A cultura de rua invadindo sua calçada

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Algumas pessoas são invisíveis pra a sociedade, vivemos tão apressados no dia a dia que não vemos o nosso redor. Existem milhares de artistas e gênios nas calçadas e ninguém vê. Há uma cultura que muita gente renega e ela está mais perto de você. É a cultura de rua invadindo sua calçada.

Depois de um tempo comecei a aprender a fazer artesanato, comecei fazer pulseirinhas bem simples que um maluco me ensinou, pra quem não entende "maluco" chamado de "gnomo" é aquelas pessoas que você chama de hippie. Mas aprender a fazer aquela pulseira me abriu portas que nenhuma faculdade ia conseguir abrir pra mim a porta da liberdade. Comecei a fazer varias pulseiras pra arrumar um troco, mais não conseguia vender porra nenhuma, mas tentei, fiquei acho que quase um mês sem ganhar nada e sempre o gnomo me ensinando coisas diferentes e me incentivando a ter coragem de ir pra calçada e colocar a arte pra frente, eu não estava ganhando nada e isso me deixava um pouco pra baixo, mas fui tentando e tentando.

Certa vez chegando o Feriado da semana santa fui conversar com gnomo, antes disso passei pela praça pra ver que estava rolando por lá. Chegando lá estava cheio de malucos (hippies) então resolvi conversa com os irmãos, falei que estava começando na arte e estava curtindo a viber de ser hippie. Eles foram super gente boa comigo, chamaram pra comer com ele, me deram presentes e uma coisa que nunca mais eu esqueço um coroa que estava lá com sua maluca (eram malucos das antigas) falou pra mim "nunca chame seus irmãos e nem você de hippie, você é maluco de br, Hippie é algo que acabou na década de 70." Eu achei aquilo como um fora, mas vi que ele estava me ensinando algo que jamais esqueço. Pedi obrigado e falei se eles podiam me ensinar alguma coisa. Um me ensinou a trabalhar com arame, outro cipó fazer filtro dos sonhos, outro me ensinou a melhor lição a de manguear (manguear é chamar a galera e conversar com eles pra arrumar um troco) e também fazer anel de arame bem rapidinho pra presentear e assim a pessoa deixa um troco.

Passei horas com eles, até que chegou uma maluca brava pra caralho com os fiscais que quiseram tirar ela da calçada e tomar o artesanato dela, chegou gritando lá "que cidade de merda, seus filhos da puta, vocês estão proibindo minha liberdade de expressão, não só minha, mas da minha família." Ela chegou dizendo, "aqueles comedias tiraram o maluco que estava lá em baixo e vieram pro meu lado". O maluco que ela estava falando era o gnomo e aquilo me bateu um desespero. Depois disso, fui falar aos malucos que eu ia lá em baixo atrás do gnomo e depois voltava. Chegando lá não encontrei o maluco, então fui procurar ele na cidade toda e não encontrava o cara. Na minha cabeça só vinha "prenderam o maluco". Eu não tinha oque fazer mais, fui embora nervoso, nem voltei pra os outros malucos.

Ao chegar a noite fui pra festa com sol, ficamos até umas meia noite na festa. Quando íamos subindo escutei alguém gritando "Alibaba", quando olhei era o gnomo sentado com sua arte. A noite estava uma bosta, mas quando vi que nada tinha acontecido com ele deu uma melhorada. Ele me contou que os fiscais chegaram lá pra tirar ele ou iam tomar tudo dele, então ele teve que sair que aquilo era o ganha pão da família e se perdesse ia ser pior. Vi que era hora de entrar de cara na cultura dos malucos e colocar o meu paninho na rua pra enfrentar o sistema junto com ele.

Na outra noite vim com meu pano pra festa, estava com umas vinte pulseiras e uns pendurico (é aqueles colares com pingente), o gnomo me deu uns colares e umas pulseiras de couro pra ajudar no começo. Naquele dia eu ganhei cinco reais, mas foram os melhores cinco reais da minha vida. Depois da primeira vez que coloquei nunca mais parei, muita gente me julga por isso, mas estou vivendo minha liberdade. Um dia vocês podem acordar e encontra a cultura de rua na sua calçada.

O Mistério Contido Nos VentosWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu