𝐖𝐈𝐒𝐇𝐄𝐒, 𝘗𝘢𝘳𝘬 𝘑𝘪𝘮𝘪𝘯

O Aniversário.

Sábado. Quatro de Abril.

O grande dia havia chegado: o aniversário do meu melhor amigo, Park Daesung. Eu praticamente me arrastei da cama até o banheiro para fazer minhas necessidades. O sono me dominava naquele momento, pois ainda era bem cedo. Contudo, eu tinha bastante coisa pra fazer, incluindo dar uma “geral” em meu quarto. Após fazer minhas higienes matinais como escovar os dentes e lavar o rosto, fui para a cozinha. O cheiro fresco de café pairava sobre o apartamento e tal fato fez com que o meu estômago roncasse alto. A última vez que comi no dia anterior foi na casa do Dae, nem a maçã que levei para comer no trabalho eu não comi, pois não tive tempo e quando cheguei já era muito tarde, então tomei um banho e fui dormir.

— Bom dia, Liv. — Tia Amália sorriu ao me cumprimentar.

— Bom dia, tia. — Fiz biquinho e me sentei junto dela, enchendo uma xícara com café.

— Trabalhou muito ontem? — Indagou, comendo um pedaço de pão.

— Trabalhei sim. — Bocejei e bebi um pouco do líquido quente e escuro. — O bar estava muito lotado.

— Não consegui te esperar acordada, eu realmente estava cansada. — Comentou.

— Não, tudo bem. — Sorri. — Já era tarde também.

— Me preocupa saber que você anda sozinha tão tarde da noite, Olívia. — Ela suspirou, quebrando o nosso contato visual.

— Mas é assim mesmo, tia. — A confortei. — Precisamos de dinheiro e é difícil achar um trabalho que seja no turno da noite, porque estudo durante o dia.

— Mas Olívia...

— Nós vamos ficar bem. — Forcei um sorriso e a mais velha também. — Hoje é a festa do Dae. A senhora vai comigo, né? — Perguntei.

— Vou sim. — Assentiu. — Até pedi um vestido emprestado para uma das minhas colegas do trabalho.

— A Lizz me emprestou um também. — Comentei. — Provavelmente vai ter muitas pessoas.

— Temos que estar apresentáveis. — Riu baixinho.

— Realmente. — Mordi o lábio. — Estou muito ansiosa. Planejamos essa festa desde o início do ano e finalmente chegou o dia. — Sorri ao dizer.

— Você gosta muito do Dae, né? — Indagou, sugestiva.

— Demais. — Soltei um riso. — Mas nós somos melhores amigos.

— Sei. — Semicerrou os olhos.

— Tia! — Ri ainda mais. — É nítido que ele é muito pra mim e além disso, somos apenas bons amigos.

— Não fale assim, Olívia. — Balançou a cabeça em negação, me repreendendo. — Você é uma garota linda, doce e gentil.

— Eu sei das minhas qualidades, tia Amália. — Sorri fraco, abaixando o olhar lentamente. — E sou muito grata por toda a educação que você e minha mãe me deram, mas sei do meu lugar.

— Não é porque somos pobres que você não pode se apaixonar por um rapaz como ele. — Explicou.

— Mas não é o certo. — Engoli em seco. — No começo da minha amizade com o Dae e com a Lizz, algumas pessoas me chamaram de interesseira e essas coisas. — Senti um nó formar-se em minha garganta. — Sou grata por tudo que conquistei até aqui, mesmo que sejam poucas coisas.

— Você ainda vai ser uma grande arquiteta, minha linda. — Sorriu lindamente, me confortando.

— Se Deus quiser, tia. — Suspirei, bebendo mais um pouco do café.