Capítulo 8| Garimpo

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Santa Marta.

O dia já amanhece com barbaridades. O Capitão chega cedo na Câmara para ver o que irá fazer com o feitor da fazenda Alto Alegre e o Plebeu.

O Capitão entra pela porta de seu escritório. Dando um suspiro profundo, tira a sua arma e a coloca sobre a mesa.

— O que eu posso fazer com vosmecês? — exclama o capitão, coçando o queixo e indo de um lado ao outro.

— Ele deve ser castigado, pois estava fazendo coisa errada, e me solta logo, preciso voltar para o engenho de meu senhor! — ironizando, indaga o feitor.

— Vosmecê fala comigo direito, pois sabe muito bem que posso te denunciar por desacato a funcionário público. — grita o capitão, apontando o dedo para o rosto do feitor.

— Vosmecê também tem que respeitar os outros, seu ignorante. — grita o feitor, fazendo com que partículas de cuspe saiam de sua boca.

— Vosmecê vai ser expulso de Santa Marta se continuar a desrespeitar as autoridades e será vendido como escravo. — grita o capitão, pegando a arma de cima da mesa.

O feitor, sem ter o que dizer, fica quieto e coloca sua cabeça entre o meio das grades de ferro da cela.

O plebeu só observa o que está acontecendo, sentado em uma cadeira de madeira dentro de outra cela.

— Quem disse que pelourinho é só escravo que usa? O pelourinho é para homens brancos também. — exclama o capitão, colocando a mão no queixo.

— Como assim?!! — indaga o feitor com ironia, afastando-se das grades da cela.

— É isso mesmo que vosmecê entendeu. — exclama o capitão, abrindo a cela onde está o feitor e o amarrando com uma corda.

— Vosmecê vai se ver comigo, seu desgraçado! — grita o feitor, debatendo-se contra a cela onde está o plebeu.

— Ei, vigia ele aqui.— indaga o comandante, dando o feitor para o guarda, que está ao lado da mesa.

Enquanto isso, o capitão vai amarrando o braço do plebeu, igual fez com feitor.

O Capitão e o guarda um sai  do escritório com os dois presos e vão em direção ao pelourinho, ou seja, na Praça Principal.

O Capitão espera que uma boa quantidade de pessoas se concentrem na praça. Entre elas, estão lá o plebeu, senhores de engenho, escravos e entre outros.

— Povo de Santa Marta, o que irá acontecer com esses dois homens nunca aconteceu, essa vai ser a primeira vez. — exclama o capitão, olhando para todos e com a mão direita na sua espada.

O povo, curioso para saber o que está acontecendo, decide esperar e deixar seus afazeres de lado.

O guarda, que está com o capitão, desamarra as cordas do braço do feitor e do plebeu e coloca uma corrente feita de aço para prendê-los no pelourinho.

— Estes homens desobedeceram as leis e todos os que a desobedecem têm uma punição. Espero que nunca mas aconteça isso. — exclama o capitão com dó de fazer a punição devida.

— Capitão, aqui está o chicote! — sussurra o guarda no ouvido do capitão, dando o chicote na mão dele.

— Esse homem aqui estava garimpando sem autorização e não estava dando a metade para o governo. — exclama o capitão, dando a vigésima e última chicotada no plebeu.

Acontece a mesma coisa com o feitor, o que muda é que ele leva só a trigésima chicotada.

Casa do Marquês.

— Vou sentir muita falta de vosmecê, mas acho que não vou ficar muito tempo sem Vosmecê, e vosmecê terá que emigrar para o Brasil. — diz Olívia, despedindo-se de sua mucama.

— Não chore, pois é uma nova fase de sua vida! — diz a mucama admirada.

Enquanto isso, Lorenzo se despede do Marquês e da Marquesa na sala de visita.

— Obrigado por tudo. Irei cuidar muito bem de sua filha. — exclama Lorenzo, feliz por mais uma conquista.

Alguns minutos depois, o charreteiro chama Lorenzo e Olívia para embarcarem.

— Amo vosmecês, meus pais. — exclama Olívia, entrando na charrete.

A cada segundo, a charrete vai ficando mais distante da casa do Marquês.

O Marquês, que é um homem duro como pedra, que nunca chora, está chorando.

Algumas horas depois, Lorenzo e sua futura mulher estão no porto da Espanha, prontos para embarcar.

Depois da viagem que ele teve pela caravela, nunca mas quer viajar em barcos de comércio.

Já está na hora do embarque. Lorenzo desce da charrete, da a volta nela e abre a porta do lado direito, onde está Olívia. Lorenzo se ajoelha e dá a mão para ela descer da charrete.

Como Olívia é filha do Marquês da Espanha, eles têm um atendimento totalmente diferente.

Enquanto eles passeiam pelo o navio para conhecê-lo, os que trabalham no navio estão colocando as bagagem em seus aposentos.

— Lorenzo, vamos jogar uma partida de Xadrez em nosso aposento? — exclama Olívia, passando suas duas mãos sobre o rosto dele e dando um selinho.

— Vou pensar. Brincadeira, vamos sim. Não poderia negar um pedido de uma dama como você. — exclama Lorenzo admirado, pegando Olívia no colo e saindo correndo pelos corredores do navio até chegar ao seu aposento.

A porta está aberta, pois estão colocando as malas no quarto. Lorenzo, então, joga Olívia sobre a cama e rapidamente puxa o barril, que serve como mesa de xadrez e outros jogos.

Os dois ficam, até de tarde, conversando e jogando.

O café da tarde vem em uma cesta de palha, ou tradicional, tanto faz. Lorenzo e Olívia não estão mais jogando e, sim, brincando de brincadeira de adulto, ou seja, eles estão trepando. A cama de madeira range, fazendo com que quem passe pelo corredor fique sabendo o que está acontecendo.

O marujo, além de colocar a cesta no chão e bater na porta, fica com o seu ouvido colado nela. Só quando os dois acaba, que ele faz o que deve.

Acampamento cigano.

Os ciganos já tinham fugido e, agora, estão na parte onde é território da Espanha; ou seja, se alguém das colônias portuguesas atirar para a parte do território espanhol, dá muita confusão e o mesmo serve para a Espanha.

— Aqui eles não podem atirar em nós. — exclama Ruan, debochando da cara dos portugueses.

A vida é um jogo de Xadrez. [ Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora