Capitulo 19

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Pov Caroline

- Estou pronta.

E assim se deu início ao momento que eu mais temia. Mas era necessário eu estar ali e fazer isso por Lizzie. Eu não conseguiria suportar que algo acontecesse a ela sabendo que poderia tomar atitude pra impedir e não fiz nada. Então sim, eu aceitei ser uma isca para os bruxos, numa tentativa muito arriscada, enquanto Josie e Hope entrariam na mente dela. Tudo pra salvar a minha filha.

- Precisamos de espaço. Se puderem nos deixar a sós, é melhor.

Disse Bonnie, que assumiu uma postura de líder naquele momento. Vincent e Willow começaram a arrumar os objetos que usariam no ritual no chão do escritório. Alaric saiu e foi falar com Josie e Hope e ajudá-las no que fosse necessário e Buffy o acompanhou.

Klaus continuou ali, sentado em uma poltrona no canto. Ele tinha seus olhos fixos em mim. Dava pra ver o medo explícito em seu olhar, até mais do que medo. Havia desespero, vontade de tomar o controle da situação e raiva por não poder fazer nada pra me impedir ou pra atingir os bruxos. Sua respiração era pesada e ele estava imóvel ali sentado, com as mãos cruzadas sobre o colo.

Me aproximei devagar, parei de frente pra ele e o puxei pela mão. Klaus se levantou e se aproximou de mim. Toquei em seu rosto, acariciando sua barba e tentando sorrir, pra diminuir um pouco o medo e a tristeza que tomavam conta de mim e dele.

- Vai ficar tudo bem, Klaus...

- Como você sabe?

Perguntou ele e seus olhos começaram a marejar e sua voz soava baixa demais. Como se estivesse reprimindo tudo o que sentia e fosse explodir a qualquer momento.

- Eu apenas sei. – Respondi, não conseguindo disfarçar a tristeza.

Klaus segurou minha cintura e eu toquei minha testa na dele e senti sua respiração misturada à minha. E esse pequeno momento entre nós, de alguma maneira me acalmou um pouco.

- Agora você precisa ir.

Falei bem baixinho, porque na verdade eu queria mesmo era que ele ficasse ali do meu lado, afinal eu estava com tanto medo quanto ele. Mas sair de lá e me deixar apenas com os bruxos era o mais sensato a fazer. Klaus me puxou pela cintura e me beijou. Num misto de calma e agitação que seu beijo me transmitia, eu conseguia ouvir seu coração batendo descompassado no peito e o meu batendo no mesmo ritmo. E a última coisa que eu queria era que ele me soltasse. Mas não tinha outro jeito. Dei um passo atrás, me afastando de Klaus e o olhei em seus olhos. Ele desviou o olhar para Bonnie, Vincent e Willow que me esperavam, depois me olhou de volta.

Fez um carinho suave em meu rosto e saiu sem dizer nada.

Pov Klaus

Eu não me conformo com essa situação. Sei que é necessário, que Lizzie precisa de ajuda, que ela corre perigo. Sei que Caroline é corajosa e forte. Mas não consigo achar normal ela se expor a algo tão perigoso. Rituais assim são muito comuns, em que a pessoa fica no meio de um círculo, permitindo que ela seja levada a outro lugar, seja na vida real ou dentro da mente. Mas no caso de Caroline, há um tempo limite, fazendo com que se torne ainda mais arriscado pra ela.

Preciso pensar numa maneira de não deixá-la morrer nesse maldito ritual!

Quando Bonnie mandou que todos saíssem do escritório, eu simplesmente não conseguia me mexer. Porque eu queria estar perto de Caroline, como se dessa forma eu tivesse algum controle sobre o que iria acontecer. Mas ela segurou minhas mãos e me acariciou, tentando me acalmar do jeito dela. A única coisa que eu queria era levá-la pra bem longe e protegê-la de tudo. Mas eu sabia que essa não era a coisa certa a fazer.

Saí do escritório completamente revoltado, me sentindo de mãos atadas. Pensei em ir falar com Hope, mas do jeito que eu estava nervoso, ia acabar atrapalhando, então resolvi ficar quieto na biblioteca pelo menos por enquanto. Felizmente, estava vazia. Eu tentava me distrair, passeando entre as estantes lotadas de livros, pensando em alguma forma de me meter nessa situação, quando Willow entrou e me viu ali.

- Ah, oi! Precisamos de um livro que Giles enviou, Caroline disse que está aqui, em cima de uma das mesas.

- Ah... ok...

Willow voltou sua atenção pra alguns livros que estavam espalhados sobre a mesa grande que ficava proxima da entrada da biblioteca. Ela parecia estar com pressa, mas atenta ao que estava fazendo. Eu a observava e percebi que ela finalmente achou o tal livro. Abriu e olhou algumas páginas pra ter certeza e fechou.

De repente, uma ideia surgiu na minha cabeça.

Quando ela finalmente se virou pra sair, deu de cara comigo bloqueando seu caminho e com um sorriso debochado.

- Seu nome é Willow, não é?

Ela me olhava tentando entender porque eu não a deixava ir embora.

- Sim, esse é meu nome. E você sabe disso, você estava no escritório na hora que fui apresentada a todos. Até apertei sua mão.

Ela devolveu o sorriso cínico e tentou desviar de mim, mas a bloqueei novamente.

- Então, Willow... preciso da sua ajuda.

Seu olhar agora era de total impaciência.

- E você é Klaus, o namorado de Caroline, certo? E pai de uma das meninas.

Confirmei com a cabeça, dando um sorriso bem insolente. Ela suspirou, visivelmente irritada.

- Olha, Klaus... Eu estou com pressa, então preciso que você SAIA da minha frente.

Quando ela mandou que eu saísse, seus olhos ficaram escuros e sua voz um pouco mais grave, e de repente eu senti uma força invisível puxando meu corpo pro lado sem a minha permissão e dando passagem a ela. Como bruxa que é, estava usando magia pra me tirar do caminho. Mas eu não ia desistir.

Quando estava quase alcançando a porta pra sair, fui até ela em super velocidade e bloqueei sua passagem de novo, ficando entre Willow e a porta. Minha voz saiu baixa, mas não menos ameaçadora, num misto de raiva e deboche.

- Que injustiça, Willow! Você nem ouviu o que eu tenho a dizer...

- Klaus, é sério, tenho pressa, o tempo está passando e as coisas podem piorar!

Meu sorriso cínico foi embora quando ela disse isso usando uma voz calma e serena, e assumi uma postura mais agressiva. Minha voz saiu alta e grave, mais ameaçadora ainda.

- E eu sei exatamente o que pode acontecer. Caroline vai se expor a algo que nem sabe se vai conseguir realizar e isso pode matá-la!

Dei um passo a frente e cheguei mais perto dela, que deu um passo atrás se afastando de mim e abraçando mais o livro que segurava. Eu a olhei de alto a baixo. Ela estava com medo. Na certa já sabe quem eu sou. Minha fama sempre chega antes de mim nas pessoas. E eu gosto disso. Mas logo Willow disfarçou e mudou de postura, me dando um ultimato:

- Ok, eu não tenho tempo então te dou 10 segundos pra você me dizer o que quer antes que eu te faça ter um ataque cardíaco.

Respirei aliviado. Finalmente ela ia me ouvir! Nem dei atenção à ameaça vazia dela.

- Preciso que você me inclua nesse ritual de alguma forma, não importa como você vai fazer, apenas me inclua nisso pra que eu possa defender Caroline. Bonnie e Vincent não podem saber, porq...

E repentinamente senti uma dor insuportável no peito, como se meu coração fosse arrancado. E ouvi sua voz calma novamente.

- Ops... seu tempo acabou...

Willow fechou sua mão e eu notava em sua voz e em seu rosto uma frieza que vi em poucas pessoas, as mais cruéis que já conheci. Acho até que vi uma pontinha de prazer em seu olhar enquanto ela me machucava, mas passou bem rápido. A dor aumentava.

- Willow... por favor... me deixe... participar... disso...

Comecei a me sentir fraco e cai de joelhos com a mão no peito e uma dor insuportável. Mas eu não ia implorar pra ela parar, eu ia usar o pouco tempo que eu tinha pra falar tudo o que quero fazer enquanto eu tivesse um mínimo de forças pra isso.

- Me... deixe... pegar... os... bruxos... e... salvar... Caro...

A dor se tornou ainda mais profunda e minha voz não saía mais, mal conseguia respirar. E tudo girava ao meu redor, eu ia perder os sentidos a qualquer momento.

Até que de repente, a dor sumiu. E me senti bem de novo, como se nunca tivesse sofrido nada. Respirei fundo e antes de me levantar, Willow se abaixou e me encarou. Eu a encarei de volta.

- Você me convenceu... eu vou te ajudar.

Pôs a mão no bolso do casaco e de lá tirou um pequeno cristal. Segurou minha mão e depositou o cristal ali, fechando minha mão em torno dele. Se levantou e me ajudou a levantar também. Depois olhou em meus olhos e seu rosto já não estava mais aquela máscara de frieza do momento em que me machucou. Voltou a ter uma expressão doce e ingênua.

- Fique aqui e espere até eu te mandar um sinal.

- Que sinal? Como vou saber qual a hora de agir preso aqui?

- Você saberá quando chegar sua hora.

Se encaminhou pra porta, mas antes de chegar até ela, parou e olhou pra mim novamente.

- Ah... e nunca mais me ameace. Você não vai querer que eu arranque seu coração de verdade da próxima vez, só estalando os meus dedos.

Sorriu, virou as costas e foi embora antes que eu pudesse responder. Eu nem me dei ao trabalho de explicar a ela que a única coisa que me mata de verdade é ser apunhalado no coração por uma estaca de Carvalho Branco.

Olhei o cristal que ela pôs em minha mão e o coloquei contra a luz do dia que entrava pela janela. A pedra me mostrava um brilho incomum, o que me deixou mais curioso e ansioso sobre como Willow iria conduzir esse ritual e conseguir me incluir nele sem Vincent e Bonnie saberem.

Pov Josie

Eu estava no meu quarto, tentando atrair Matthew, o bruxo que sequestrou e torturou minha mãe e que tem nos usado esse tempo todo. Queria atraí-lo com a força do pensamento, sem rituais, nada fora do normal, pra que ele não desconfiasse de nada. Normalmente ele é quem toma a iniciativa de entrar em contato comigo. Enquanto eu faço isso, Hope vai tentar atrair a mãe dele, Sasha. Preciso convencê-lo a entrar em contato com a minha mãe de alguma maneira e tem que ser logo, porque o tempo está passando e sinto que estou perdendo minha irmã cada vez mais.

Continuei concentrada até que senti uma presença forte, acompanhada de uma energia péssima. Eu estava diante da janela do meu quarto, olhando pra rua. Respirei fundo e me virei de frente pra ele fingindo surpresa.

- Oh! Matthew... oi...

- Olá, meu bem.

Ele me cumprimentou com um sorriso debochado e frio, que me dava arrepios. Fui manipulada por tanto tempo, então nunca me dei conta do quão repulsivo ele é. Mas agora, diante dele e totalmente consciente, sinto um medo e um nojo que me faz apenas querer sair correndo pra bem longe. Fiz uma cara de preocupada pra chamar a atenção e funcionou.

- Está tudo bem, Josie?

- É... Eu não sei. Tenho feito tudo o que você e sua mãe me mandaram fazer e tem dado certo esse tempo todo. Mas...

E parei de falar, provocando sua curiosidade. Ele se aproximou um pouco mais, tentando entender.

- Mas o que, Josie? Aconteceu alguma coisa?

Eu fingi estar com medo de falar e abaixei o tom de voz.

- A minha mãe. Acho que ela está desconfiada.

Matthew mudou totalmente a expressão facial. De preocupada pra completamente fria.

- Por que você acha isso?

Eu alimentei a raiva que estava começando a despontar nele.

- Ah, você sabe, mães se preocupam... E essa semana ela disse que tenho agido estranho, que minhas notas estão caindo e que eu vivo trancada no quarto entre uma aula e outra. Talvez não seja nada demais...

- Então por que você acha que ela está desconfiada?

Menti:
- Porque eu acho que ela em algum momento escutou uma de nossas conversas. Além disso... me sinto vigiada, talvez ela e meu pai tenham pedido pros professores ficarem de olho em mim.

Matthew se aproximou mais ainda de mim e olhou bem nos meus olhos. Como se estivesse lendo a minha mente. Sei que devido ao feitiço criado por Hope ela está bloqueada pra ele, mas mesmo assim fiquei tensa. Quando eu achei que seria descoberta, Mathew abriu um sorriso, daqueles estranhos que ele costuma dar, que escondem seus piores pensamentos.

- Não se preocupe com a sua mãe, querida. Eu vou cuidar disso...

Fez um carinho em meu rosto (tive que me controlar bastante pra não matá-lo ali mesmo) e sumiu da minha frente. Um frio correu minha espinha. Está acontecendo. Ele vai realmente atrás da minha mãe. Agora sim estou me dando conta do quão arriscado isso é!

Saí correndo do meu quarto e fui pelo corredor, vazio por ser num dia sem aulas, e entrei rapidamente no quarto de Hope que parecia mais estressada que eu. Ela estava sentada no chão, com livros espalhados em torno dela.

- Hope?

Fechei a porta e me aproximei, enquanto ela jogava o livro que estava em suas mãos longe, demonstrando raiva e frustração. Sua voz saia trêmula:

- Eu não consegui.

- Como assim? Não conseguiu o que?

- Atrair a mãe do Matthew.

- Mas... como não?? Você consegue fazer feitiços bem mais difíceis!

Hope me olhou desanimada. Depois arregalou os olhos, como se as ideias tivessem se clareado. Se levantou e olhou pra mim.

- Ela bloqueou a própria mente!!!

Faz sentido. Sempre achei Sasha mais inteligente do que o filho. Matthew é poderoso, mas burro e previsível. Tentei pensar numa saída pra isso, mas o fato é que não temos tempo pra planos mirabolantes.

- Hope, mesmo que a mãe dele seja difícil de achar, precisamos seguir com o plano. Depois pensamos numa maneira de chegar até ela. Precisamos salvar Lizzie!

- É, eu sei, mas tenho medo dela notar que há algo errado e interferir no que vamos fazer hoje. Mas e você? Conseguiu atrair o Matthew?

E só aí lembrei o que fui fazer no quarto da Hope. Avisar a ela que Matthew ia atrás da minha mãe e que poderíamos seguir com o plano.

- Consegui sim. Deixei ele com raiva da minha mãe. Hope... eu estou com medo...

E comecei a chorar. Aquele não era o momento pra isso. Mas o fato é que agora não estou apenas com medo pela Lizzie, mas pela minha mãe também. Agora são duas pessoas importantes pra mim que estão correndo perigo. Hope me abraçou. Um abraço tão apertado, que eu senti como se o seu abraço não fosse só de corpo, mas de alma também. Depois se afastou e me olhou nos olhos.

- Josie, eu conheço esse medo que você está sentindo agora. Eu vivi esse medo, não tem muito tempo. E vivi algo ainda pior, porque eu realmente perdi minha mãe. Perdi meu tio e fiquei a um passo de perder meu pai também. Ainda dói em mim, não tem um dia sequer que eu não me sinta culpada pela morte da minha mãe.

E eu notei que Hope, por mais que não fale muito sobre isso, ainda não superou toda a tragédia que viveu. Ela tinha os olhos marejados enquanto falava comigo. Mas respirou fundo e enxugou a lágrima que caia pelo meu rosto enquanto tentava me animar.

- Mas olha só, dessa vez será diferente. Nós vamos salvar Lizzie. Sua mãe vai sair dessa sem correr riscos. Nós temos poder suficiente pra isso e também temos ajuda. Vai dar tudo certo.

Hope me passou segurança, ainda que tudo fosse muito arriscado. Mas ela estava certa. Parei de chorar e criei coragem.

- É. Vai dar tudo certo sim. Vamos.

E saímos do quarto à procura de Lizzie.

Pov Caroline

Depois que Klaus foi embora, fiquei olhando pra porta por alguns segundos, numa esperança inútil de que ele fosse voltar, me pegar pela mão, me tirar de lá correndo e me salvar daquilo tudo. Mas é claro que isso não ia acontecer. Eu entrei nessa situação porque quis. Klaus tentou realmente me impedir, mas eu não permiti. Ele não tinha mesmo como fazer nada. E enquanto isso eu me perdia em meus pensamentos e nem prestei atenção quando Bonnie me chamou.

- Caroline... Caroline...

Precisou ela gritar.

- CAROLINE!!

E então eu acordei da minha alienação e olhei em direção aos bruxos.

- Ah, desculpa Bonnie. Vamos começar.

Me aproximei deles e olhei pro círculo que fizeram, rodeado de velas e um livro aberto. Senti o olhar de Bonnie me analisando. Ela tocou em meu ombro.

- Tem certeza que quer fazer isso, Caroline?

- Tenho sim. Preciso.

Willow e Vincent me olhavam tentando me passar segurança.

- Se você sentir algo estranho na sua cabeça ou no seu corpo, nos avise.

Bonnie não parava de me orientar, era como se ela também estivesse com medo. Ela é minha melhor amiga, entendo o quanto está preocupada diante do risco que estou correndo. Mas eu confio nela. Eu a abracei, completamente agradecida não só por ela estar ao meu lado agora, mas por ter sido minha amiga em todos os momentos, bons e ruins.

- Obrigada...

Falei ainda abraçada a ela. Parecia até uma despedida. Quando me afastei, ela estava quase chorando, mas disfarçou a tempo.

- Ok, entre no círculo e deite bem no meio dele. Tente relaxar. Você vai sentir sono e o corpo leve.

Entrei no círculo e me deitei, tentando não pensar em nada. Mas eu não conseguia tirar a imagem de Lizzie da minha cabeça. Eu confio muito nas meninas e sei que elas vão conseguir salvá-la. Só não tenho certeza se eu estarei aqui pra ver minha filha de volta.

Um sono insuportável tomou conta de mim e meus olhos pesaram até que se fecharam completamente, enquanto eu ouvia as vozes dos três bruxos ao redor de mim, dando início ao ritual. Fui tomada por uma completa escuridão até que senti meu corpo todo tremer e abri os olhos.

Me vi em pé, no espaço do Memorial da Escola Salvatore. Eu estava sozinha, havia pouca circulação de alunos, não era dia de aula e ainda era de manhã, então boa parte deles estavam em seus quartos e outros estavam do lado de fora da escola. Comecei a me mexer e a agir como se eu realmente estivesse ali, mudando objetos de lugar, fingindo que estava organizando o espaço, até que senti a presença de mais alguém.

Uma presença maligna, que me fez tremer dos pés a cabeça.

Antes de me virar, percebi. Era ele. O bruxo que me sequestrou, me torturou, usou minhas filhas e Hope. Antes de eu olhar pra ele ou ter qualquer reação, escutei sua voz.

- Olá, Caroline Forbes... há quanto tempo...

Pov Hope

Eu e Josie estamos com muito medo de algo dar errado, mas precisamos salvar Lizzie sem permitir que Caroline corra o risco de morrer. Então, enquanto andávamos pela escola procurando por Lizzie, pensávamos numa forma fácil e eficaz de trazê-la de volta.

Josie recebeu mensagem de Alaric avisando que o ritual com Caroline começou, então precisávamos ser rápidas ou não teríamos tempo. Por mais que eu tentasse, não consegui atrair Lizzie através de magia, porque a mente dela está resistente e completamente dominada. Parei no meio do caminho, quando a vi do lado de fora, praticando exercícios com outros alunos e olhei pra Josie.

- Lizzie está bem ali, mas não podemos fazer nada com ela rodeada de gente.

Josie pareceu pensar em alguma coisa.

- Espere aqui.

Caminhou em direção à cozinha e voltou alguns segundos depois com uma garrafa de água nas mãos.

- Nós vamos dar isso a ela. Aliás, você vai dar isso a ela, Hope. É melhor você ir sozinha.

E me entregou a garrafa.

- Por que você não vem comigo?

- Ela pode desconfiar se nos aproximarmos dela juntas. Apenas puxe uma conversa aleatória e faça ela querer beber essa água.

Eu olhei pra garrafa, procurando alguma evidência de que aquilo daria certo, mas parecia ser água comum.

- Josie, o que você pôs aqui?

- Nada demais, é só um feitiço que queria testar há muito tempo e agora vi oportunidade.

- Mas você sabe que ela está praticamente imune a feitiços...

- Vai dar certo, Hope!

Olhamos de novo pra fora da Escola e vimos Lizzie indo sentar na grama pra descansar.

- Vai lá agora e dá isso a ela. Rápido!

Me apressei em sair da mansão e corri até uma certa distância, e conforme fui me aproximando, passei a caminhar normalmente. Como quem não quer nada, me aproximei de Lizzie, que, por sorte, bebia o último gole de água da sua garrafa, e fez uma cara de desânimo por ter acabado. Abri a garrafa que estava nas minhas mãos e fingi que era minha. Passei perto dela justamente nessa hora.

- Oi, Lizzie! Acabou a água?

Eu olhava a garrafa dela jogada num canto enquanto ostentava a minha pra fazer ela querer.

- É, que droga. Terei que ir buscar mais lá dentro... mas estou tão cansada...

Ela falava isso enquanto encarava a minha garrafa. Não pensei que seria tão fácil.

- É... você quer beber um pouco da minha? Assim não precisa entrar agora.

Ela abriu um sorriso preguiçoso e aceitou, estendendo a mão pra mim. Eu entreguei a garrafa e ela bebeu com vontade. Espero que Josie não tenha posto nada tão estranho assim nessa bebida. Lizzie me devolveu a garrafa com menos da metade do que tinha antes.

- Obrigada, Hope.

- De nada. Posso me sentar aqui?

- Claro.

Me sentei ao seu lado na grama, e pensei em algum assunto enquanto esperava a bebida fazer efeito nela. Mas não precisei de muito tempo. Lizzie deitou a cabeça no meu ombro, enquanto bocejava.

- Nossa, o cansaço bateu forte agora...

Disse enquanto fechava os olhos e dormia quase imediatamente. Olhei ao redor e Josie estava a uma distância segura. Fiz um gesto e ela se aproximou. Levantamos Lizzie, uma de cada lado e a levamos pra dentro da escola.

Pov Caroline

Aquele homem estava bem atrás de mim, no mesmo espaço que eu, depois de quase um ano sem nos vermos mais. Depois de quase um ano que sofri toda aquela tortura psicológica que simplesmente acabou comigo, que quase me destruiu. Ele estava ali. Eu não estava ali de verdade, por completo, mas me assustei ao ouvir sua voz. Me virei lentamente e olhei aqueles olhos frios e cruéis e todas as terríveis lembranças da tortura que sofri com ele voltaram à minha memória.

É estranha a sensação, porque mesmo meu corpo real estando no escritório, protegido pelos bruxos, eu me sentia completamente ali, diante dele, relembrando o sofrimento tudo de novo e com medo do que ele pode fazer contra mim novamente. Mas eu precisava ter coragem pra manter a atenção dele em mim, enquanto as meninas cuidam de Lizzie. Fingi surpresa ao vê-lo.

- Você... o que... o que está fazendo aqui? Como entrou?

E olhei pros lados, fingindo estar assustada. Ele sorriu, demonstrando prazer em ver o meu medo. De toda a cena que fiz ali, a única coisa real era o medo de estar diante daquele bruxo novamente. E pelo visto, ele acreditou em tudo.

- Querida... É melhor você se acalmar...

E foi se aproximando devagar enquanto falava numa voz muito baixa.

- Vamos ter uma pequena conversa, meu bem...

Ele ia se aproximando e eu ia me encolhendo, mesmo sabendo que ele provavelmente não poderia fazer nada tão grave contra mim. Mas era incontrolável.

- Saia daqui. Porque veio atrás de mim depois de todo esse tempo?

Eu quase não conseguia falar. E dessa vez não foi encenação. Eu estava apavorada. Mas, pelo menos, estava mantendo a atenção dele em mim.

- Achou mesmo que fiquei longe de você esse tempo todo, querida?

Ele se aproximou mais ainda, e eu senti sua respiração próxima ao meu rosto, enquanto me encostei na estante, tentando fugir.

- Eu sempre estive perto de você. Bem perto... mais perto do que você pensa.

- Me deixa em paz!

Não pensei duas vezes. Peguei um candelabro que estava sobre a estante e atingi em cheio a cabeça dele.

Pov Josie

Levamos Lizzie pra dentro e entramos no cômodo mais próximo, onde ficam guardados os materiais de limpeza. Não dava pra levar ela pro quarto porque ficava muito longe. Era um cômodo espaçoso, conseguimos deitar ela no chão e nos sentamos uma de cada lado dela. Tocamos em sua cabeça e imediatamente começamos a entrar em sua mente.

Passamos por suas memórias mais guardadas, lembranças boas e ruins da nossa infância, desejos mais escondidos, tudo que faz de Lizzie quem ela é. Mas logo começamos a ter dificuldades pra vermos mais da mente dela. Víamos apenas escuridão. Parecia tempo perdido. Abri os olhos desesperada e olhei pra Hope.

- Não está funcionando!

E comecei a chorar de novo. Minha irmã está se perdendo de verdade. Sua mente está quase totalmente fechada até mesmo pra mim. Hope abriu os olhos e falou com firmeza.

- Vamos ter que insistir e sermos mais agressivas. Não desista!!

Começamos então a tentar uma invasão à mente dela, enquanto dizíamos palavras que nos fortaleciam pra enfrentar o que encontrássemos pela frente. E enquanto dizíamos essas palavras, a escuridão na mente de Lizzie começou a se dissipar aos poucos. E ficamos diante de uma memória bastante esclarecedora.

Nos vimos dentro do quarto de Lizzie, diante dela sentada na cama e com Sasha ao lado dela, sendo gentil e solicita, e as duas conversando como se fossem melhores amigas. Mais do que isso. Como mãe e filha.

- Bem, acho que já está tarde, não? Hora de dormir.

- É verdade, amanhã tenho aula cedo.

Lizzie deitou na cama enquanto Sasha a cobriu e beijou sua testa.

- Durma bem, querida.

Lizzie dormiu quase imediatamente. E Sasha abriu um sorriso maligno enquanto tocava em sua cabeça e murmurava:

- Você não precisa dela, meu bem... Não precisa... Eu estou aqui...

Eu achei aquilo muito estranho. Como assim? Não precisa "dela" quem? E só aí notei que nas memórias que vi na mente de Lizzie, quase não haviam lembranças com minha mãe...

Eu e Hope trocamos olhares apavorados diante disso. Ela estava apagando a minha mãe da mente de Lizzie!!!!

Pov Klaus

Eu não aguentava mais esperar dentro daquela maldita biblioteca. Estava quase arrependido de ter pedido ajuda a Willow e de ter ficado lá esperando igual a um imbecil. Eu deveria é sair dali e abrir porta por porta procurando esses bruxos desgraçados até encontrá-los e colocar meus planos de vingança em prática. Mas e se eu fizesse isso antes de Lizzie ser salva? E se isso piorasse a situação dela? E se Caroline não conseguisse mais voltar pro próprio corpo?

A raiva dentro de mim era tanta que eu comecei a jogar longe qualquer objeto que via pela frente. Eu queria quebrar, destruir, derrubar aquelas estantes, rasgar aqueles livros e botar fogo em tudo, até que ouvi a voz de Willow atrás de mim.

- Klaus? Está preparado?

Virei imediatamente em direção à voz dela e não vi ninguém.

- Onde você está?

Senti o cristal que ela me deu esquentar dentro do bolso da minha calça. Peguei e vi um brilho ainda maior do que antes. Ele esquentou ainda mais em minha mão e o brilho aumentou mais e mais, chegando a arder os meus olhos. E mais uma vez ouvia a voz de Willow.

- Coloque o cristal contra a janela.

Eu obedeci e se abriu como que uma janela mágica, onde eu conseguia ver Caroline deitada, e Willow, Bonnie e Vincent cuidando dela.

- Como você está falando comigo se está no ritual com a Caroline?

- É um dom. Se concentre.

Eu continuei olhando por essa janela e a visão mudou pra outro lugar da escola, onde Caroline enfrentava o maldito bruxo. Mas só havia ele lá, não a mãe.

- Por que a mãe dele não está ali?

- Parece que não conseguiram atraí-la. Mas pelo menos a mente dele está toda concentrada em Caroline. Eu posso sentir o ódio emanando dele.

- Eu quero entrar lá.

- Calma. Ainda não é o momento.

Essa mulher está tirando a mínima paciência que eu ainda tenho. Como ela quer que eu me acalme enquanto o homem que torturou Caroline está diante dela novamente???

- Como assim não é o momento? Ele vai machucá-la!

- Lizzie ainda está em perigo.

Eu olhava atentamente pra Caroline. Ela estava apavorada diante daquele desgraçado. Ele ficou bem próximo dela e ela se encolhia, horrorizada. Sei que ela estava protegida, mas seu olhar de medo me fez querer acabar logo com isso. Eu precisava intervir e protegê-la.

- Eu sempre estive perto de você. Bem perto... mais perto do que você pensa.

- Me deixa em paz!

Caroline bateu nele com um candelabro e se afastou, mas ele levantou rapidamente e fez um gesto que a deixou paralisada. Então ele se aproximou novamente, com sangue escorrendo pela testa, e começou a tocar em seu rosto enquanto dizia em voz baixa.

- Você é tão linda... pena ser tão inconveniente...

E sua mão desceu pro ombro dela, depois pro braço, o rosto de Caroline não se mexia mas seu olhar suplicava pra que ele parasse de tocá-la. E o meu ódio chegou a níveis inimagináveis.

- Willow, eu preciso entrar lá!!!!

Willow não me respondia.

- WILLOW!!! Ele vai abusar dela!!!

Deixei o cristal em cima da mesa e decidi eu mesmo me jogar por aquela janela dos infernos, mas meu corpo bateu como numa parede e eu caí no chão. Me levantei novamente e olhava de mãos atadas aquele homem abusando de Caroline.

- É melhor você ficar bem quietinha e não atrapalhar meus planos. Ou suas filhas morrem.

E ele dizia isso enquanto beijava o pescoço dela, e lágrimas caiam pelo rosto de Caroline, que não conseguia se mexer.

Me desesperei. Eu precisava agir. Imediatamente.

- WILLOW!!!! EU PRECISO ENTRAR LÁ!!!!

Finalmente ouvi a voz dela.

- Agora. VAI.

A janela se transformou em porta e eu corri pra dentro dela e me vi no Memorial. O desgraçado estava tão concentrado em abusar de Caroline que não percebeu minha presença. Mas ela me viu. Seu olhar era de desespero, e eu não esperei um segundo a mais.

Me aproximei em super velocidade e cheguei por trás dele, enfiando minha mão por entre suas costelas até chegar ao coração. Ele soltou Caroline e gritou de dor, surpreendido pela minha atitude. Enquanto eu segurava seu coração, puxei seu corpo pra mais perto de mim com a outra mão.

- Agora sim as coisas vão começar a ficar interessantes...

E mordi seu pescoço com vontade. Senti prazer ao ouvir seus gritos desesperados. Finalmente coloquei as mãos nesse maldito, senti o gosto do sangue dele em minha boca, e estava com a vida dele em minhas mãos. Mas ainda não tinha acabado com ele. Eu não iria matá-lo imediatamente. Ainda nem comecei a me divertir...

Bebi seu sangue até deixá-lo fraco, mas sem permitir que ele morresse. Quando notei que ele tinha perdido as forças, o larguei no chão, enquanto Caroline voltava a se mexer e também caiu no chão sem forças. Fui correndo até ela, me abaixei e a coloquei em meu peito enquanto tentava acalmá-la:

- Vai ficar tudo bem, amor.

- Como você sabe? - A voz dela estava tão fraca.

- Eu apenas sei. – Respondi mais pra mim do que pra ela.

E a abraçava forte como se meu abraço tivesse o poder de apagar tudo de ruim que ela viveu.

- Klaus...
Seus olhos iam se fechando aos poucos.
Sua voz cada vez mais fraca.

- Klaus... eu estou... morrendo....

Não.

- Você só está fraca, amor, mas logo vai voltar pro seu corpo e vai ficar tudo bem.

E a abracei de forma mais desesperada, de olhos fechados, desejando que aquilo tudo fosse um pesadelo. Mas eu sabia que não era.

Caroline parou de se mexer.
Eu não escutava mais sua voz, sua respiração, nem seu coração.

Eu não queria acreditar. Aquilo não podia estar acontecendo. O corpo dela nem estava ali de verdade, ela só precisava voltar dentro do tempo limite.

E eu não queria abrir os olhos. Mas abri.

A pele dela começou a mostrar um tom arroxeado.

E o desespero que já estava em mim me dominou por completo.

- Caroline...? CAROLINE!!!!





"However Long It Takes" - KlarolineWhere stories live. Discover now