Capítulo 22

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𝑉𝑖𝑐𝑡𝑜𝑟𝑖𝑎 𝑛𝑎𝑟𝑟𝑎𝑛𝑑𝑜

E ele estava ali. Meu companheiro, bem na minha frente, me encarando pasmo.

A primeira coisa que me chamou atenção foram as orelhas pontudas, depois o curto cabelo cinza, o olhos igualmente claros e a cicatriz que cortava sua tatuagem na testa e se aproximava do nariz. E então as roupas luxuosas, algo me fazia achar que ele era da guarda do rei, as roupas dele variavam entre dourado, preto e vermelho, e os detalhes em metal da armadura. 

- Novidade? - pergunto em relação à minha natureza, no caso híbrida.

-Nunca me odiei tanto como agora - ele resmunga me encarando. Eu sabia que de certa forma ele me avaliava, eu fazia o mesmo. A voz dele na minha cabeça não era muito diferente, mas ao ouvi-la era possível notar seu sotaque Aghnérico.

-Eu já disse que não é necessário - me refiro ao seu ódio. - Você é de Ahgnares, então - suspiro digerindo a informação e desvio meus olhos para encarar a fronteira ainda afastada.

-Sou... - ele diz ainda me perscrutando.

-Pela Lua, pare de me encarar - resmungo e ele solta algo parecido com uma risada, mas parecia tenso demais para rir.

-Desculpe - ele fala, então reparo que ainda não sei o nome dele.

-Seu nome - resmungo baixo. - Você sabe o meu, nada mais justo que eu saber o seu - digo.

-Ethan - ele responde em uma tentativa fracassada em não me encarar. 

Apenas assinto com a cabeça e ele finalmente suspira virando em direção ao seu continente.

-Vai entrar? - ele pergunta começando a andar e eu o sigo devagar. - Minha família pode disponibilizar um quarto para você, será bem recebida se quiser...

-Não estou aqui por você, Ethan - respondo tentando claudicantemente não parecer grossa.

-Compreendo - ele parece pensar. - Pensei que não tivesse lugar para ficar, supus que...

-Pare de supor - bufo e ele para de andar para me encarar com o semblante magoado. - Eu não quero sua ajuda, não preciso dela e agradeceria se seguisse sua vida. Eu não fiz parte dela, e pretendo não fazer - digo sem encará-lo e ele suspira.

-Tudo bem - Ethan resmunga trincando o maxilar. - Não vou atormentá-la, apenas estou tentando deixá-la confortável, você não é de Ahgnares e sinto que nunca esteve aqui...

-Errado, eu já estive aqui. Não preciso de conforto, mas se puder me informar onde posso encontrar... - interrompi a mim mesma ao perceber que não sei o nome da companheira de meu pai. - Droga - resmungo. - Vocês recebem Loxiganos? 

-Poucos, a última onda de imigrantes veio para cá há uns dez anos - ele diz incerto.

-E onde eles ficam? - pergunto. - Imigrantes costumam ficar juntos...

-Sim, claro. Há uma aldeia próxima ao santuário Longte, a maioria preferiu ficar por lá - ele diz e uma imagem do local veio em minha mente, sei onde fica... sorte.

-Tudo bem, ham... você trabalha para o rei? Eu meio que preciso de autorização para passar pela fronteira - digo breve e um canto da boca dele se ergueu.

-O rei a viu caminhar pela ponte, ele já sabe que está aqui e me enviou como seu responsável - Ethan diz e eu o encaro com uma sobrancelha arqueada. - Foi mera coincidência, eu lhe garanto.

Bufo e volto meu olhar para a barreira que dividia a luz nublada do dia ao lado de fora da escuridão Ahgnérica. 

-Vamos então - digo e começamos a andar. 

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