Capítulo 57 - Os Oito Dias Até a Terra

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O resto da viagem foi calmo. Meu pai e Zamask pararam de querer matar Dak e os outros savage, vampiro e humano, se acalmaram quando viram que agora ele estava solto, mas conversava civilizadamente com o general e Zamask.

Contamos a eles o que Dak nos contou e começaram a olhá-lo de maneira diferente, afinal era tão vítima dessas coisas quanto o resto de nós. Esta era a primeira vez que tinha a chance de conhecer algo diferente da cultura brutal e estranha na qual nascera.

Segundo ele, praticamente não existiam mais sektas completamente puros. Eram no máximo poucas dezenas que mantinham o DNA original desde seu planeta natal. A maioria era uma mistura de várias espécies diferentes. O casal de Rathtars que havia no isolamento seria testado geneticamente para integrar o DNA sekta, tornando-os mais ferozes e mortais do que já eram. Esse era o motivo de terem disposto de tantos indivíduos para sua captura.

Agora seus relatos me faziam sentir bem tratada no complexo, perto de tudo que ele passou. Então ele me fez entender porque aceitou se juntar a nós. Com a morte da maioria dos híbridos nach e com a perda da grande maioria dos savage nesta nave, a chances de reprodução com novas espécies poderosas, aperfeiçoando a espécie recairiam sobre os poucos indivíduos híbridos sobreviventes. Que eram poucos Nach e quase inexistentes vampiros.

Irônico que a espécie que foi capaz de dizimar praticamente os vampiros do universo, seja em sua maioria híbrida e tenha orgulho em se aperfeiçoar tentando misturar seu DNA a outras espécies mais fortes em algum aspecto. Enquanto os poderosos vampiros da Terra nos discriminavam e tratavam como escravos.

Passamos oito dias naquela nave e meu pai e Prydrex praticamente monopolizaram Dak. Enchendo-o de perguntas, sobre técnicas de combate e tecnologia. Dak ensinou os savage a operar a nave inteira, revisou o que Iara alegou dos propulsores e chegou à mesma conclusão que ela. Não tinha alternativa, senão esperar os técnicos com peças. Mas ele ficaria à bordo para ajudar na manutenção.

Pois os técnicos ainda não conheciam a tecnologia e esta nave era valiosa para a batalha, agora em nossas portas. Ele faria o que fosse possível para que ela pudesse pousar para ser limpa, devidamente reparada, reprogramada e estar pronta para nos ajudar a sobreviver.

Junto com Prydrex começou a mexer na nave que nos trouxe até aqui e começaram com a assistência de Iara a implantar o que ela tinha em seus drives sobre minha ideia dos canhões de laser externos. Mas eles tinham uma ideia mais atual que a minha. Os canhões não precisavam de trilhos, o magnetismo existia para isso. Com placas, ferramentas e recursos da nave sekta, os três trabalharam com uma equipe savage por cinco dias na nossa nave, adaptando, construindo, mudando e configurando.

Com o que Iara conseguira do drive off-line e agora com as informações de Dak, a nave de explosivos se tornava uma força de destruição inimaginável e a pequena nave de fuga insuperável.

Eles já se dividiam em equipes para trabalhar conosco na terra em todas as áreas que precisaríamos de reforços. Meu pai e Zamask participavam das discussões e planejamentos táticos com entusiasmo. Enquanto eu me dedicava a ler tudo que estivesse disponível nos sistemas da nave. Explorei a nave inteira, andando por todas as seções. Testando meu toque nos comandos, para descobrir que Dak tinha razão, meu DNA era reconhecido pelos sektas como parte de sua raça, portanto todos os comandos me obedeciam ao simples toque.

Isso era perturbador, porque não me sentia nem remotamente participante da cultura dessa espécie. Por tudo que ele me contou sobre eles, não queria ser parte daquilo. Ele só sabia de sua outra parte de descendência pelo que havia no sistema sekta e pelo que os cativos nach contavam até o último ser extinto. Portanto não era muito para poder sentir que pertencesse a eles também.

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