A Dúvida.

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Já fazia algum tempo em que eu estava sentada no sofá na mesma posição, apenas encarando o chão em minha frente. Meus pensamentos estavam uma desordem total e notei que a cada segundo, um suspiro escapava de meus lábios. É, eu realmente estava frustrada com tudo o que havia acontecido naquela tarde. Afinal, o que o Sr. Park queria? Por que de uma hora para outra começou a me tratar tão bem e até se insinuar para mim? Não, não estava nada certo! Tinha alguma coisa acontecendo, pois não havia outra explicação tão clara como àquela. Eu respirei profundamente e levei as mãos até o meu cabelo, desfazendo o rabo de cabelo lentamente. Os fios loiros e lisos se espalharam por minhas costas, agora soltos.

Marcelo, meu chefe, havia me avisado que novamente não iríamos trabalhar — como eu já imaginava — e tal fato me preocupou. Tanto pela saúde de sua mãe, quanto pelo meu salário que com certeza iria diminuir no final do mês. Depois que conversei com o Marcelo recebi uma mensagem do Jungkook, onde ele dizia que iria passar no apartamento depois das oito para se despedir de mim. Era inusitado demais. Eu sentia um aperto no peito, já que tinha me apegado bastante ao Jeon. O moreno e o seu jeito cativante me fez adquirir um grande carinho por ele. Depois que cheguei no apartamento e peguei o celular, acabei assustando com a quantidade de mensagens do Dae e da Lizz, ambos perguntavam o que aconteceu entre o Sr. Park e eu. 

— Olívia...

Foi só fechar os olhos que, por um momento, senti como se o loiro ainda estivesse atrás de mim, me guiando a usar todos aqueles programas. Meu coraçãozinho era fraco demais. Além de tudo isso, ainda existia a imensa atração que eu sentia pelo pai do meu melhor amigo. Contudo, isso era normal aos meus olhos. Park Jimin era um belo homem, invejado por muitos e querido por várias pessoas. Por que ele mentiria que estava atraído por mim? Não fazia muito sentido. No entanto, não fazia sentido também um homem como ele sentir-se por uma garota normal como eu. Afim de afastar tais pensamentos, me levantei de onde estava e caminhei até a janela da sala, a qual mantínhamos sempre fechada. Com um pouco de força consegui abrir e escorei os meus braços ali, fixando o olhar no céu cheio de nuvens.

Quando ainda era uma menininha, gostava de observar as nuvens com a minha mãe. Algo tão simples, mas que tinha um grande valor para mim. Mamãe me levava para um parque no centro da cidade e lá ela estendia um lençol no chão, bem debaixo de uma mangueira. Ficávamos por um bom tempo “advinhando” com qual animal as nuvens pareciam. Lembrar dos nossos momentos juntinhas faziam os meus olhos se encherem de lágrimas. Deixei que estas molhassem o meu rosto e esbocei um sorriso triste. Iria fazer um ano que a perdi e a saudade ainda era a mesma de meses atrás. Aquela dor jamais desaparecer do meu peito. A dor da perda é imensa; não há nada no mundo que a faça menor. Funguei, totalmente mexida com aquelas lembranças.

— Liv? — Ouvi a voz da Lizzie e algumas batidas. Enxuguei o rosto com as palmas das mãos e caminhei até a porta, permitindo que minha melhor amiga entrasse. — O que foi? Você estava chorando? — Indagou com um olhar de preocupação sobre mim.

Fechei a porta e nos sentamos no sofá, uma de frente para a outra.

— Eu estava lembrando da minha mãe, Lizz. — Engoli o choro, vendo a mais velha olhar-me de forma atenta. — Vai fazer um ano que ela me deixou... — Sussurrei.

— Vem cá. — Me puxou delicadamente para os seus braços e eu fechei os olhos, recebendo um beijo no topo da minha cabeça. — A sua mãe não se foi, Liv... — Me apertou e eu fiz o mesmo com ela. — Ela continua viva dentro do seu coração.

— Eu sei... — Ciciei, sorrindo triste. — Mas não é a mesma coisa de tê-la aqui comigo, Lizzie.

— Sinto muito... — Suspirou. — Ela te amava muito, assim como eu amo você.

𝐖𝐈𝐒𝐇𝐄𝐒, 𝘗𝘢𝘳𝘬 𝘑𝘪𝘮𝘪𝘯Onde histórias criam vida. Descubra agora