Capítulo 9

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Pov Elijah

Ela estava tão bonita! Com um sorriso enorme no rosto e uma expressão leve, de quem está em paz. E eu assistindo a tudo isso de longe, escondido por entre as árvores. Estava ali apenas pra olhar Hayley finalmente feliz e bem, ao lado de sua família, de sua matilha, que ela sempre defendeu com tanta dedicação e coragem.

Eu passei meu tempo depois que morri assim. A vigiando de longe. Buscando nela, no sorriso dela, na felicidade e na paz dela, um pouco de paz pra mim. Não adianta eu querer a paz completa, porque por mais que eu tenha lutado pela minha família a vida inteira, a verdade é que fui tão cruel quanto Niklaus e todos os meus outros irmãos. Talvez tanto quanto meus pais? Não sei. Mas tenho certeza que não fiz apenas bondades. Então não, eu não estou completamente em paz. Se eu precisei esconder os meus atos mais cruéis e imperdoáveis atrás de uma porta vermelha, bem escondida na minha memória, é porque fui bastante problemático, isso pra não dizer coisa pior.

Mas o fato é que, quando Hayley surgiu em minha vida, da forma mais inesperada possível, posso admitir que foi amor à primeira vista. A chegada dela em minha casa, na minha vida, na vida dos Mikaelsons, trazendo em si a nossa salvação, Hope, me arrebatou por completo de forma involuntária. Nos seus primeiros dias em New Orleans, eu a olhei nos olhos e tive a certeza de que sempre a protegeria. A necessidade de cercá-la de carinho e cuidado me invadiu e eu notei que não se tratava apenas do bebê que ela estava esperando. Era dela que se tratava, de Hayley.

É doloroso lembrar de tudo o que a gente viveu e, principalmente, de tudo o que a gente não viveu. Fizemos tantos planos... queríamos viver plenamente o nosso amor, depois que tudo de ruim passasse. Mas as coisas ruins nunca passavam, apenas surgiam problemas novos, nos separando o tempo todo. E como eu sentia falta dela quando estávamos longe! Por outro lado, lembrar de tudo isso, mesmo sendo doloroso, me dá um pouco de tranquilidade. Porque ainda que nós não tenhamos vivido plenamente nosso amor, ele sempre esteve presente. E eu a amei até o meu último dia de vida.

E hoje aqui estou eu olhando de novo pra ela. De longe. Ela não precisa saber. Minha presença não precisa incomodá-la. Afinal, mesmo a amando, eu fui o maior culpado da morte dela. Sim, eu estava sem memória, mas quando nos vimos na França, surgiu entre nós uma conexão inexplicável. Mesmo sem me lembrar dela, senti que era como se eu a conhecesse desde sempre. Mesmo conversando por pouco tempo, me senti ligado a ela e não entendi o porquê, mas aquilo me deixou bastante intrigado. Nunca mais a vi depois disso e naquele dia em que defendi a família de Antoinette como se fosse minha e resolvi lutar contra meu próprio irmão, encontrei Hayley lá. E, por causa da falta de memória, me senti traído. Alguém com quem criei uma conexão tão forte estava do outro lado, um lado oposto ao meu. Automaticamente, passei a vê-la como minha inimiga. Então, conscientemente a deixei morrer. E quando minhas memórias voltaram, a dor que senti em meu peito ao lembrar disso foi tão forte, que foi como se meu coração fosse arrancado do peito. O amor da minha vida morreu por minha causa.

Enquanto olhava Hayley de longe, reparei que a matilha dela comemorava algo naquela noite, pois o espaço onde eles estavam parecia mais iluminado do que o normal e todos pareciam mais felizes enquanto decoravam as árvores. Hayley brilhava, seu sorriso iluminava tudo ao redor. Eu não sei do que se tratava, mas me fez bem vê-la assim. Eu precisava ir embora antes que ela me visse, estão me virei e saí, sabendo que iria vagar por aí sem rumo como normalmente faço quando não estou olhando ela. Quando comecei a caminhar pra fora do acampamento, fiz um certo barulho ao pisar em um galho e senti que a matilha inteira escutou. Eu não estava tão longe deles assim. Olhei pra trás e vi alguns procurando de onde vinha o ruído, mas como fiquei parado e o mais silencioso possível, eles acabaram desistindo de procurar. Menos Hayley. Ela continuou olhando ao redor. Até que começou a olhar justamente para o lado onde eu estava com bastante insistência. Eu me escondi mais ainda atrás da árvore, mas ela continuou procurando. Até que discretamente, se afastou um pouco do acampamento, calmamente, deixando todos pra trás e veio na minha direção. Eu queria ter ido embora, até porque ela ainda não tinha realmente me visto. Mas eu simplesmente não conseguia me mexer. Porque ao mesmo tempo que eu queria fugir dela, por causa da culpa que sinto por tê-la indiretamente matado, eu também queria vê-la mais de perto. Queria tocá-la. Queria sentí-la.

"However Long It Takes" - KlarolineWhere stories live. Discover now