Capítulo 4

25 5 0
                                    

"Eu vou te levar até o zoológico e te dar

de comida para o Leão,

Assim que eu acabar com essa bebida."
Bonequinha de Luxo

Aaron


Ela bateu a mão no balcão rindo descontrolada com o cabelo bagunçado e o batom que mais cedo eu vi na sua boca já não estava mais lá.

— Mais uma! — ela gritou em meio a música alta e a bagunça que estava aquela boate.

Seus olhos chegaram até mim sentado no balcão bebendo meu whisky tranquilo, eu não queria encontrar com ela, mas parecia que ela estava em todo lugar. Ela me observou cautelosa.

— O que você tá fazendo aqui ? — sua voz carregada de desprezo e tropeços por causas do álcool me fez ver que ela já estava no limite.

— Vou te responder com outra pergunta, o que você está fazendo aqui ainda que não foi pra casa? — ela já não conseguia parar em cima dos saltos, não sabia nem o que estava dizendo.

O barman trouxe um copo com bebida que ela pegou na hora.

— Cuida da sua vida! — ela praticamente cuspiu as palavras na minha cara.

Eu segurei seu braço por um motivo que nem mesmo eu sabia, preocupação talvez, quem sabe.

— Tem alguém pra te leva pra casa? — ela se virou pra mim calma e com um olhar de tédio.

Ela demorou alguns segundos pra responder.

— Tenho — se virou e eu puxei ela de volta.

Eu já deveria saber que aquilo não daria certo, era óbvio que ela não tinha ninguém ali, a maioria das pessoas já tinham ido em bora, e era óbvio que ela jogaria aquela bebida em mim, por que não? Eu peguei o meu copo com whisky e joguei no seu vestido que aparentava ser de grife.

— Seu idiota, eu adorava esse vestido! — ela partiu pra cima de mim, mas acabou caindo.

Seu bafo de álcool mataria qualquer um que estivesse a um Raio de 50 metros.

— Estamos kits agora — eu disse me levantando e tirando ela de cima de mim, coisa que sozinha ela não estava conseguindo.

Eu paguei a conta enquanto ela brigava  comigo, batia já sem força no meu peito, eu não sabia o porquê estava ajudando aquela louca, talvez seja um carma.

Ela não parou de gritar "Socorro" enquanto nao abri o carro e a coloquei lá dentro, todos que estavam saindo da boate me olhavam de canto, desconfiados.

— Será que dá pra parar de gritar, eu vou te levar pra casa sua doida — ela ficou quieta derrepente, olhando nos meus olhos enquanto eu segurava seus ombros pequenos e delicados.

Ela nao disse uma palavra depois disso, até chegar em casa, havia uma certa tristeza em seus olhos, assim que chegamos na casa dela, a ajudei a entrar, ela se deitou no sofá, estava pensativa.

— Você tá bem? — eu não resisti em perguntar, ela ficou murcha como uma flor perdendo a vida.

— Como eu poderia estar bem? O rei quer que eu me casa com o príncipe — eu não sabia se ela estava bêbada de mais ou se eu tinha ouvido errado.

Eu quase engasguei com o ar, por fim eu desabei a rir, aquilo era impossível, literalmente impossível.

— Eu tô falando sério, imagina só, eu rainha, não tenho a menor vocação pra isso — ela pegou uma almofada e colocou em cima da cabeça.

Me mantive quieto, o rei só podia estar louco. Deixei toda a conversa de lado, ela ficou quieta novamente, ela precisava de um banho frio, mas o mar é bem mais eficiente que o chuveiro quando o caso é ressaca. Puxei ela pelo braço, que resistiu um pouco.

— Pra onde você vai me levar ? — ela exitou em vir comigo com um olhar preocupado.

— Vem, vou te levar pra praia, água do mar é ótima pra curar ressaca — os olhos dela quase saltaram pra fora.

Ela tinha uma expressão tão amedrontada que dava dó.

— Não ! Pra praia não, eu tô ótima, eu tô bem! — ela se encolheu no sofá resistindo ao meu chamado.

Não teria outro jeito, peguei ela no colo que se debateu contra mim, e gritou horrores novamente, ela tinha tanto medo de água assim? Ela tinha medo de água? Eu empurrei a porta de vidro que dava pra uma piscina de frente pra praia, desci as escadas e fui até a beira da praia

— Não por favor — ela se encolheu como uma criança nos meus braços, a situação ficava cada vez mais engraçada.

As ondas iam e vinham em um mar escuro e frio.

— Você tem quanto anos? 5 ? — eu disse enquanto ela passava os braços pelo meu pescoço com força.

Ela começou a chorar e ali eu percebi como ela tinha enchido a cara.

— Sim — sua resposta abafada no meu pescoço me fez rir, ela parecia uma criança mesmo.

Adentrei na água com ela agarrada em mim, de certa forma era um abraço tão aconchegante que eu já nem ligava pro bafo de álcool dela.  Eu ajoelhei deixando que a água tocasse seu corpo, a temperatura estava perfeita.

— Prende a respiração — eu disse suavemente enquanto ela se encolhia mais.

Eu mergulhei com ela, senti sua musculatura relaxar quando a água tomou conta de seu corpo, ela se soltou de mim e ficou de pé, voltou pra praia e se sentou na areia. Eu fui até ela, me perguntando porque eu estava ali.

Me sentei do lado dela esperando que  dissesse algo, depois de alguns minutos resolveu falar.

— Acho melhor você ir pra casa — ela não olhou pra mim pra falar, estava pensativa novamente.

Não pensei duas vezes, já estava tarde e meu pai com certeza pegaria no meu pé por isso. Eu não estava certo que era uma boa ideia deixá-la sozinha, mas depois do que ela me disse eu também precisava de um tempo pra pensar.

Segredos Do Tempo_ Volume 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora