Capítulo 18

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Pov Caroline

Dias se passaram, o ano virou, a rotina voltou ao normal, as aulas voltaram e ninguém ainda tinha pensado num bom plano pra atrair os bruxos e salvar a mente de Lizzie sem colocar a vida da minha filha em risco. Hope e Josie, enquanto isso, continuam tentando recuperar a mente dela sozinhas e dentro de um limite pra não serem descobertas pelos bruxos. E não conseguem nada. A mente de Lizzie está se perdendo cada vez mais. Bonnie também tem investigado, mas não tem conseguido pensar em algo concreto. Klaus, por incrível que pareça, também não, porque a atitude que devemos tomar tem muito mais a ver com magia do que com estratégias. E eu estou ansiosa. Porque Lizzie, durante esses meses, chegou a demonstrar que não estava bem, mas ultimamente ela tem piorado. Tem esquecido as coisas, tem estado mais estressada, cansada e, nos últimos dias, as brigas entre ela e os colegas aumentaram muito. E ela tem evitado falar comigo. A minha vontade é de simplesmente abrir o jogo com ela, dizer que eu sei de tudo o que tem acontecido, que quero ajudá-la. Mas, assim como Hope e Josie antes de acordarem, ela também não faz ideia do que está acontecendo e saber de maneira direta assim, vai fazer com que a situação piore. Ela precisa ser trazida de volta da mesma forma que as outras. De forma indireta, depois da mente ser alimentada.

Eu estava no meu escritório, arrumando a estante de livros pela milésima vez e no meu terceiro copo de uísque, pra diminuir um pouco meu nervosismo diante desse problema, quando ouço um barulho que me deu um susto, de tão concentrada que eu estava. Olhei em direção à porta e vi Buffy.

- Oi, Caroline. Desculpa entrar assim, a porta estava encostada.

Suspirei com um certo alívio. Desde que fui sequestrada no ano passado e com tudo o que minhas filhas sofreram e ainda sofrem, eu tenho me assustado com qualquer coisa.

- Ah, tudo bem Buffy, pode entrar.

Ela fechou a porta e entrou, se aproximou de mim e ficou olhando pra estante desarrumada enquanto falava.

- Eu preciso de um livro sobre a história das caçadoras de vampiros e não vi na biblioteca, então pensei que poderia estar aqui.

Acompanhei seu olhar e procurei o livro que ela queria. Achei facilmente, porque estava no lado da estante que eu ainda não tinha mexido e entreguei a ela.

- Mais alguma coisa?

Perguntei meio seca. Eu queria ficar sozinha. Estou nervosa, ansiosa, vulnerável, só queria arrumar aqueles livros em paz pra não surtar. Buffy ficou meio reticente, mas acabou decidindo falar.

- Na verdade, sim.

Às vezes esqueço que sou dona de uma escola, que preciso dar atenção aos alunos, professores, a todos que fazem parte daqui. Não posso ficar fechada nos meus problemas. Buffy está aqui há pouco tempo e pode estar enfrentando dificuldades em se adaptar às turmas. Até porque, mesmo sendo aulas não obrigatórias, a procura dos alunos foi grande. Então eu tenho que dar atenção a ela.

- Claro, vem, vamos conversar.

Indiquei a cadeira em frente à minha mesa e me sentei também. Ela se sentou, pôs o livro no colo, cruzou as mãos sobre ele e olhou pra mim com uma cara muito séria. Comecei a ficar nervosa. Será que ela odiou os alunos e vai pedir demissão?

- Eu simplesmente estou amando dar aulas aqui!

E abriu um sorriso enorme. Foi como se um peso tivesse saído de cima dos meus ombros. Finalmente consegui respirar direito e sorrir também, aliviada.

- Ufa!! Pela sua cara achei que você fosse dizer outra coisa!!

- Não, eu só queria fazer suspense.

E demos risada. Mesmo ansiosa, acabei me distraindo um pouco com a presença dela ali. Buffy começou a falar toda animada sobre as aulas, os treinamentos, as reações dos alunos, todos super interessados na grande caçadora de vampiros. Ela é praticamente uma celebridade no meio sobrenatural. Coleciona amigos e inimigos por onde passa. É adorada, temida e odiada também. Foi ótimo conseguir trazê-la, eu a admirava há anos, sempre achei que ela transmitia segurança. Buffy sempre me pareceu ser uma boa pessoa, e convivendo com ela percebo que minhas impressões estavam certas. Ela é simpática, agradável de se conversar e sempre preocupada com o bem estar dos alunos. Tem ganhado cada vez mais minha confiança.

- Só tenho notado um problema.

Pronto, meu estresse voltou. Buffy ficou séria de novo e me pareceu realmente preocupada.

- O que é? Pode falar, a gente resolve, seja lá o que for.

Ela se ajeitou na cadeira, parecia desconfortável.

- A sua filha. A loirinha, Lizzie. Ela não parece nada bem, Caroline...

Um frio subiu pela minha espinha. A situação de Lizzie está começando a ficar visível por todos. Até mesmo por alguém que está aqui há menos de um mês. E ela começou a mencionar todas as coisas que tem notado, a falta de concentração, a agressividade, a agitação, o olhar perdido, o desânimo... isso tudo apenas na última semana. E Buffy estava realmente preocupada com essa mudança repentina de comportamento. Mal sabia ela...

- Caroline, eu pensei na possibilidade dela estar entrando em depressão. Isso é algo muito sério, adolescentes não sabem lidar com essas coisas. Acredite, eu já estive nessa situação, a gente nunca sabe lidar nem quando adultos, ainda mais na idade dela.

Eu me controlei. Ouvi com atenção cada palavra do que ela me disse, mas meu coração acelerava cada vez mais, a tristeza tomava conta de mim conforme ela falava e a vontade de chorar foi incontrolável. Não consegui segurar as lágrimas. Buffy interrompeu o que dizia e se assustou com a minha reação.

- Nossa, você está chorando? Não, não chore...

Segurou minhas mãos, tentando me apoiar.

- Vai ficar tudo bem, ok? Nós vamos ajudá-la a superar.

Eu não aguentei. Eu precisava falar. Precisava desabafar a dor de ver minha Lizzie presa nas mãos daqueles bruxos, precisava chorar, expressar o medo enorme de perder minha filha. Ela está enfraquecida e não tem consciência do que está acontecendo, porisso está agindo dessa forma. Então eu acabei contando tudo pra ela, mesmo não a conhecendo direito.

- Não é isso, Buffy. Lizzie não está em depressão.

Buffy me olhou sem entender nada. Eu dizia isso e ao mesmo tempo não conseguia parar de chorar. E comecei a contar tudo que aconteceu desde o momento em que fui sequestrada. Falei da tortura que sofri, dos bruxos abusando mentalmente das meninas, da possibilidade de ter demônios dentro da Escola Salvatore, falei sobre como Klaus tem sido maravilhoso comigo e finalmente falei sobre Lizzie e o risco que ela está correndo de ter sua mente completamente tomada pelos bruxos. Eu estou realmente apavorada, mais ninguém naquela escola além de mim e Alaric sabe do que está acontecendo. Ela foi a primeira a saber.

Buffy ouviu atentamente e demonstrou surpresa ao saber de tudo isso. Quando eu acabei de falar, ela me olhava com preocupação e tristeza, se mostrando solidária à minha dor. E então, pareceu ter uma ideia.

- Olha, eu conheço pessoas que podem ajudar.

- Buffy, eu não quero envolver mais gente nisso, pode acabar expondo as meninas e piorar tudo. Porisso mesmo apenas Spike tem nos ajudado.

Mencionar o nome de Spike fez ela ficar levemente vermelha e sem graça, mas disfarçou e continuou falando.

- Sim, mas esses são meus amigos pessoais. São confiáveis e tem bastante experiência. Eu tenho certeza que eles farão tudo o que puderem pra ajudar.

- Mas quem você está pensando em chamar?

- Giles, meu antigo sentinela, que me orientou e me treinou, ele sabe tudo sobre demônios. E Willow, minha melhor amiga. Ela é uma bruxa muito poderosa. Ah, e é claro, eu estou aqui. Me coloco a disposição pra ajudar também.

Eu olhava pra Buffy e ela estava tão decidida além de estar tão solícita que acabou me convencendo.

- Bem, se você diz que eles são confiáveis, então pode pedir ajuda a eles.

- Ótimo!

Ela sorriu, depois olhou pro celular e deu um pulo da cadeira.

- Nossa, já está na hora da próxima aula, nem vi o tempo passar!

Na verdade, nem eu notei, de tanto que a conversa fluiu. Parecia até que nos conhecíamos há anos. Quando Buffy estava a caminho da porta, eu a chamei de volta.

- Buffy...

Ela interrompeu o caminho e olhou pra mim.

- O que aconteceu entre você e Spike?

Seu rosto ficou vermelho de novo e ela olhou pros lados, totalmente desconfortável e suspirou. Depois olhou pra mim, com um sorrisinho.

- Longa história, Caroline. Depois te conto...

Buffy piscou um olho pra mim e eu sorri de volta, enquanto ela saía do escritório.


Pov Klaus

Estou em Nova Orleans, aproveitando um pouco do que a minha cidade oferece, mas sem conseguir tirar os problemas da minha cabeça. Eu e Caroline ainda não conseguimos pensar em um plano eficaz que possa libertar Lizzie, que não exponha nem ela, nem Josie e Hope. A ideia de usar Caroline como isca ainda é considerada pelas meninas e ela continua disposta a isso, mas eu não acho que seja uma boa ideia. Tudo bem, se não houver outra maneira terei que aceitar, é a filha dela que está em perigo. Mas vou fazer o possível pra que salvemos Lizzie de outra forma e não precise Caroline se expor novamente.

O fato de estarmos rodeados de gente tentando nos ajudar, no final das contas não ajudou em nada. Ninguém conseguiu pensar num bom plano, eu mesmo ainda não consegui pensar em nenhuma estratégia. Então decidi pedir de novo uma ajuda mais direta de Freya. Caroline foi contra, porque meu sobrinho acabou de nascer e ela está com sua atenção toda voltada ao filho e a Keelin. Caroline não quer atrapalhar, mas o tempo está passando. Tem quase um mês que soubemos da situação de Lizzie. Já estamos literalmente entrando em caso de vida ou morte. Precisamos de ajuda.

Dei um passeio pela rua, tentando clarear minhas ideias, quando vi de longe Vincent conversando com alguém e imediatamente me lembrei do encontro que tivemos no ano passado, quando pedi pra que ele me acompanhasse até Mystic Falls pra me ajudar na época que Hope tinha acabado de acordar da manipulação dos bruxos e ele se recusou, mas me deu uns livros que, segundo ele, seriam uteis, mas até agora não vi utilidade nenhuma neles. Parei diante da vitrine de uma loja de roupas masculinas e ele me viu de longe e acenou discretamente com a cabeça. Eu respondi e continuei no meu canto. Até pensei em falar com ele sobre Lizzie, mas se ele não quis me ajudar da outra vez da forma que eu precisava, não vai ser agora que eu vou conseguir convencê-lo.

Voltei pra casa e subi pro meu quarto, quando passei em frente ao quarto do neném, vi Freya com ele no colo, enquanto Keelin descansava no quarto delas. Fiquei olhando ela de costas pra mim, distraída, cantando baixinho e balançando o neném bem devagar, completamente concentrada no que estava fazendo. Senti uma certa paz vendo isso. Mesmo em meio a tantos problemas, minha filha em perigo, as filhas de Caroline também, olhar Freya com seu filho ali naquele momento me fez lembrar de Hope ainda bem pequena. Na época, por mais que o mundo lá fora fosse o próprio inferno, ameaçador, perigoso, com todos querendo me matar, matar minha filha e meus irmãos, quando eu entrava no quarto de Hope e a via dormir tranquilamente ou quando eu a pegava no colo, era como se nada de ruim existisse mais. Era só eu e ela no nosso mundinho. E olhando Freya agora cuidando do seu filho como eu cuidava da minha filha, me fez sentir um pouco de paz e saudade. Depois de um tempo, ela finalmente me viu.

- Ah, oi Klaus!

- Oi, Freya. Desculpa, te atrapalho?

- Ah não, ele já dormiu, não se preocupe.

Freya colocou o pequeno Elijah no berço e se virou pra mim. Olhou bem pro meu rosto e notou minha preocupação.

- Klaus, está tudo bem? Aconteceu alguma coisa?

Eu sei que ela agora não tem tempo e nem pode dar atenção a mais nada além do filho e da esposa, mas eu precisava falar. Faz tempo que não incluo Freya nos meus problemas, porque eu sei o quanto ela é abnegada e acaba se sacrificando pela família e acho que está na hora dela viver a vida dela em paz um pouco, pelo menos. Mas não tenho como enfrentar tudo sozinho.

- Freya, a manipulação dos bruxos que as meninas estão sofrendo...

Ela me olhava com atenção, esperando eu terminar de falar.

- ... aquilo está quase matando a Lizzie. Precisamos salvá-la.

Freya arregalou os olhos.

- Mas Klaus, você não me disse que Hope tinha se livrado da manipulação deles e vocês até mesmo eliminaram um exército de bruxos?? Achei que as coisas estivessem sob controle.

- Está muito longe disso ainda. Hope e Josie conseguiram se libertar, mas não totalmente. Elas mantêm uma farsa pra eles não descobrirem. A mente de Lizzie está se perdendo. As meninas deram a ideia de usar Caroline pra atraírem os bruxos e conseguirem salvar Lizzie, mas isso pode ser perigoso pra ela. Caroline foi sequestrada por eles, torturada e ainda não se recuperou, porque continua preocupada e temendo pelas filhas dela. Ela não pode enfrentar isso sozinha. Nossas filhas também não. E se os bruxos perceberem que é uma armadilha? Quem sabe o que pode acontecer? Não só Lizzie pode sair machucada, Hope, Josie e Caroline também... se não acabarem morrendo!

Meu tom de voz começou a soar mais alto e desesperado e o bebê se mexeu um pouco, quase acordando. Freya deu uma última olhada nele, que continuou dormindo e me puxou pro escritório.

- Klaus, você devia ter me contado antes! Há quanto tempo tudo isso está acontecendo?

Freya disse com uma certa impaciência, enquanto entrávamos no escritório ao lado do quarto do bebê.

- Há meses, Freya... Não estamos aguentando mais. O foco maior nesse momento está sendo Lizzie porque é a mais vulnerável agora. Mas me preocupo também com Hope e Josie. Isso de ocultar parte da mente do controle dos bruxos pode não funcionar mais a qualquer momento. E Hope já esteve nessa situação antes com a Hollow... ela... eu...

Meu nervosismo só aumentava. Eu tenho suportado muita coisa, me mantendo aparentemente controlado apenas por Caroline. Não quero mais explodir diante dela, como já fiz antes, isso não vai melhorar as coisas. Ela está tão tensa quanto eu e com uma das filhas se perdendo, o que ela precisa é de apoio, não de alguém mais nervoso que ela por perto. Mas ali, diante da minha irmã eu só queria explodir, chorar, quebrar coisas, matar alguém... Não necessariamente nessa ordem.

- Me ajuda! Por favor!

Eu não fazia mais questão de controlar o choro e as lágrimas desciam pelo meu rosto. Freya me olhava preocupada com tudo o que eu disse. Depois, parece que lembrou de algo importante e se virou pra estante. Ficou ali uns segundos, olhando, até achar um livro grande, marrom e empoeirado. Apoiou o livro na mesa e começou a folheá-lo, até encontrar o que estava procurando, que ela não disse o que era. Fechou o livro novamente.

- Acho que tive uma ideia.

- Qual?

- Hum... É sobre isso de Caroline distrair os bruxos. Seria algo bem desconfortável, mas acho que daria certo. Vou falar com ela.

Fiquei esperando Freya falar que ideia foi essa, mas ela apenas colocou o livro de volta no lugar.

- Você não vai mesmo me dizer?

- O que?

- Freya, por favor...

- Klaus, olha o quão nervoso você está?? Eu não vou dizer nada pra você, você vai querer se meter e pode atrapalhar tudo. Se a ideia é envolver Caroline nessa armadilha, quem tem que saber é ela!

- Você só está esquecendo que minha filha também está envolvida nisso!!

Eu realmente não queria gritar com ela, mas parece que ela estava implorando pra eu ser um babaca.

- Não, Klaus, eu não esqueci que a minha sobrinha corre risco. Não esqueci que ela ficou meses sendo manipulada por bruxos malditos, nem que antes disso ela foi tomada pela Hollow mais de uma vez. Eu amo a Hope, eu sempre a protegi, às vezes até fiz coisas que não deveria só pra ajudar ela, eu faria tudo por ela! Mas Klaus... olha pra você! Seu olhar é de desespero, sua voz sua postura, tudo me indica que você não está em condições de tomar decisão nenhuma agora!

Ela se aproximou de mim e segurou meus ombros com firmeza, mas ao mesmo tempo com carinho. Como uma irmã mais velha.

- Eu sei que é difícil, mas tenta se acalmar e eu falo do fundo do meu coração agora. Esse é um momento que cabe a Caroline decidir. Só a ela. Não a você. Quem está em maior perigo e precisa de ajuda com urgência é a filha dela. Então, Klaus, apenas continue apoiando ela, como você sempre fez. Como Caroline fez quando você decidiu se sacrificar por Hope.

Eu sorri e desviei o olhar. Misteriosamente o toque da minha irmã foi mesmo me acalmando aos poucos.

- Você sabia que quando eu decidi me sacrificar, Caroline ligou pro Elijah pedindo ajuda pra tentar me impedir? Foi através dela que ele soube de tudo e tramou pra que se sacrificasse sozinho e morresse no meu lugar...

As lagrimas voltaram. Freya sorriu e me abraçou.

- Ninguém mais vai morrer, Klaus.

Eu fechei os olhos enquanto correspondia ao abraço da minha irmã, um abraço cheio de amor e preocupação. E decidi encarar essas palavras dela como uma promessa pra mim mesmo.

Ninguém mais vai morrer.

...

Pov Caroline

No dia seguinte à conversa que tive com Buffy, ela me mandou noticias sobre os tais amigos que ela ia pedir ajuda. Giles está na Inglaterra, mas mandou algumas informações sobre vários tipos de demônios possíveis de estarem na Escola, ocultados por magia. Além disso, mandará material pra estudo. E Willow prometeu vir pra Mystic Falls assim que pudesse. Não sei o que pensar sobre ter mais uma pessoa pra ajudar aqui, espero que a gente consiga finalmente resolver tudo.

Mas o bom é que depois de uma semana sem ver Klaus, ele volta hoje pra Mystic Falls pra ficar comigo no fim de semana. Os últimos dias foram atolados de trabalho e eu me joguei de cabeça pra me distrair um pouco dos problemas. Mas nem assim eu consegui esquecê-lo. Na hora de dormir, eu tinha a impressão de que o cheiro dele impregnava o quarto. Eu fechava os olhos e o imaginava ao meu lado me fazendo carinho até eu dormir. E realmente eu só conseguia dormir assim, imaginando ele cuidando de mim. E só de pensar que hoje ele estará ao meu lado de verdade na cama, me arrepio inteira e meu coração esquenta.

Cheguei da Escola à noite, tomei banho e me arrumei toda pra recebê-lo. Uns 5 minutos depois que eu estava pronta, ouço a campainha. Era Klaus, que chegou mais cedo do que eu esperava. Acho que não sou só eu que estou ansiosa pra vê-lo. Esse comportamento de namoradinhos que temos chega a ser engraçado.

Desci correndo do quarto e abri a porta. E lá estava ele. Lindo. Com aquele sorrisinho de lado. Com o mesmo cheiro que eu senti no meu quarto toda noite, o cheiro produzido pela minha mente, de tanta falta que eu senti dele.

- Cheguei muito cedo?

Eu apenas pulei no pescoço dele tão forte que quase o derrubei, o abracei e sussurrei em seu ouvido.

- Chegou na hora certa.

Olhei nos olhos dele e estava lá o mesmo olhar, transmitindo o mesmo desejo da primeira vez que a gente se beijou, naquela floresta. Beijei sua boca devagar. Ele está aqui e não vai embora. Ele é todo meu o fim de semana inteiro, então vou aproveitar cada minuto. Klaus passou os braços em volta da minha cintura e me puxou mais pra perto. A coisa estava esquentando, mas eu não queria ir depressa, então interrompi, pra tristeza dele.

- Vem, entra.

O puxei pela mão e fechei a porta. Klaus ainda me puxou novamente e beijou minha boca com mais fome do que antes, passando a beijar meu pescoço com uma certa força. Era como se ele quisesse me devorar. Não vou mentir, é o que eu mais quero hoje. Ser devorada por ele. Mas vou seguir tudo do jeito que planejei, vamos jantar primeiro. Além disso, precisamos conversar, ele disse que iria pedir ajuda a Freya. Ainda que eu não ache esse o momento mais apropriado pra ela, realmente não temos mais a quem recorrer. Quero saber se ele conseguiu alguma coisa.

Depois do jantar, fomos pra sala e acendemos a lareira. Klaus pegou uísque pra nós dois. Bebemos um pouco, colocamos os copos na mesinha e ficamos no sofá, relaxados e curtindo um ao outro. Ele sentado e eu deitada com as pernas no colo dele. Toquei no assunto.

- Conseguiu falar com Freya? Você não me mandou mensagem nem ligou nem nada...

Klaus fez uma cara de quem estava tentando se controlar pra não me dar um fora.

- O que foi, Klaus?

Ele olhou pra mim e finalmente respondeu.

- É que eu não sei o que te dizer. Eu conversei com Freya. Ela disse que teve uma ideia. Mas ela só vai falar com você.

- Então você não sabe de nada?

- Não...

- Isso quer dizer que finalmente uma ideia surgiu? E estamos mais perto de resolver o problema?

- Sim, Caroline. Freya ainda não te ligou, porque, segundo ela, precisa amadurecer a ideia e deixar bem clara antes de passar pra você.

- Ok. Bem eu não vou esperar tanto assim. Vou ligar pra ela amanhã.

Confesso que só de saber que Freya pensou em alguma coisa, me deu um certo alívio. Isso me acalmou naquela noite, de verdade. Me senti mais à vontade e reparei no rosto do Klaus. Achei engraçado. Era nítida a irritação dele por não estar no controle da situação. A carinha dele de irritado me deixou com mais vontade ainda de beijá-lo. Me sentei, mantendo as pernas sobre ele, aproximei meu rosto do dele e comecei a beijar bem de leve sua boca. Klaus foi relaxando e acompanhando o ritmo do meu beijo e passeava com suas mãos em mim por cima da roupa bem devagar. Senti meu corpo esquentar, enquanto nossos beijos ficavam mais e mais necessitados. Me levantei e o puxei. Klaus se levantou com um sorriso enorme e me acompanhou pro andar de cima.

Entramos no meu quarto, com Klaus abraçado por trás de mim, roçando a barba no meu pescoço. Me soltei dele um pouco e fui acender o abajur e fechar as cortinas. Quando me virei de volta pro Klaus, ele já estava na cama. Tinha tirado o casaco e a blusa, estava apenas de calça, descalço, completamente à vontade. Suas costas estavam apoiadas na cabeceira da cama e ele fazia um gesto com a mão, me chamando. Olhar pra ele assim, seu corpo lindo, o gesto dele me chamando, junto com o olhar pidão e sentir o cheiro delicioso dele, me excitou imediatamente. E eu estava completamente vestida ainda!

- Vem, amor.

Ele continuava me chamando. Eu tirei meu casaco e fiquei só com o vestido curto de seda preta. Eu estava sem sutiã e minha calcinha era bem pequena. E o vestido marcava bastante. Quando deixei o casaco cair no chão, ele me olhou de alto a baixo, num claro desejo de rasgar minha roupa. Me aproximei dele e iria sentar de frente, mas Klaus me conduziu a sentar de costas pra ele. Com minhas costas apoiadas no corpo dele e minha cabeça apoiada em seu ombro. Meus quadris roçavam no pau duro atraves da calça. Klaus sussurrou no meu ouvido.

- Relaxa...

Fechei os olhos e respirei fundo. Klaus começou a brincar com meu corpo. E eu deixei. Não pensei nem por um momento em tomar o controle, pelo contrário. Queria apenas sentir o que ele quisesse fazer comigo. Ele seria meu o fim de semana todo. Mas eu também seria completamente dele.

Pov Klaus.

Caroline deitou a cabeça em meu ombro e ficou bem a vontade com seu corpo colado ao meu. Seu vestido de seda marcava os lugares certos, conforme ela se aninhava em mim. Ela ia se mexendo e roçando, enquanto me esquentava cada vez mais. Quando ficou numa posição confortavel, minhas mãos procuraram seu corpo. Eu passeava por cada centímetro, sentindo o seu calor através da seda que ela vestia. Acariciei seus seios com delicadeza, fazendo ela se arrepiar e os mamilos eriçarem marcando mais ainda no vestido. Depois de um tempo assim, minhas mãos continuaram descendo por seu corpo, sua cintura, até chegarem em seus quadris. Lentamente, a toquei onde ela mais queria com uma das minhas mãos, por cima do vestido. Assim que me sentiu tocá-la, Caroline abriu as pernas imediatamente. O toque suave da seda, o calor no meio das pernas dela, tudo isso foi me excitando, me deixando mais duro ainda e provavelmente ela tinha notado porque seus quadris roçavam no meu pau.

Enquanto eu a tocava por cima da roupa, ela soltava suspiros e gemidos bem baixinho, tornando o momento ainda mais intenso. Eu também gemia, acompanhando ela e me mantive no ritmo lento, apesar de querer apressar tudo. Quanto mais eu a tocava, mais quente eu a sentia. Até que ela levantou o vestido e segurou minha mão, conduzindo pra dentro da calcinha. Eu obedeci. Deslizei meus dedos com muita calma, sentindo sua pele lisa e macia, até tocar em seu clitóris, fazendo ela se contorcer inteirinha e gemer um pouco mais alto, enquanto minha outra mão acariciava seu mamilo. Meus dedos foram deslizando mais pra dentro dela, enquanto Caroline levantava os quadris, me dando condição pra continuar. Conforme meus dedos iam descendo, subindo e roçando em seu clitóris, apertava mais forte seu mamilo, e Caroline só conseguia se contorcer, suspirar, gemer e mexer os quadris pra cima e pra baixo, aproveitando o momento.

Quanto mais molhada Caroline ficava, mais vontade eu tinha de sentir seu gosto. Então fui diminuindo o ritmo das minhas carícias até parar e demonstrei que iria sair de trás dela. Caroline gemeu em protesto.

- Ainda não acabou, amor. Calma...

Fiquei em pé na frente da cama, a puxei trazendo seu corpo pra mim, arranquei sua calcinha, preta como o vestido, e abri suas pernas. O meu primeiro impulso ao vê-la toda aberta pra mim, foi tirar minha calça e me enfiar nela até o limite do seu corpo e gozar dentro dela depois de fodê-la bastante. Mas minha vontade de sentir seu gosto delicioso na minha boca era maior.

- Nós não vamos acabar enquanto eu não provar você por completo.

Caroline olhou pra mim e deu um sorrisinho safado.

- Parece que você quer mesmo me devorar.

Seu olhar cheio de tesão me estimulou a provocar mais um pouco.

- Quero sim. Cada pedacinho seu...

Mantive as pernas dela bem abertas, me ajoelhei e abocanhei sua vulva, sentindo seu gosto. Ela estava tão quente... Eu lambia seu clitoris, devagar no início, mas não demorei muito assim, logo intensifiquei o ritmo, lambendo e chupando, usando os dedos pra abrir os lábios, me permitindo prová-la mais profundamente. Caroline tinha pressa e eu também. Ela se contorcia mais ainda, gemia mais alto e eu podia senti-la completamente encharcada, molhando minha barba inteira, enquanto meus dedos entravam e saíam dela, sem interromper a intensidade das lambidas e chupadas. Senti sua pulsação na minha língua e em meus dedos enquanto Caroline gozava com força, gemendo mais alto e se contorcendo, levantando seu tronco na altura dos seios, com a cabeça jogada pra trás, completamente entregue.

Me levantei e desabotoei minha calça, enquanto a observava jogada na cama completamente relaxada. Quando eu estava nu, Caroline se levantou, tirou o vestido, jogando-o longe. Se pendurou no meu pescoço e beijou minha boca com intensidade, mostrando que queria mais de mim. E eu estava disposto a dar o que ela quisesse. Depois, se sentou de volta na cama, juntou os seios com as mãos e me lançou um olhar bastante significativo.

- Vem...

Dessa vez quem me chamou foi Caroline. E eu entendi o que ela queria. A cama era alta, ela estava sentada de maneira que meu pau ficava na altura dos seus seios. Então eu me aproximei mais. Com uma das mãos acariciei de leve seu rosto e com a outra mão, conduzi meu pau, enquanto Caroline separava um pouco os seios pra que eu ocupasse todo o espaço entre eles e depois voltou a juntá-los, me permitindo sentir a maciez de sua pele e o calor do seu corpo. Fiquei ali, parado por alguns segundos, me controlando um pouco pra não me perder cedo demais.

Comecei a me movimentar, pra cima e pra baixo, deslizando meu pau entre os seios dela, devagar no início, enquanto Caroline mexia seu corpo no mesmo ritmo e me olhava nos olhos com tanto desejo, que me arrepiava por completo. Seu olhar no meu, sua respiração ofegante, seus gemidos, seu rosto demonstrando prazer em estar ali, dando seu corpo por inteiro a mim, me estimulavam...

E eu não queria parar.

Pov Caroline

Klaus me provocou e brincou comigo, do jeito que eu queria, a princípio bem devagar, passeando por cada centímetro do meu corpo por cima do vestido, me deixando arrepiada. Depois me tocou mais profundamente, me deixando louca pra sentir seus dedos em mim sem nada pra atrapalhar. Ele me tocava de um jeito que eu comecei a acreditar que ia me perder e gozar com seus dedos me estimulando naquela posição tão confortável, mas Klaus resolveu me estimular mais um pouco e de outra maneira. Quando ele me abocanhou, meu corpo se contorceu sozinho e meus gemidos saíram mais altos da minha boca sem controle algum. Klaus fazia eu me sentir completamente vulnerável. E eu estava entregue de verdade. Não demorou muito e eu gozei em sua boca, da forma mais deliciosa possível, sem reservas.

Enquanto ele terminava de tirar sua roupa, eu arranquei meu vestido e me pendurei nele, beijando-o com fome, com muito mais fome que antes, sentindo meu próprio gosto em sua boca. Klaus fez isso comigo. Ele que me provocou assim, me chupando daquela maneira, me expondo daquela forma, me fazendo gozar com tamanha intensidade que eu mesma não me reconheci e isso só fez aumentar meu desejo. Sentei na cama, juntei meus seios e o chamei, deixando bem claro o que eu queria que ele fizesse comigo. Klaus imediatamente se aproximou e enfiou seu pau entre os meus seios e começou a se movimentar, enquanto eu o olhava nos olhos, me mexendo junto com ele, gemendo, demonstrando o quanto eu estava adorando aquilo, eu estava adorando ver o quanto Klaus estava entregue. Sentir o seu pau quente, duro e grosso ali, subindo e descendo, me manteve excitada o tempo inteiro e eu conseguia sentir um pulsar e uma ardência no meio das minhas pernas e o desejo de tê-lo dentro de mim só aumentava.

Depois de um tempo nessa posição, notei que Klaus queria gozar mas estava se controlando, tentando prolongar aquilo. Mas eu queria que ele se perdesse. Eu queria que ele ficasse tão vulnerável quanto eu. Queria que ele se entregasse e gozasse nos meus seios com a mesma intensidade que gozei em sua boca.

- Klaus...

Em meio a gemidos compartilhados, olhei em seus olhos verdes que ficaram fixos em mim o tempo todo e o provoquei com a voz rouca.

- Goza pra mim...

Klaus gemeu alto, mostrando o quão vulnerável ele estava, mesmo tentando se controlar. Fechou os olhos e intensificou os movimentos e eu apertei mais os seios, pressionando seu pau um pouco mais e deslizando pra cima e pra baixo com meu corpo, mais rápido do que já estava.
Depois de um tempo nesse ritmo desesperado e faminto, Klaus gozou ali, me deixando toda melada enquanto se derramava em mim.

Agora eu o queria mais que nunca. Deitei na cama, me abri pra ele de novo, enquanto espalhava seu liquido pelos meus seios e barriga, sem nojo nem vergonha, provocando-o cada vez mais. Klaus olhava pra mim com um olhar insano, como se ele fosse perder o controle a qualquer momento. Era isso que eu queria. Ele continuou em pé, me puxou pelas pernas com grosseria, as abriu mais ainda e se enfiou dentro de mim com força sem avisar. E lá estava eu gemendo alto e me contorcendo inteira, sem controle algum sobre mim de novo. Klaus me fodia com uma fome incontrolável, nem parecia que ele tinha acabado de gozar segundos antes. Eu o sentia deslizar em mim, entrando e saindo, sentia cada centímetro dele, sentia o pau dele batendo no meu útero e aquilo foi me levando à loucura e eu fechei meus olhos e me contorci mais um pouco, enquanto gemia alto, aproveitando o momento.

Quando eu estava totalmente entregue às suas investidas, Klaus deu um tapa forte e dolorido na minha bunda, me fazendo dar um gritinho de susto e abrir os olhos.

- Olha pra mim quando eu tiver te comendo, Caroline!

Eu olhei em seus olhos e um arrepio subiu pela minha espinha. Soltei um gemido involuntário ao ouvir isso. Sua voz saiu rouca e autoritária, cheia de tesão. Seu olhar era de um desejo selvagem. Eu amo quando Klaus deixa vir a tona esse lado incontrolavel em momentos assim... Ele aumentou a intensidade das investidas dentro de mim, me deixando mais faminta, aberta e molhada pra ele. Nosso prazer foi aumentando cada vez mais e eu não me atrevi a fechar os olhos, por mais que eu quisesse. Klaus se manteve olhando em meus olhos o tempo todo, gemendo baixinho, apertando minha bunda enquanto me comia com vontade. Um calor delicioso e incontrolável tomou conta do meu corpo enquanto eu gozava com força de novo. Depois de mais algumas investidas, Klaus contraiu seu corpo todo, gemendo meu nome sem desviar seu olhar do meu enquanto gozava também e logo depois relaxou, soltando um suspiro.

Saiu de dentro de mim devagar e deitou ao meu lado e nós dois tentamos recuperar o fôlego. Eu olhava seu rosto demonstrando total satisfação de estar ali comigo e me senti única. Ele sempre fez eu me sentir assim. Eu mesma não me achava tudo isso, mas Klaus, mesmo quando ainda não me conhecia direito, via muito mais em mim do que minha imaturidade e baixa autoestima me permitiam ver. E é maravilhoso saber que, tantos anos depois, ele ainda faz eu me sentir especial através de cada gesto. Fiquei refletindo sobre isso durante aqueles segundos e sobre o quanto estou feliz em estar ao lado dele. E me deu uma vontade enorme de falar.

- Eu amo você.

Ele me olhou e virou de frente pra mim ainda deitado e acariciou meu rosto, enquanto dava aquele sorrisinho de lado.

- Eu sempre te amei, Caroline...

Eu já sabia disso, eu sempre soube, mas mesmo assim meu coração disparou ao ouvir essas palavras tão claras e diretas. Meu peito se encheu de mais amor ainda e eu desejei por um momento que nossas vidas se resumissem apenas à pura felicidade que vivi com Klaus naquela noite.

Me levantei e o puxei pro banheiro. Tomamos banho juntos e dormimos abraçadinhos. Como o casal que, no fundo, sempre desejamos ser. Desde o início.

...

Pov Klaus

Foi uma noite deliciosa. Eu e Caroline nos amamos intensamente e dormimos juntos. Depois de uma semana sem dormir direito por conta de toda a preocupação com as meninas, finalmente tive um pouco de paz ao lado dela. Nem preciso dizer que já é rotineiro eu sentir falta de Caroline quando estou longe. Sinto falta do calor do corpo dela abraçado ao meu, das suas pernas entrelaçadas nas minhas, se protegendo em mim enquanto meus braços a envolvem. Quando dormimos assim, é como se eu realmente a protegesse de todo mal. Me sinto o próprio herói. Eu sei, é besteira. Ela não precisa de um herói. Eu também não sou herói de nada. Mas nesses momentos, meus pensamentos voam longe...

Na manhã seguinte, ainda meio dormindo, senti falta de Caroline ao meu lado. Conforme fui despertando, fui ouvindo sua voz falando ao telefone. Acordei totalmente, peguei meu celular no movel ao lado da cama e vi a hora. Eram 6h da manhã e lá estava Caroline falando com Freya como disse que iria. Dava pra ouvir tudo. Elas estavam conversando sobre a ideia de Freya pra Caroline ser isca dos bruxos sem se expor a perigo.

Me levantei da cama e fui pro corredor, procurá-la. Ela estava ao lado, no quarto de uma das filhas dela.

- Freya, você tem certeza que isso vai funcionar?

- Funcionar vai sim. O que eu não posso garantir é que seja totalmente seguro. Alem daquilo que eu te falei, eles ainda podem perceber e reverterem a situação de alguma forma. Mas não acho que eles vão descobrir.

Parei na porta e fiquei olhando pra ela. Caroline estava sentada na cama tão concentrada na conversa que nem me viu ali, e normalmente ela nota minha presença. Pareceu pensar bem antes de responder.

- Ok, Freya. Eu aceito. Vamos fazer desse jeito.

O nervosismo e o medo começaram a crescer em mim, mas respirei fundo e não permiti que essas sensações ficassem visíveis pra ela. Caroline se despediu e desligou.

- Vejo que o problema está mais próximo de ser resolvido...

Caroline olhou pra mim, meio reticente, como se não quisesse falar.

- Está sim...

Agora nem ela quer me contar, assim como Freya não quis. Isso estava começando a me irritar.

- Eu terei que implorar pra você me contar que plano tão misterioso é esse?

Tentei conter a ironia na forma de falar, mas não consegui. Caroline suspirou e pareceu pensar um momento. Mas acabou falando.

- Freya pensou numa maneira de eu não estar no mesmo ambiente dos bruxos de verdade. Meu corpo estaria em um lugar seguro, e uma parte de mim estaria na frente deles como se fosse realmente eu.

Fiquei um pouco mais aliviado.

- Bem, isso é ótimo, Caroline, não há perigo pra você.

Ela me olhou e deu um sorrisinho nervoso.

- Mas tem um tempo limite. Dentro desse tempo, que não é muito, as meninas precisam livrar a mente da Lizzie do poder dos bruxos e eu preciso voltar ao meu corpo. Se passar desse tempo...

Meu coração disparou.

- O que...??

- Eu não vou conseguir voltar ao meu corpo... eu vou morrer, Klaus.

Não.

Ela não pode. Freya me prometeu que ninguém mais ia morrer! Respondi sem pensar, não sabia nem o que estava falando.

- Caroline... Isso... isso não está certo...

Fiquei perdido diante da real possibilidade de morte dela. Caroline levantou da cama, se aproximou e segurou meu rosto, me olhando nos olhos, tentando transmitir a mim o máximo de segurança possível.

- Vai dar tudo certo!! Isso só aconteceria se passasse do tempo, mas nossas filhas são poderosas, elas vão conseguir salvar Lizzie a tempo.

Me abraçou forte e eu me agarrei a ela. Se pudesse, não largaria mais. E a protegeria de tudo. Ela se soltou de mim e eu procurei seu olhar de novo.

- Você tem certeza que não tem outro jeito?

- Sim, Klaus! Eu jamais colocaria minha vida em risco se não fosse por um motivo sério. A liberdade da minha filha está por um triz. Ela precisa de mim.

Seus olhos lacrimejaram. E eu me vi nela naquele momento. Porque eu também decidi me doar em sacrifício pra salvar minha filha da Hollow. E não me arrependo, se tivesse que fazer isso de novo, eu faria. Enxuguei uma lágrima que caía do seu rosto e a abracei novamente.

- Tudo bem, amor. Eu estou com você.

Me afastei e olhei pra ela. Caroline já estava bem desperta, tinha tomado banho e estava pronta, com um vestido simples, enquanto eu ainda estava de pijama, descabelado e com a cara amassada.

- Que horas você acordou?

- Há mais de uma hora atrás, queria falar com a Freya logo. Perdi o sono e me levantei.

Percebi que ela estava ansiosa. Enquanto ela não fizesse logo o que foi planejado, não iria se acalmar. Eu também perdi o sono e fui tomar banho. Quando fiquei pronto, desci e fui pra cozinha. Caroline tinha preparado o café da manhã, a mesa estava cheia de coisas. É engraçada a forma dela agir, tão apegada a costumes humanos. Nós somos vampiros, não precisamos de pães, queijos, bolos nem café e suco. Precisamos de sangue. E álcool. Fiquei olhando pra mesa com uma visível cara de deboche. Caroline me olhou, impaciente.

- Ok, entendi.

Levantou os olhos, depois abriu a geladeira, pegou uma bolsa de sangue e jogou pra mim. Depois, se serviu de suco e sentou. Não aparentava fome, deve ter bebido sangue antes de eu descer. Terminei de beber e me sentei na frente dela.

- Quando você pretende fazer isso, Caroline?

- Pelo que Freya me falou, pra ser o mais seguro possível pra mim, é necessário no mínimo três bruxos, porque é magia muito poderosa. Mas por enquanto, aqui em Mystic Falls, a única bruxa confiavel é Bonnie.

O celular de Caroline deu um toque curto. Ela olhou e sua expressão pareceu aliviada.

- Buffy me mandou mensagem. A amiga dela, Willow, chegou em Mystic Falls também. Então agora temos duas bruxas. Mas ainda falta um.

- Freya não vem?

- Ela não deu certeza. E eu quero fazer isso o mais rápido possível.

Eu conseguia ver no olhar de Caroline todo tipo de emoção. Ansiedade, medo, certeza, determinação. Ela não ia parar enquanto não salvasse a filha.

Pov Caroline

Finalmente chegou o momento em que posso livrar Lizzie de tudo o que ela tem passado. Mal posso esperar pra tê-la de volta, livre de verdade, de toda a manipulação mental que vem destruindo ela pouco a pouco. Terminei de tomar o suco, enquanto Klaus olhava pra mim com preocupação. Eu sei que ele não vai me impedir, ele vai me apoiar totalmente na minha decisão de me expor pela minha filha, mas isso não quer dizer que ele concorde. E o medo de dar tudo errado é visível no olhar dele. Eu também estou apavorada. Mas não há outra forma de lidar com isso. Sei bem como Klaus deve estar se sentindo. De mãos atadas. Assim como eu me senti, quando ele decidiu tomar a Hollow pra ele e morrer pra salvar Hope. Me senti uma inútil, o máximo que pude fazer foi contar pro Elijah. E agora cá estamos nós numa situação parecida. Mas dessa vez, quem corre risco de morrer, se necessário, sou eu.

Infelizmente, tudo o que eu planejei pro nosso fim de semana terá que esperar. A prioridade nesse momento é salvar minha filha, então liguei pra Alaric avisando sobre a situação e pedindo pra ele explicar tudo pra Josie e Hope, que logo estaríamos na escola. Depois, troquei de roupa. Tirei o vestido simples e fresco e me vesti de diretora da Escola Salvatore, com a mesma roupa discreta de sempre. Calça preta justa, botas, uma camisa num verde mais escuro e casaco. Klaus estava pronto e ficou esperando por mim. E fomos juntos, de mãos dadas. Ele segurava a minha mão com uma firmeza maior que o normal.

***

Chegamos na escola, fomos direto ao meu escritório e Alaric estava lá. Conversamos, ele contou que Josie e Hope estão preparadas e que criaram um pequeno plano pra atrair os bruxos pra perto de mim.

Não demorou muito tempo, Bonnie chegou, assim que recebeu minha mensagem. Me deu um abraço forte e me olhava também com olhar de preocupação, mas pronta pra me ajudar. Expliquei tudo pra ela e ficamos conversando, eu, Alaric, Bonnie e Klaus, que parecia mais impaciente que eu, até que a porta do escritório se abriu e entrou Buffy, junto com uma mulher branca, com longos cabelos lisos, bem ruivos e um sorriso doce.

- Oi, gente. Caroline, essa é Willow, a minha amiga que veio pra ajudar.

Willow comprimentou cada um de nós gentilmente, com um sorriso e um aperto de mão. Quando chegou em Bonnie, seu sorriso se abriu um pouco mais e o aperto de mão foi um pouco mais demorado, mas logo voltou pra perto da Buffy, questionando sobre o que iam fazer.

- E aí quando começamos?

- Ainda falta um bruxo. É arriscado fazer isso com menos de três.

Expliquei e dei mais detalhes de tudo o que iriam fazer e sobre os riscos que eu e as meninas iam correr e pensávamos em qual bruxo confiar pra pedir ajuda, quando a porta do escritório se abriu novamente. E entrou um homem negro, atraente e com um sorriso discreto e uma postura decidida.

- Bom dia! Espero ter chegado a tempo.

Eu não o conhecia e quando ia perguntar quem é ele, Klaus se adiantou e parou na minha frente, olhando pra esse homem completamente surpreso.

- Vincent??!

Ele abriu um sorriso maior, com uma expressão irônica.

- Olá, Klaus.

- Mas... onde está Freya?

Vincent respondeu com ironia.

- Klaus, não sei se você lembra, mas agora você tem um sobrinho...

Depois assumiu uma postura mais séria.

- Freya conversou comigo sobre a situação das filhas de vocês e sobre a ideia que ela teve. Ela estava decidida a vir ajudar, mas Klaus, ela e Keelin estão exaustas! Então me ofereci pra ajudar. No que for preciso.

Klaus pareceu aliviado e profundamente tocado pela atitude dele.

- Obrigado...

Vincent sorriu em resposta e voltou sua atenção a mim, se apresentando formalmente e apertando minha mão.

E então, eu olhei em volta de mim e vi todos ali, todos com o mesmo objetivo. Salvar Lizzie. E eu, mesmo assustada e triste com o que pode acontecer comigo, sinto que é a coisa certa a fazer. Minha filha chegou no limite da sanidade, nunca vou me perdoar se ela a perder completamente e enlouquecer nas mãos daqueles bruxos. Estou determinada a fazer qualquer coisa pra impedir que isso aconteça.

Olhei pra Bonnie, Willow e Vincent. Chegou a hora de dar um basta nessa tortura.

- Estou pronta.

"However Long It Takes" - KlarolineWhere stories live. Discover now