vê as sombras são as pessoas que ainda não superaram suas perdas... E eu não vi nada... interessante. Senti de novo o olhar do Klaus em minha nuca, me arrepiando. Olhei pra ele e foi como se ele lesse meus pensamentos. Seu olhar lia minha alma. Fiquei envergonhada. Freya chamou nossa atenção novamente.

- As sombras não foram mandadas aqui pra fazer mal a ninguém e a Escola agora está protegida, então vocês não precisam se preocupar mais por enquanto. Não com as sombras. Mas precisam saber quem as mandou até aqui. Com essa pessoa sim, vocês devem se preocupar.

Droga! Alguém mandou essas malditas sombras aqui. Quem foi? Com qual objetivo? Podemos manter a calma e fazer as coisas sem pressa. Mas não podemos parar de investigar. Precisamos nos manter atentos. Após se despedir de todos nós com um abraço, Freya saiu do escritório acompanhada por Alaric.

Me aproximei da janela e fiquei observando o pátio do lado de fora, começando a esvaziar. Estava anoitecendo e os alunos que estavam lá se encaminhavam pra dentro da Escola. Estou preocupada com algo que nem sei o que é. O perigo inicial está controlado. Mas o que virá depois? Quem mandou essas sombras aqui pra nos vigiar? E por que? E eu, que me mantive forte durante todo o dia, após resolvermos o problema pelo menos inicialmente, não segurei o choro dessa vez. Me sinto esgotada e com muito medo. Então simplesmente deixei as lágrimas rolarem, pra ver se o medo e o cansaço que eu sentia conseguiriam sair de mim junto com elas.

Senti suas mãos quentes entrelaçando minha cintura. Era Klaus, percebendo meu desespero e me abraçando por trás. Senti sua respiração em meu pescoço, onde ele depositou beijos leves e sussurrou no meu ouvido.

- Você não está mais sozinha, Caroline.

- Nossas filhas correm perigo.

Respondi ainda chorando e quando transformei meu medo em palavras, minha vontade de chorar foi ainda maior. Klaus me virou de frente pra ele, pegou um lenço de papel numa caixa que estava na mesa próxima da janela e me ofereceu. Eu escondi meu rosto no lenço e chorei ainda mais. Klaus segurou minhas mãos, fazendo eu tirar o lenço do meu rosto e olhar em seus olhos.

- Caroline... Caroline, olha pra mim. Nós vamos enfrentar juntos, amor. Qualquer coisa. Juntos.

Eu olhei em seus olhos enquanto ele falava. E eu tive a plena certeza de que ele estava falando a verdade. Então eu o beijei. Foi a melhor coisa que me aconteceu hoje. Seu beijo foi o meu refúgio. Um lugar perfeito, onde eu poderia me esconder de todos os problemas. Meu abrigo. De onde desejei nunca mais sair.

"However Long It Takes" - KlarolineWhere stories live. Discover now