Capítulo 6| Negociação

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Na casa do Marquês.

Estão na mesa os dois, Marquês Alejandro e Lorenzo. Os dois estão bebendo rum e jogando uma boa partida de Xadrez.

- Bem, como você sabe, eu vim até aqui para pedir a mão de sua filha em casamento. - exclama Lorenzo, passando a mão em sua barba.

- Como sou o pai da noiva, a lei diz que "o pai da noiva tem que dar dote ao noivo". - exclama o Marquês Alejandro, coçando o queixo.

- Prossiga. Estou vendo que você está meio preocupado. - diz Lorenzo, sem saber o que está havendo com o Marquês.

- Bem, estou disposto a doar dez mil metros quadrados de terra, na parte em que a coroa espanhola comanda na América do Sul, e algumas moedas de prata! - então, Lorenzo dobra suas mãos uma sobre a outra e diz:

- Quantas moedas de prata?

- 50 ! E, você precisa saber que uma filha vale mais do que dinheiro. - exclama o Marquês coçando o queixo.

- Só isso?!! - exclama Lorenzo com uma cara de que não está nada bom.

- Como assim "só isso"? - exclama o Marquês, quase desistindo do acordo.

- Eu acho pouco, por isso. Venho com uma outra proposta!

- Então fale, estou te ouvindo! - exclama o Marquês, suspirando fundo.

- Quero cinco cabeças de gado, mais 50 moedas de ouro e de prata e as terras que você tinha falado! - diz Lorenzo com um ar vitorioso e dando uma risada disfarçada.

O Marquês se levanta e fica andando para lá e para cá, pois está um pouco pensativo.

Ele se segura na cadeira e exclama:

- Fechado! Cinco cabeças de gado, mais 50 moedas de ouro e de prata, e as terras que eu te falei.

Então, Lorenzo olha para o Marquês e balança a cabeça concordando com a situação. Os dois apertam as mãos e Lorenzo diz:

- Fechado! Cinco cabeças de gado, mais 50 moedas de ouro e de prata, e as terras que você tinha falado!

O Marquês dá um sorriso de orelha a orelha e diz:

- Isso! Acordo! É acordo!


Câmara Municipal.

Sentado em sua mesa, o Capitão escreve uma carta para o rei de Portugal, que diz:

"Vossa Excelência,

Através desta carta, venho informar que o Juiz Antônio bateu as botas nesta manhã, no dia 30 de julho de 1800, fazendo com que a vila de Santa Marta fique sem juiz."

O Capitão pega a folha e dobra em formato retangular. Ele pega uma das três velas do castiçal, que era usado para iluminar, e a vira para que a parafina derreta e pingue no papel, fazendo com que ele fique bem colado, para que ninguém abra.

- Sebastião, leve essa carta até o correio e fale para eles enviarem a Portugal o mais rápido possível. - exclama o Capitão, entregando a carta ao soldado.

No corredor da Câmara Municipal, dá para ouvir murmúrios de pessoas falando.

- Me solta, seu desgraçado! - indaga aquele plebeu, com suas vestes todas molhadas e cheias de barro.

- Eu já tinha avisado, ou você me dava a metade do ouro, ou eu te dedurava para o Capitão! - indaga o feitor da fazenda Alto Alegre.

O plebeu entra pela porta do escritório do capitão, amarrado com uma corda. A corda está tão apertada, que os pulsos do plebeu estão com hematomas graves.

- Mas que ousadia é essa? - grita o capitão, batendo na mesa e se levantando.

- Esse plebeu aqui achou ouro e não quer dar a parte do governo, Capitão. - exclama o feitor, puxando o cabelo do plebeu.

- Primeiro, tudo se resolve com calma; segundo, desamarre-o e sentem-se.

Depois que o feitor e o Plebeu sentaram, o Capitão diz:

- Feitor, explica a sua parte.

- Eu estava na fazenda do meu senhor e, como estava com tempo livre, resolvi me banhar no riacho. Quando cheguei lá, eu encontrei esse homem procurando ouro. Ele estava com o bolso de sua calça cheio de ouro e percebi que ele já estava ali há dias. Resolvi trazê-lo para cá, pois vai saber se ele está dando a parte da Coroa Real. - diz o Feitor com as mãos trêmulas.

- Agora é sua vez, pode falar tudo que aconteceu, detalhe por detalhe. - exclama o Capitão com sede de justiça.

- O começo foi como ele falou. Eu estava no riacho, garimpando, mas quando ele chegou, tudo mudou, pois ele tinha falado para mim, "ou você me dá a metade do ouro, ou eu te deduro". - diz o plebeu, apenas procurando a verdade.

- Bom, os dois estão errados. Você está errado porque estava garimpando clandestinamente, sem avisar as autoridades, e você, por causa do suborno. Vocês ficarão presos até amanhã para eu decidir o que posso fazer com vocês. - exclama o Capitão, passando a mão no queixo.

O Capitão levanta da sua cadeira e prende cada um em uma cela.

Logo em seguida, o capitão pega o seu chapéu, que estava em cima da sua mesa, e sai.

A vida é um jogo de Xadrez. [ Em Revisão]Where stories live. Discover now