Inferno

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Estou preso nesse inferno! Não posso falar! Não pensar! Não posso escrever! Observo mas estou cego pela venda que cobre minha boca. Estou mudo pelos grampos que pregam meus olhos. Penso em gritar! Mandar tudo pelos diabos, mas não posso! Tem uma tarja preta que me diz não! Penso em fugir! Correr contra essa fila que me leva ao matadouro, mas a corda que colocaram em minha coleira é curta, não consigo dar mais que dez passos.

Os homens que um dia sonharam, hoje não passam de manchetes nas paginas de um velho jornal que ninguém ler, mas se lesse qual diferença faria? Mudaria algo? Não! Não faria diferença nenhuma. Mas e se fizesse? Oque aconteceria? Eles iriam se tornar reis? Ou só mais uns dos cachorros desaparecidos pelas correntezas do rio, pois a gerencia os taxou de cães sarnentos.

Toc! Toc! Toc! Ouço passos subindo a escada! Ouço vozes atrás da cortina! Será que estou ficando louco? Paranoico? Será oque será que me observa quando estou dormindo? Quem será que houve as mensagens que mando pra área 51? Estou enlouquecendo ou é o mundo que está?

Felizes são aqueles que têm a dadiva da ignorância, que furaram os olhos de si mesmos, daqueles que conhecem o céu azul dos condomínios. E eu como sou um cego que vejo o futuro nas tampinhas de garrafas sou mais triste ou menos triste? Tanto faz, O futuro é o apocalíptico mesmo.

Bum! Bum! Bum! Agora os passos batem na minha porta, deve atender? Melhor não! Tolos foram os poetas que abriram as portas para os passos que queriam entrar. Que ouviram a voz de deus no tumulo tapado. Ah! Pobres criaturas acharam que o amor era a solução e acabaram fuzilados em plena sexta-feira. Como eu queria saber oque é esperança, mas como não sei! Só me resta imaginar como seria. Como eu queria ter conhecido a liberdade, ter conhecido o amor. Como eu queria ter conhecido isso que o gerente fala essa tal de ordem e progresso. Só conheci desordem e um regresso!

As batidas ficam mais fortes, é melhor me esconder no meu quarto vão invadir a qualquer momento. O tempo é tão lento que não vai dar tempo pra o tempo poder parar. Minha cabeça está mil, minha respiração começa a ofegar. Será que é crise de pânico ou é por causa desse sangramento em meu corpo? Tanto faz! Eles venceram! Eles, mas quem são eles? São velhos caducos que sonham com tempos diabólicos? Ou são doidos que odeiam espelhos e por isso matam seus semelhantes? Quem são? Isso faz alguma diferença? Provavelmente não!

Ouço um enorme estrondo. Vejo cacos de madeiras se misturando com cacos de vidros. Sinto pedaços das grades voando pela janela, e vejo meu corpo indo junto. Até que fim! As grades que aprisionavam meu corpo estão voando por todo meu apartamento. Estou completo novamente! Estou livre.

O Mistério Contido Nos VentosWhere stories live. Discover now