Capítulo 1 - 𝑷𝒂𝒓𝒕𝒆 𝒖𝒎

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𝔇𝔬𝔦𝔰 𝔞𝔫𝔬𝔰 𝔡𝔢𝔭𝔬𝔦𝔰

-Hora de acordar, idiota - Joan berra em meu ouvido logo cedo. O treinador nunca me deixa dormir mais que cinco horas. 

Ele tem exatamente a mesma aparência que tinha quando o conheci. Olhos vermelhos como todos, cabelo castanho e porte atlético. 

Apesar de nunca tê-lo visto lutar contra um oponente à sua altura, sei que luta melhor que qualquer um aqui. 

Eu estou fazendo quatorze anos, hoje finalmente os completei. Sei que tenho direito a alguma coisa, saberei quando vir Caste, o rei.

-Está deitada ainda? Levante logo, tem muito o que fazer e eu estou sem paciência! - ele berra aparecendo na porta do cubículo que eu chamo de quarto, me tirando dos meus devaneios.

-Quando você está com paciência mesmo? - pergunto à mim mesma, e ele aparece na porta berrando novamente.

- O que você disse?  Você deve ter merda na cabeça mesmo, isso só pode ser hereditário... -

-Meça suas palavras para falar de meus pais - grito. Posso não conhecê-los, mas isso é problema meu.

-Você tem muitíssimo o que fazer. Grite comigo mais uma vez e eu arranco sua cabeça desmiolada - ele ameaça com os olhos vermelhos arregalados.

-Vamos ver se Caste concorda com isso... - o desafio.

Ele me manda um olhar assassino e sai do quarto pisando duro.

Eu não diria que morar aqui é tão ruim, não recebo ameaças de morte todos os dias... Só quando Joan está de mau humor. Às vezes eu só gostaria de ser mais livre.

Saio da cama e pego minha roupa habitual. Uma calça masculina preta bem solta e uma camisa de chiffon vermelha também solta, coloco-a dentro da calça e calço meus coturnos. Faço uma trança embutida firme no meu cabelo que está cada dia maior e saio do quarto indo até a cozinha.

Eu adorava cortar meus cabelos bem curto, ficar igual os meninos já que cresci como um. Mas Caste disse que uma mulher não pode ter cabelos curtos, no dia posterior que ele disse aquilo eu cortei meu cabelo mais curto ainda.

Então ele só disse que pareço mais com a minha mãe quando meu cabelo está longo, depois disso eu decidi nunca mais cortar. É o que sei sobre ela atualmente, tinha cabelos longos e era uma feiticeira, como eu.

Pego uma bergamota pela metade e saio da cozinha. Os cozinheiros não deixam os lutadores ou empregados pegarem muita comida, eu sou os dois e sou uma "não vampira" então não tenho direito à tanta comida. Vou ao encontro do treinador que me encarava com raiva enquanto eu mastigava tranquilamente a minha bergamota. 

-Cem voltas pela propriedade e depois duzentas pelo castelo - ele diz secamente.

Punição, certeza. 

Termino de comer e lhe mando um sorrisinho debochado antes de começar a correr. Na décima volta eu já ofegava feito humana com asma.

Pulmões inúteis. Paro e fico com as mãos no joelho apenas respirando e ouvindo os barulhos ao meu redor.

Preciso de água...

Sigo em frente e logo o barulho de uma correnteza preenche meus ouvidos. Acelero e chego no pequeno riacho de águas cristalinas. 

Me ajoelho e pego água com as mãos em forma de concha. Bebo e repito o processo várias vezes até ficar satisfeita. 

Ouço um barulho vindo dos arbustos e fico em posição de ataque com os ouvidos e olhos atentos. Encaro o lugar de onde veio o som e vejo um homem encapuzado me encarando, eu acho. 

Escolhida para lutarWhere stories live. Discover now