Capitulo 11

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Pov Klaus

Eu queria gritar a plenos pulmões. Mas estava em choque. Caroline sumiu. Ela sumiu. Eu estava desesperado!!! E não podia fazer nada naquele momento, nem soube o que fazer, pra falar a verdade, a não ser deixar crescer em mim uma raiva desmedida. Minha voz quase não saía, mas eu precisava entender o que estava acontecendo.

- O que????? Alaric, do que você está falando????

Eu não conseguia nem controlar minha respiração.

- Klaus, eu também não sei o que está acontecendo, as meninas ainda estão dormindo. Eu não sei o que dizer a elas quando acordarem e perceberem que a mãe ainda não chegou. Ela simplesmente sumiu, eu só sei que ela chegou a entrar em Mystic Falls, isso se as mensagens não eram falsas, mandadas por outra pessoa, caso ela tenha sido...

- Sequestrada????

Eu o interrompi, com raiva e sem a menor paciência pra calma e racionalidade.

- VOCÊ ESTÁ DIZENDO QUE ELA PODE TER SIDO SEQUESTRADA??????

Meu desespero nesse momento foi maior que o choque inicial e eu finalmente gritei o quanto precisava. Minha cabeça começou a trabalhar freneticamente, criando estratégias pra salvar Caroline, seja lá em que condições ela estiver. Continuei falando, esperando de verdade que Alaric entendesse meu raciocínio e seguisse minha sugestão.

- Porque se Caroline foi sequestrada, ela é refém de alguém ou de um grupo e se isso realmente aconteceu, ela pode estar sendo torturada ou coisa pior! Não temos tempo a perder, precisamos encontrá-la o mais rápido possível!!! Nós não temos como fazer isso sozinhos. Você precisará contar a verdade pras suas filhas, Alaric. Vamos precisar da ajuda delas!

Deu pra notar, no momento em que citei as filhas dele, um certo incômodo. Alaric ficou em silêncio e sua respiração ficou mais pesada. Eu falava alto, o suficiente pra acordar a casa inteira, então Hope logo apareceu na porta do meu quarto.

- Pai, o que houve?

Ela me olhava com a cara amassada de sono, os olhos quase fechados, mas estava ali, preocupada. Eu não queria, realmente não queria envolvê-la em mais nada perigoso. Queria proteger Hope pra sempre e isolá-la das coisas ruins do mundo. Mas, naquele momento, eu precisava dela.

- Alaric, irei pra Mystic Falls o mais rápido possível. Por favor, me ligue assim que tiver notícias.

Desliguei o telefone sem dar chance dele responder nada. Virei pra porta e Hope ainda estava ali, esperando uma explicação, agora mais desperta. Eu nem sabia o que dizer direito. Ainda estava desesperado, cheio de medo e ódio. Sussurrei, mais pra mim que pra ela.

- Caroline... Ela sumiu...

- O que?

Antes de Hope ter qualquer reação, ouvi a voz de Freya, que rapidamente entrou em meu quarto, com uma expressão preocupada.

- Eu não sei o que aconteceu. Mas preciso da ajuda de vocês!!

Contei as poucas informações que Alaric me deu e as duas se uniram pra tentar achar Caroline através da magia. Fomos para o escritório e elas ficaram longos minutos, parecia que ficariam ali pra sempre, derramando sangue em um mapa sobre a mesa, enquanto falavam palavras em latim que eu sequer prestei atenção no que eram. Esse sangue, a princípio, corria pra vários lados diferentes, até que começou a percorrer um caminho específico, mostrando que ela realmente estava em Mystic Falls. Quando isso aconteceu, Freya e Hope mudaram o sentido do ritual, dessa vez na tentativa de realmente vê-la. As duas se sentaram uma de frente pra outra nas cadeiras, mantendo o mapa entre elas e se concentraram, falando mais palavras em latim. O tempo continuou passando e meu desespero só aumentava. Já sabíamos que ela estava em Mystic Falls, então as mensagens que Alaric recebeu pareciam verdadeiras, pelo menos, mas eu precisava de mais informações.

Freya e Hope continuaram bastante concentradas, ambas de olhos fechados e de mãos dadas. Depois de mais um tempo, elas finalmente abriram os olhos, muito assustadas, ambas com a respiração ofegante e olharam pra mim. Hope tinha lágrimas nos olhos e não conseguiu dizer nada. Freya falou, apesar de estar quase em pânico também.

- Klaus... Caroline está em perigo.

E ela me disse o óbvio.

- Freya, por favor, DISSO EU JÁ SEI!!!

Eu acabei gritando com a minha irmã e sendo um imbecil com ela, mesmo ela me ajudando. Mas eu precisava de informações novas, precisava começar a agir!! Quase duas horas se passaram desde a ligação do Alaric e eu não tinha tomado nenhuma atitude. Eu não gosto disso, não sou assim, eu sou do tipo que toma atitudes rápidas e certeiras, nem que pra isso eu sacrifique alguém ou a mim mesmo. Não importa quantas pessoas eu machucarei, quantas matarei, cheguei a tentar matar a mim mesmo num momento extremo apenas pra salvar minha filha! Eu sou assim, eu vou ao extremo, se necessário, se preciso for, engano todos, faço qualquer coisa pra conseguir o que quero. Então estar dentro de casa, de mãos atadas, sem saber o que fazer e dependendo de magia pra achar Caroline, enquanto ela pode estar machucada de todas as formas possíveis e correndo o risco até mesmo de ser assassinada, isso está me deixando pior a cada minuto perdido. Freya não merecia que eu brigasse com ela, mas eu não aguentava mais estar ali.

Hope se levantou da cadeira e interrompeu meu momento de grosseria, completando o que Freya ia dizer e que eu não deixei.

- Pai, me escuta!! Nós achamos a Caroline, ela está presa em um cubículo dentro de uma casa abandonada.

- Vocês conseguiram ver aonde exatamente ela está?

Perguntei, vendo alguma luz no fim do túnel. Freya também se levantou e finalmente falou o motivo delas estarem tão assustadas.

- Klaus, nós a vimos e... Caroline está muito mal. Não sei o que está acontecendo, porque ela não parece machucada com verbena nem nada disso, fisicamente ela está intacta... Mas seu rosto... mostra uma dor completamente desmedida. Uma dor insuportável. Ela está sofrendo!

E o desespero em mim aumentou novamente.

- Onde ela está????

Está acontecendo exatamente o que eu imaginei. Caroline está sendo torturada. Agora mais do que nunca preciso ir aonde ela está e resgatá-la. Não preciso saber de mais detalhes. Caroline não precisaria estar sofrendo nem 1% do que ela está agora, pra eu me preocupar e fazer de tudo pra salvá-la. Freya finalmente respondeu a minha pergunta.

- Sabemos sim, a casa onde ela está fica num bairro perto da Escola Salvatore, vou te enviar a localização e o trajeto pelo celular.

Eu a ouvi e me virei pra me arrumar e ir pra Mystic Falls o mais rápido possível, enquanto ela estava com o celular na mão, quando Hope me interrompeu, vindo correndo atrás de mim e tocando em meu ombro.

- Pai... PAI! Eu vou com você.

- Hope, eu já tive a ajuda necessária. Não precisa vir comigo, sua tia vai me mandar o caminho, lá terei Alaric e as filhas dele pra me ajudarem.

- Não, pai, não começa, você não vai me impedir de ir. Eu vou com você!

Mas não é possível, essa menina quer me enlouquecer??? Ela sabe que essa situação pode se tornar perigosa pra todo mundo e quer se expor?? Eu simplesmente a ignorei e continuei andando até o meu quarto. Ela quer se meter em algo que nem sabe do que se trata e isso é loucura. Quando cheguei na entrada do meu quarto, a porta se fechou sozinha repentinamente na minha cara, me impedindo de entrar. Hope fez isso. Me virei de frente pra ela.

- Pai. Você. Não vai. Me impedir. De ir.

Ela estava com a mão suspensa, com o gesto que tinha acabado de fazer pra fechar a porta na minha cara e falava dando umas pausas bem irritantes e com uma cara de decidida e um ar de superior, o que me deu uma séria vontade de trancá-la no quarto até ela mudar de ideia e desistir de ir. Mas Hope é uma bruxa muito poderosa e ela sabe disso, então se eu realmente a trancasse no quarto, não ia adiantar nada.

- Hope, por favor, não me obrigue a brigar com você agora, não temos tempo pra isso.

- Pai, é sério, eu estou preocupada com Josie e Lizzie.

- E desde quando você é amiga das filhas da Caroline? Pelo que sei não é bem assim...

Ela pareceu surpresa por eu saber disso. E eu realmente sei que elas não se dão tão bem. Hope ficou meio sem graça, mas insistiu.

- Olha... nós realmente não somos as melhores amigas o tempo todo. Eu não as amo 24 horas por dia nem 7 dias por semana, temos nossos problemas. Mas pai, a mãe delas sumiu e está em perigo. Elas precisam de ajuda e eu quero ajudá-las no que for necessário.

Seu olhar triste e sua forma de falar, bem menos autoritária e mais preocupada, querendo resolver a situação logo, me soaram bastante sinceras e eu acabei cedendo, sem concordar nem um pouco. Porém, mesmo me opondo à sua participação no resgate de Caroline, eu realmente gostei de ver empatia, bondade, altruísmo em Hope. Nesse momento, ela me lembrou muito Hayley. Corajosa e bondosa. Essa atitude com certeza está ligada também ao fato dela ter perdido a própria mãe e não desejar isso pra ninguém. Respirei fundo e aceitei sua decisão. Ela fez um outro gesto com a mão e isso fez com que a porta do meu quarto abrisse completamente.

Pov Caroline

Escuridão. Me vi numa escuridão infinita nem sei por quanto tempo. Acho que passei mais tempo do que deveria desmaiada. E isso não é normal. Eu sou uma vampira, já tive meu pescoço quebrado milhares de vezes e nunca demorei tanto assim pra acordar. Acho que me alteraram de alguma forma, fizeram algo comigo que fez com que minha "morte" demorasse mais pra ir embora. Eu senti a vida voltando ao meu corpo e fui abrindo os olhos devagar. Esse gesto tão simples, me fez sentir um peso enorme e a dor que vem sempre que volto à vida após ter o pescoço quebrado. Mas dessa vez, a dor estava mais intensa e não atingia apenas meu pescoço, mas o corpo todo. Eu parecia uma humana doente. Me sentia fraca, com a cabeça pesada. Fiquei algum tempo assim, deitada, de olhos abertos e sem coragem pra me mexer. Depois, com muita dificuldade, me sentei e olhei em volta, tentando entender o que aconteceu. Notei que estava em um quarto bem pequeno. Me levantei e andei devagar até a porta, que tinha uma pequena abertura, olhei pra fora e não vi ninguém. Comecei a bater na porta, mas percebi que não adiantaria, pois estava muito fraca e não conseguia fazer nenhum ruído. Senti uma fome absurda e pensei que poderia me alimentar, talvez depois disso eu melhorasse. E só aí notei que não havia sangue onde eu estava trancada. Aquele cara iria me deixar com fome? Isso era uma forma de tortura?

Voltei pra porta e tentei fazer o máximo de barulho possível. Estar presa e faminta, sem saber o porque e sem ter com quem falar, me deixou tão irritada e tão cheia de ódio, que quando me dei conta, já estava gritando e batendo na porta desesperadamente. Não sei de onde tirei tanta força. Quando estava quase sem voz de tanto gritar e tinha desistido e me afastado da porta, o imbecil que me sequestrou apareceu e ficou olhando pra mim através da abertura do lado de fora do quarto.

- Finalmente acordou, moça! Achei q o feitiço de sono ia durar pra sempre, como a Bela Adormecida...

Ele dizia isso enquanto ria de mim e me olhava com a cara mais tranquila do mundo, como se eu não fosse sua refém e ele não tivesse me deixado passando fome. Corri em super velocidade até a porta e bati fazendo um barulho enorme na tentativa de assustá-lo.

- ME TIRE DAQUI!!!

Eu gritava, completamente transformada, deixando as veias debaixo dos olhos bem evidentes e meus dentes à mostra. Ele não teve nenhuma reação nem demonstrou medo. Sua postura era de quem via que tudo estava dando certo.

- Ah, querida, não faz assim. Sugiro que poupe suas energias. Sei que já está bastante desgastada e não pretendemos alimentá-la tão cedo.

- VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO!!!

O bruxo apenas sorriu com desdém, apoiou sua mão na porta e chegou bem perto da abertura, me encarando.

- Podemos fazer coisas ainda piores...

Seus olhos ficaram totalmente negros por um segundo, depois voltaram ao normal, enquanto ele sussurrava algo que eu não consegui ouvir. Depois, se afastou da porta.

- Porque não descansa um pouco? Vai precisar...

E foi embora, me deixando sozinha, sem comida e sem saber porque eu estava presa. Eu voltei a bater na porta, gritando por socorro, mas claro, em vão. Eu não conseguia entender o motivo de eu estar naquela situação. Não me lembro de ter feito inimigos nos últimos anos. É estranho também ninguém ter vindo fazer nenhuma chantagem, pedir dinheiro, me ameaçar de alguma forma ou me agredir como um inimigo faria. O objetivo de quem me prendeu parece ser "apenas" me enfraquecer, me prendendo sem comida. Mas por que?

Me virei e encostei minhas costas na porta e fui escorregando, até sentar no chão. A fraqueza começou a tomar conta do meu corpo, conforme o tempo ia passando, mas não só isso. Conforme eu ia sentindo meu corpo cada vez mais fraco, pensamentos completamente descontrolados invadiam minha mente e eu via coisas como se fosse em um filme de terror, com imagens desconexas, mas muito claras, como se fossem reais. Comecei a ter alucinações com Klaus, Hope, a Escola Salvatore, minhas filhas, eu via todos em perigo. Via Klaus morrendo da forma que ele realmente tentou, Hope se expondo a perigos, vi Alaric machucado, a Escola Salvatore em chamas... mas as piores alucinações eram sobretudo com Lizzie e Josie. Elas apareciam pra mim sendo torturadas, física e psicologicamente, sendo levadas pra longe de mim, passando por situações que não desejo ao pior inimigo. Era bem provável que minha mente estivesse produzindo tudo isso por medo, até porque eu estava presa e sabe-se lá o que estava acontecendo com elas e com todos na minha ausência. Então tentei respirar fundo e retomar o controle da minha mente, não permitindo que essas imagens me dominassem.

Minha tentativa falhou e eu desmaiei quando vi minhas filhas caindo sem vida na minha frente após terem seus corações arrancados.

Pov Klaus

Ao chegar em Mystic Falls, me comuniquei com Alaric, avisando sobre onde Caroline está e ouvi dele que as gêmeas também a acharam. Eu e Hope fomos pra Escola Salvatore, nos encontramos com Alaric, Josie e Lizzie e fomos todos juntos resgatar Caroline no carro dele, conforme o trajeto que Freya me enviou. Seguimos caminho no mais absoluto silêncio, cada um imerso em seus próprios pensamentos, escutando apenas a voz do GPS dando as instruções. No fundo, todos nós tínhamos o mesmo medo: de chegarmos tarde demais. Dava pra sentir a tensão no ar, como um peso em nossos ombros. O bairro onde fica essa casa é meio escondido, não tem muitas placas de sinalização, nem sinal de vida, na verdade. Conseguimos encontrar o lugar, uma casa abandonada, escondida num bosque, com mato alto em volta. Parece que ninguém entra lá há anos. Não pensei muito, apenas sai do carro antes mesmo de Alaric estacionar e fui correndo até a porta, nem esperei os outros. Hope tentou me interromper.

- Pai, cuidado, pode ter algum feitiço de proteção!

Eu a ouvi, mas não interrompi meu caminho. Parei diante da porta e tentei empurrá-la com cuidado, contando que seria jogado pra longe por algum feitiço e ela se abriu facilmente. Achei isso muito estranho, mas não pensei em nada naquele momento, apenas entrei e comecei a procurar o tal cubículo onde Caroline estava, seguido por Hope, Josie, Lizzie e Alaric. Procuramos por alguns minutos, a casa era grande, com dois andares, então demoramos um pouco. Estava caindo aos pedaços, quase não tinha moveis e cheirava a poeira e mofo. Eu já estava ficando bastante irritado, com certeza Caroline estava ali bem na nossa cara, mas não conseguíamos achar. Até que ouvi um grito.

- ACHEI!!!!

Era Josie, no fim do corredor no andar de cima da casa. Subimos todos correndo, eu em super velocidade cheguei lá primeiro. Chutei a porta de madeira com toda a força. E a encontrei.

Caroline estava caída no chão, encharcada de suor, com os olhos abertos e sem vida, falando coisas desconexas. Ela estava alucinando. Eu não consegui desviar meu olhar dos seus olhos vidrados. Em mil anos de vida, me deparei com muitas cenas traumáticas, sofri abusos do meu pai, vi meu irmãozinho sendo morto por lobos e vários outros momentos, que doeram demais em mim. E vê-la naquela situação com certeza se tornou um desses momentos. Uma tristeza enorme, misturada com revolta me invadiu e eu não sabia se chorava ou se matava alguém.

- Caroline?

Me aproximei dela, me abaixei e toquei em seu rosto, afim de fazê-la tomar alguma atitude diferente, mas ela continuava com o olhar perdido e completamente alheia.

As meninas e Alaric chegaram logo depois. Lizzie e Josie correram imediatamente até Caroline, desesperadas, ambas chorando muito. Elas chamavam pela mãe e a sacudiam, mas não tiveram nenhuma resposta. Eu me virei pra porta e lá estavam Alaric, completamente pálido e Hope, que olhava pra mim e pras gêmeas, com lágrimas nos olhos também. O cenário era desesperador. Tomei a iniciativa de tirar Caroline dali antes que quem a sequestrou chegasse. Pedi licença às meninas e a segurei com o máximo de delicadeza possível, como se ela fosse quebrar. Nunca vi Caroline tão frágil. Nem quando eu mesmo a machuquei. E vê-la assim me destrói. Quando suspendi seu corpo, segurando-a no colo o mais próximo de mim e aproximei meu rosto do dela, aí sim ela teve um segundo de consciência. Foi quando finalmente seus olhos encontraram os meus.

- Klaus...

Caroline sussurrou meu nome, sua voz quase não saia. Ela tentava segurar meus ombros, mas estava fraca demais, então Josie a ajudou a se apoiar. Ela deitou a cabeça no meu ombro, respirou fundo e fechou os olhos, procurando descanso em mim.

- Eu vou tirar você daqui, amor.

E saí correndo daquele quarto, desci as escadas, torcendo pra nenhum desgraçado aparecer e tentar me impedir de ir embora com ela. Felizmente e de forma bem fácil até, consegui sair daquela maldita casa, levei Caroline até o carro, com Alaric logo atrás de mim, bastante nervoso.

- Klaus, cadê as meninas???

Elas deveriam estar ali, logo atrás da gente. Nós dois olhamos pra porta da casa aberta, mas nenhuma das três saía de lá. Alaric ligou pra uma delas.

- Lizzie, vamos, o que vocês estão fazendo aí dentro ainda????

Ela respondeu e ele continuou olhando pra porta. Passaram-se longos segundos, pensei que tinha acontecido alguma coisa, mas elas finalmente saíram de lá. As gêmeas chorando sem parar e Hope abraçada às duas, tentando consolá-las ao máximo. Entraram no carro, acomodei Caroline no colo delas e fomos embora. Eu queria me sentir aliviado, porque não fomos pegos e conseguimos salvá-la. Mas não consigo me acalmar. Tem alguma coisa errada. Eu posso sentir...

Pov Caroline

Eu não aguentava mais. As cenas de terror, ódio, violência, solidão, invadiam minha mente e me cercavam, me fazendo vê-las em eterno looping. Depois que desmaiei ao ver imagens das minhas filhas morrendo, achei que tudo isso fosse passar com o tempo, que em algum momento alguém iria me alimentar e isso me fortaleceria, me permitindo lutar contra as alucinações. Mas quando acordei, elas voltaram mais fortes que antes. Eu estava ainda mais esfomeada, fraca, mal conseguia me mexer. Sentia muito frio e estava completamente atormentada pelas imagens que me corroíam, como se fossem verbena em minhas veias. Além de continuar vendo imagens terríveis das minhas filhas, também me via sozinha, Alaric me proibindo de ter contato com Josie e Lizzie, via Klaus me abandonando... todos os meus medos me cortando como faca envenenada.

- Não... não... por favor...

Eu sussurrava completamente sem forças e sentia meu corpo desfalecer mais e mais. Realmente me sequestraram pra me fazer morrer de fome. Será que Klaus soube do que aconteceu? E as minhas filhas? Será que tem alguém me procurando?

Quando me senti ainda mais fraca, ainda enfrentando as alucinações e pensei que realmente iria morrer, escutei um forte estrondo e passos dentro do quarto onde eu estava.

- Caroline?

Achei ter escutado a voz de Klaus, mas devia ser alucinação, como as anteriores. Senti um leve toque em meu rosto, que, de certa forma, me acalmou um pouco. Que bom, enfim minha mente está enfrentando toda a tortura e produzindo boas sensações. Eu não conseguia me mexer, estava apática, mas senti cada movimento, escutei cada voz em torno de mim. Incluindo as vozes das minhas filhas, gritando por mim aos prantos. Senti que me sacudiam com desespero. Não sei que alucinações são essas, mas com certeza são melhores que as anteriores. Percebi que meu corpo foi tirado do chão sem muito esforço e ao sentir sua respiração quente em meu rosto e seus braços me segurando com firmeza, finalmente tive certeza de que era real. Klaus veio me salvar. E acho que as vozes das minhas filhas também eram reais. Não lembro muito do que aconteceu, as imagens se misturam na minha cabeça. Só lembro de Klaus dizendo que ia me tirar daquele inferno.

...

Acordei não sei quanto tempo depois. Sentia meu corpo pesado e dolorido, mas dessa vez me sentia confortável. Abri os olhos e percebi que estava deitada em meu quarto.

- Está tudo bem, Caroline. Você está salva.

Meu coração pulou dentro do meu peito, tamanho o susto que tomei ao escutar a voz de Klaus e vê-lo sentado na minha cama ao meu lado. Ele notou meu nervosismo e se aproximou mais de mim, tocando em meu rosto e me olhando nos olhos, tentando me passar a maior segurança possível. E finalmente lembrei de tudo o que aconteceu. Lembrei do sequestro, da fome, das alucinações. Fiquei preocupada e desnorteada, minha cabeça ainda estava um nó, sem saber distinguir alucinações e realidade.

- Klaus... eu vi você. Vi minhas filhas. Hope. Alaric. Todos vocês sofriam. Aquilo me doeu tanto... eu não sei porque fizeram isso comigo. Não sei quem foi...

Klaus enxugava as lágrimas que desciam pelo meu rosto.

- Calma, amor. As meninas, eu e Alaric estamos bem, tudo aquilo que você viu não é real. Nós vamos descobrir quem fez isso, não se preocupe. Agora o que importa é que você está longe daquele lugar. A dor acabou. O sofrimento acabou. E agora você está aqui. Vai ficar tudo bem.

Seu olhar no meu era tão familiar e acolhedor, me transmitia tanta segurança, que acreditei em cada palavra que ele disse.
- Você está muito fraca, precisa se alimentar. Vem cá. Deixa eu cuidar de você.
E me ajudou a levantar, me pondo sentada e se colocando atrás de mim, apoiando meu corpo no dele. Depois, mordeu o pulso e me ofereceu. Eu aceitei imediatamente e suguei seu sangue com muita pressa e desespero, enquanto sentia meu corpo ganhando força novamente. Perceber o quanto Klaus se preocupa comigo, depois de tudo o que eu passei, fez eu me sentir tão amada, que preferi não lembrar de nada do que sofri naquele dia. Eu estava salva e Klaus estava ali comigo. E naquele momento, isso era o que realmente importava.

* Horas antes na casa em que Caroline ficou presa *

Após Klaus sair com Caroline no colo e Alaric seguir logo atrás, Lizzie, Josie e Hope desceram as escadas e estavam quase indo embora, quando tomaram um susto ao se depararem com um casal bloqueando a saída.

Hope deu um passo a frente.

- Quem são vocês?

O bruxo que sequestrou Caroline respondeu de forma irônica:

- Tudo deu certo mesmo, mãe. Estou até surpreso, confesso...

Ao lado dele, a mulher, também bruxa e tão loira quanto ele, de olhos azuis, parecia pouco mais velha e sorria de orelha a orelha.

- Eu sabia que daria certo, filho. O plano perfeito...

Josie enxugava as lágrimas do rosto e se preparava pra atacar.

- Do que vocês estão falando?

O bruxo deu uma gargalhada.

- Vocês não acharam que o namoradinho da mamãe de vocês iria salvá-la tão facilmente, se nós não tivéssemos planejado isso, não é? Como podem ser tão poderosas e tão tolas ao mesmo tempo?

Lizzie deu um passo a frente ficando ao lado da Hope.

- Deixa a gente ir embora!!

A bruxa deu um passo à frente também, ficando bem próxima de Lizzie.

- Não sem antes vocês saberem o porque de tudo isso. Nosso foco nunca foi Caroline, Lizzie. Nosso objetivo era atingir vocês. Ela foi apenas a isca.

As meninas se entreolharam, sem entender.

- Tivemos que deixá-la sem se alimentar para se tornar vulnerável a nós, pra que pudéssemos tortura-la e deixá-la fácil de ser encontrada por vocês. Nós acabamos com o psicológico dela, mas enfim, ossos do ofício.

Lizzie deu um passo ainda mais perto da bruxa, se tornando mais ameaçadora.

- Por que você fez isso?

Sua voz demonstrava todo o ódio que sentia. Ela falava de uma forma que dava pra notar que ela queria arrancar a cabeça daquela mulher.

- Porque queremos usar vocês duas. Vocês serão nossas espiãs. Serão usadas por nós, manipuladas à distância e nos darão todas as informações necessárias. Esse é o castigo por terem bloqueado o acesso às sombras-espiãs que mandamos antes.

Josie correu até Lizzie e se colocou entre ela e a mulher, interrompendo-a.

- Pra que????? O que você quer de nós???

O homem se aproximou das meninas e pôs a mão no ombro de sua mãe.

- Queremos a Escola Salvatore. Queremos que ela seja nossa. E pra isso, precisamos conhecer toda a rotina, e miná-la de dentro pra fora, pra que enfraqueça e facilite nosso trabalho de tomá-la pra nós.

Hope se aproximou do homem e jogou um feitiço que fez com que ele se desesperasse com a forte dor que sentiu em sua cabeça, mas a mãe dele a atacou de volta, fazendo com que ela sentisse a mesma dor insuportável. Hope gritava, enquanto segurava as têmporas, na tentativa de suavizar a dor.

- Pobre Hope... Não tínhamos planejado nada pra você querida, mas já que está aqui...

Hope foi caindo no chão, conforme a dor aumentava. Josie e Lizzie tentaram atacar a bruxa juntas, mas o filho dela já tinha se recuperado e se juntou a mãe, ambos devolvendo o golpe, arremessando as duas longe. Ambas bateram com muita força na parede e caíram no chão.

- Você também será nossa espiã. Divirta-se, não tendo controle sobre si mesma e suas atitudes. Soube que essa não será sua primeira vez.

Hope ficou de pé, assim como as gêmeas e se juntaram pra atacá-los novamente, quando a bruxa fez um gesto que paralisou as três e as obrigou a fecharem os olhos.

- Agora é o momento em que vocês esquecerão completamente tudo o que aconteceu. Vocês não nos viram aqui e não tiveram essa conversa.

Seus olhos ficaram negros enquanto ela sussurrava palavras em latim.

Segundos depois, Hope, Lizzie e Josie abriram os olhos e se entreolharam, sem entender porque estavam paradas no meio da sala vazia. O telefone de Lizzie tocou. Era Alaric.

- Lizzie, vamos, o que vocês estão fazendo aí dentro ainda????

Ela ouvia a voz do pai e se sentia meio tonta, mas respondeu.

- Já estamos saindo.

Desligou o telefone e começou a chorar de alívio, porque a mãe estava salva e de tristeza por ter que passar por tudo aquilo. Josie a abraçou muito forte, chorando também. Hope se aproximou e abraçou as duas, o mais forte que conseguia, tentando passar todo o conforto que gostaria de ter recebido quando perdeu sua mãe.

- Nossos pais estão esperando lá fora. Precisamos tirar Caroline daqui, antes que alguém apareça.

E as três saíram abraçadas e sem se lembrarem de nada do que aconteceu naquela sala com elas.




"However Long It Takes" - KlarolineWhere stories live. Discover now