Escolhida para lutar

Capítulo 25

A porta é aberta por Déle, isso acaba me acalmando um pouco. Mas no momento em que percebi que eu teria que entrar, o nervosismo voltou com tudo e eu quase arranquei meus lábios de tanto mordê-los.

-Olá, querida - a mulher diz sorrindo e abre um espaço para que eu e Ethan passássemos. - Olá, Ethan - quase ouço Adelaide sorrir ao falar.

Paro no meio da sala como da primeira vez e então ouço risadas vindas da cozinha. Olho na direção de Déle e ela assente sorrindo para mim.

Respiro fundo e caminho em passos lentos até a porta da cozinha.

Caste e Malvon ririam do meu nervosismo agora... A menina que ia para as arenas animada com as lutas, a menina que estava disposta a matar um feiticeiro de cinco séculos por uma informação, essa menina estava nervosa de falar com três garotos.

Haja paciência.

Ignoro Carli e bato na porta.

Qual é o seu problema? Por que não simplesmente abriu a porta? - Carli quase berra. - Vai passar a impressão de que não está confortável!

Ah, cale a boca, Carli. Vai passar a impressão de que quero que eles estejam confortáveis com isso - respondo e ouço ela bufar.

Ouço passos ligeiros vindo em direção à porta e então o trinque estala avisando que a porta vai se abrir.

Meu primeiro impulso foi querer fechar a porta novamente, mas era tarde demais. Eu já encarava Ahmun, um dos meninos que abrira a porta na primeira vez que estive aqui.

Ele me avalia como se me visse pela primeira vez, Ahmun abre um sorriso fraco e então me dá espaço para passar. Quando passo, Ahmun fecha a porta e me ultrapassa para se juntar com os outros dois meninos, um deles estava sentado na mesa e outro na cadeira próxima a mesa.

-Então você é a Victória... - um dos meninos fala chamando minha atenção para si. Ele era loiro, diferente dos outros dois, seus olhos eram castanhos e ele tinha a barba por fazer. E ele também devia ser o mais velho.

-E você deve ser o Ettore - ao contrário do que pensei, minha voz saiu, e claramente. - O mais velho? - digo fingindo incerteza, sabia exatamente que ele era o mais velho.

-Eu mesmo - ele sorri de canto. - Nossa mãe já falou de nós para você, ao que parece. Mas se recusou a falar sobre você para nós... - Ettore desce da mesa e caminha até mim ficando à uma distância segura.

-Não perderam muita coisa, eu... - começo e Ahmun me corta.

-Interessante ou não, você é sangue do nosso sangue, queremos saber tudo - ele diz e eu sorrio fraco.

-Você não chegou a conhecer ele, não é? - o mais novo, aquele que ainda não falara, finalmente se pronuncia. Franklin.

-Jake? - confirmo e ele assente. Não precisei tirar os olhos dele para saber que os outros dois irmãos abaixaram a cabeça como se pronunciar o nome dele ainda doesse.

Talvez doesse mesmo, mas como Franklin dissera, eu não o conheci.

-É - respondo e ele ergue o queixo como se confirmasse algo para ele mesmo.

-Com quem viveu? - Ahmun pergunta e empurra uma cadeira para mim. Me sento e penso em quais palavras deveria usar.

-Até meus quatorze anos eu morei em Glaviros - digo e Franklin me interrompe.

-Com vampiros? - ele pergunta debochadamente.

-Não, com fadas! Idiota - Ettore bate de leve na parte de trás da cabeça dele que resmunga alguma coisa.