O Jantar.

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Cheguei no apartamento completamente pensativa. Meus pensamentos estavam em uma desordem total, enquanto o meu corpo ainda sentia a forte descarga de emoção de minutos atrás. As palavras do Sr. Park ainda ecoavam em minha mente e por mais que tentasse limitar àqueles pensamentos, eu não conseguia. Era mais forte do que qualquer outra coisa que eu pudesse imaginar. Repetia mentalmente que tudo não passava de uma mentira, porém algo dentro de mim dizia que era a mais pura verdade. Infelizmente não podia ser real. Park Jimin era um homem da sociedade, milionário e além disso, a maior barreira que nos separava, era Park Daesung, o seu filho. 

Ele poderia facilmente ter quem quisesse aos seus pés. Enquanto divagava em meus próprios pensamentos, lembrei-me de Paola e que possivelmente eles teriam algo. Meu peito apertou-se e resolvi deixar toda aquela história de lado. Estava feito. Eu entreguei o seu paletó e depois contaria a verdade ao Dae. Não seria fácil contar o que aconteceu entre o seu pai e eu, no entanto, nunca tinha escondido absolutamente nada do meu melhor amigo e não seria aquela vez que esconderia. Daesung não tinha culpa de ter um pai tão controlador como o Sr. Park. Afinal, o que ele queria me segurando daquela forma? Nós estávamos tão próximos que eu pude sentir o seu calor.

Estaria mentindo se dissesse que não queria ser beijada por ele. Aliás, quem não gostaria de ser beijada por um homem tão bonito? Novamente uma pequena dor instalou-se em meu peito, me sufocando. Repreendi outra vez os meus pensamentos e fui para o meu quarto, me jogando na cama. Quantas coisas estavam acontecendo naqueles dias. Coisas que jamais imaginei que aconteceriam um dia. Toda a minha admiração pelo Sr. Park parecia ter evaporado, de verdade. Ele só queria brincar comigo. Uma moça tão pobre como eu, jamais teria um momento de paz e conforto. Minhas condições financeiras não diziam o que eu era, mas me privava de várias sensações que a vida proporcionava.

— Posso entrar, Liv? — Minha tia perguntou.

— Pode sim. — Me sentei na cama, encostando as costas na cabeceira. 

— Vai fazer um ano que a sua mãe nos deixou. — Ela sentou—se sobre o colchão, com um olhar triste.

— Sim. — Sussurrei, evitando liberar o choro que estava preso dentro de mim. — Sinto tanta falta dela, tia Amália... — Abaixei o olhar, fitando o edredom de cor escuro.

— Eu também sinto, Olívia. — Grunhiu, baixinho. — Sua mãe era uma mulher tão bonita e incrível.

— Queria que ela estivesse aqui para me ajudar a superar algumas coisas... — Entrelacei meus próprios dedos, respirando fundo.

— Você tem a mim, Liv. — Suas mãos quentinhas seguraram as minhas. — Tudo o que precisar dizer, seja o que for, você pode desabafar comigo.

— Eu sei... — Sorri fraco. — A senhora é a minha segunda mãe, tia Amália. Sei que vai me apoiar sempre. — Apertei seus dedos.

— É verdade. — Sorriu, reconfortante. — Você também é como uma filha para mim.

— Sei disso. — Abri um pequeno sorriso. Meu celular começou a tocar dentro da bolsa, interrompendo o momento. O peguei e vi o nome do Marcelo, meu chefe, brilhar na tela. — Marcelo?

Olívia, nós não iremos abrir o bar hoje. — A voz grossa soou do outro lado da linha.

— Aconteceu alguma coisa? — Perguntei, estranhando o seu recado.

Minha mãe adoeceu na sexta-feira e sou responsável por ela. — Respirou de maneira profunda. — Ela vai precisar fazer uma cirurgia de última hora, então não sei quando irei abrir o Tequila Bar.

— Eu sinto muito. — O confortei.

Preciso desligar. — Suspirou.

— Até mais, Marcelo. Melhoras para a sua mãe. — Sorri fraco.

𝐖𝐈𝐒𝐇𝐄𝐒, 𝘗𝘢𝘳𝘬 𝘑𝘪𝘮𝘪𝘯Onde histórias criam vida. Descubra agora