A vida como ela é

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O nosso cotidiano é uma peça de Nelson Rodrigues. Vemos um casal que se ama muito, mas ao mesmo tempo, não conseguem ficar sem beijar outras bocas e nem em dormir em outras camas. Em outra situação comum, vemos um garoto apaixonado pela professora, e ela se esquecendo dos seus deveres e do profissionalismo, retribui o sentimento. Por isso reforço, o mundo é um teatro.

Sempre fiquei sentado na praça conversando merda com os amigos, alguns de verdade, outros nem tanto, e o nosso maior hobby sempre foi falar da vida dos outros, era uma diversão ficar sentado lá vendo os idiotas vivendo suas vidas. Nunca me esqueço de um garoto que sempre voltava da escola com sua namorada, e ficavam lá, minutos e minutos esperando um ônibus velho, caindo aos pedaços, até hoje me pergunto por que ele está durando tanto naquelas condições. Quando o garoto finalmente ia para casa, ela beijava e trocava carinhos, às vezes uma putaria de leve, com o seu melhor amigo. Sempre achei essas coisas incríveis, mostravam o quão canalha é o ser humano.

Existia também um garoto que se achava o gostosão, beijando sempre mulheres casadas, e se deitando com elas, em camas limpas e confortáveis, hoje está com a boca beijada pelos vermes, deitado em um caixão coberto de terra podre no cemitério. Sempre soube que ele ia acabar morrendo (O homem que se vangloria muito por está pulando a cerca um dia vai tropeçar nela).

As mulheres belas que passavam pela praça, achavam que o mundo estava aos seus pés, o mundo acho difícil, mas o meu coração estava com elas.Me lembro de um grande amigo meu que se apaixonou por uma dessas garotas, ela esperava apenas ele virar as costas para começar a se agarra com outros, ele sabia de tudo, mas o amor sempre o fazia perdoá-la. Nunca o aconselhei, também não deveria, pois o amor cego sempre se sobrepõe a uma boa e velha amizade.

Lembro-me principalmente da minha tentação, me fez ver que eu também era humano, e o quão canalha eu também poderia ser. Foi uma paixão avassaladora, me fazendo esquecer até quem eu era. Pior que aquele súcubo sempre virava meu mundo de cabeça para baixo, e quando amanhecia ela vestia a roupa e ia embora. Se ela me falou seu nome eu não me lembro, também nem fazia questão de saber, eu só queria saber o que ela tinha no meio das pernas e que ela satisfizesse todos os meus desejos, ou melhor, dizendo, minhas mais diversas taras.

Outra louca que apareceu na minha vida foi a "Rivotril", aquela mulher fazia um dos melhores sexos que eu já conheci na vida, e os meus amigos também acharam isso, aquela garota tinha dado para todos eles, mas a surra e o chá de buceta que ela me dava não me deixava larga-la de jeito nenhum, aquela bendita realmente fazia jus ao seu apelido. Até que enfim um dia ela vestiu sua roupa e foi embora, ela ter me deixado foi a melhor e a pior coisa que já me aconteceu, mas aquele demônio ainda insiste em assombrar meus pensamentos, quando eles estão frágeis.

O Mistério Contido Nos VentosWhere stories live. Discover now