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No início de Dezembro a cidade se tornava cada vez mais friorenta ao longos daqueles dias, embora o sol brilhasse no céu, o clima gélido obrigava que usassem roupas reforçadas para se aquecerem. Não demoraria para a neve dar as caras naquele final de ano. Naquela quarta-feira, Louis deixou suas crianças na companhia e cuidados da tia Gemma, passando a manhã numa reunião com sua agente, conversando sobre um contrato com uma editora, para negociarem um próximo livro dentro de dois anos. Acabando por andar pelo shopping, analisando alguns agasalhos, já que as crianças precisavam de novos e eles doariam os que ainda estavam em bom estado porém menores. Dirigindo para um restaurante no centro, o horário de pico lhe fez esperar na recepção para conseguir uma boa mesa, rejeitando educadamente quando o garçom ofereceu uma taça de vinho e um aperitivo, Louis disse somente que ainda estava esperando companhia.

No entanto, uma hora depois Louis já estava impaciente, depois de duas taças vazias, bufando enquanto checava o horário, as pessoas começavam a esvaziar o local, os funcionários iam e vinham até sua mesa, e Harry sequer respondia sua mensagem. Fazendo o ômega pedir uma salada de folhas verdes e queijo. Louis estava – definitivamente – chateado, porque em quase quinze anos de casado Harry nunca lhe esqueceu como naquele dia, recebendo algumas mensagens do seu alfa, as quais ele estava se explicando, alegando que perdeu a noção de tempo revisando uma planta importante. E Louis tentava compreender, trabalho era sempre algo estressante, no entanto isso não lhe fazia menos chateado. Acabando por pagar a conta, após comer demoradamente um doce recheado de chocolate, lamentando para si mesmo.

Harry chegou quase no final da tarde, suspirando ao destrancar a porta e sentir o ar aquecido e o cheiro de biscoitos recém retirados do forno. Estufando o peito imperceptivelmente com o cheiro cítrico do seu ômega que pairava pela casa e o alfa tanto adorava. Escutando a voz de Noah na sala, rindo de algo, e a risada meiga e esganiçada de Bernard o acompanhando, Harry largou uma pasta no móvel polido de madeira no hall, observando ao redor, com uma sacola de papel pardo, com uma recheada embalagem de bolinhos – os favoritos de Louis –, os quais o alfa ficou esperando por 40 minutos para comprar toda uma leva, sabendo que tinha chateado o menor pela maneira como Louis respondeu suas mensagens. Andando em direção a cozinha, não encontrando-o.

"Papaie. Ei, o que você tem aqui?" Margot apareceu de abrupto, interessada na sacola com o logo de uma confeitaria, observando com as sobrancelhas erguidas, sorrindo peralta com os pequenos dentes afiados e um pouco espaçados, pendurando-se nos passa cinto da calça social do papai alfa, pisando sobre a botina dele com seus pés pequeninos vestidos em meias felpudas e multicoloridas. Harry sorriu de lado ao ser recepcionado por ela. Desviando novamente o corredor, retornando para a cozinha, deixando a embalagem no balcão, enquanto os olhos azuis e achatados de sua filha focavam na sacola marrom. Harry pegou-a inesperadamente, erguendo-a de uma vez pelas axilas, fazendo-a rir alto, ecoando no cômodo. Margot ria alto, amolecendo ao pressionar os olhos, sendo jogada para cima, e cada vez que era recolhida Harry lhe fungava o pescoço com cócegas divertidas.

"Ah eu vou morder você, eu vou sim, o papai vai morder suas bochechas." Harry murmurava risonho, a voz rouca fazia-a tremular, com risadas calorosas, tentando se agarrar no pescoço dele, mas toda vez era erguida e as cocegas continuavam, em seu pescoço, bochecha e rosto. Harry lhe dava fungadas com o nariz gélido, e fingia lhe morder nas bochechas arredondadas e coradas. "Ai que bochecha mais linda, eu vou morder, eu vou morder minha gatinha." Harry ameaçou e Margot negou com um sorriso danado, esticando o rosto para que ele mordesse de fato, fazendo o papai alfa rir, enlaçando o quadril dele com as pernas curtas, sequer conseguindo dar a volta, se segurando nos ombros dele, apontando para o saco que Harry havia levado para casa naquela tarde. "Esses são do papai, meu bebê, depois você come um. Certo?" Ele negociou e ela assentiu suspirando, curvando a boca.

➹ It's not the beginning ✽ (l.s) aboOnde histórias criam vida. Descubra agora