Capítulo 28

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Acordei com pouca claridade vinda das janelas, Aaron já havia ido, e sinceramente? Eu preferia assim. O céu estava cinza, e a chuva deu lugar a um ar frio, minha mãe entrou no quarto assim que acordei, e nos arrumamos juntas para o passeio, um sobretudo xadrez e uma calça preta com botinhas igualmente pretas completavam o meu look, amarrei o cabelo em um rabo alto e não abusei da maquiagem.

— Eu não sei porque você é tão contra, eu ir nesse passeio com vocês — disse o príncipe tomando um gole de seu café.

Na mesa de café da manhã estavam, o rei , a rainha, o Aaron, minha mãe, a princesa Charlotte e seu Irmão Roman e é claro, eu. Aquilo era tão surreal, embora a presença da princesa me deixasse um pouco enjoada, eu me sentia bem com os outros, até com a Rainha que agora parecia querer realmente minha amizade, mas ainda era bom ficar de olho aberto.

— É um passeio para as meninas, na próxima você vai — disse a rainha sorrindo para o filho.

Naquele momento tive uma sensação estranha.

— O céu está tão nublado, tem certeza que é uma boa idéia irmos Hoje?— as palavras pularam de minha boca.

— Ah Querida, eu gostaria muito de adiar esse passeio para um dia de sol, mas se eu fizer isso agora vai levar semanas até conseguir o dia livre de novo, não é querido? — ela olhou pra mim e por fim para o rei colocando uma mão sobre a dele.

Se demoraria semanas, porque ela me convidou em cima da hora?

Sim, é verdade — o rei concordou.

— Eu iria com vocês, mas infelizmente tenho que ir embora de volta ao meu país hoje ainda — disse a princesa tentando voltar a conversa para ela.

Deixei que eles conversasse entre si. Mais tarde fomos para a marina. Aaron fez questão de me levar até a Limusine e choramingou mais um pouco por não poder ir, foi até engraçado. Ele estava mais feliz naquela manhã, seus olhos brilhavam, ele disse que havia preparado algo especial pra hoje a tarde assim que chegasse do passeio, era pra eu procurá-lo perto do "anjo Willy" , eu também estranhei quando ele falou tbm, mas era apenas uma estátua enorme de um anjo que havia no jardim que ele chamava assim desde que era criança.

[...]

O barulho das ondas e do motor do grande iate não tranquilizavam meus nervos. O vento batia em meu rosto fazendo um arrepio me percorrer a espinha. Mamãe estava tão feliz, tagarelando com a rainha, ela havia levada junto dois seguranças que estavam um pouco afastados, ela disse que era obrigatório para todos da família real. Me perguntei se o Aaron teria que andar com seus seguranças de agora em diante.

— Eu acho que ficaria ótimo, o que você acha Mel? — perguntou a minha mãe, me fazendo virar na direção dela.

— O que ?

— Deixa eu adivinhar... Estava pensando em um certo príncipe. — a rainha sorriu travessa pra mim. — Acertei?

Eu dei um fraco sorriso,  aquela mulher havia confessado para mim que matara o meu pai, será que se arrependeu mesmo? Na duvida, não confie.

— É, acertou — eu suspirei e voltei a encarar a água, alguma coisa estava me incomodando e eu não sabia o que.

Já estávamos tão longe de terra firme.

— Querida, eu ainda não sei o que você fez com o Aaron, confesso que me impressionei, nunca o vi tão feliz. — a rainha deu uma cotovelada na minha mãe que concordou.

— Ela encontrou o príncipe encantado dela — disse minha mãe, rindo.

Elas continuaram a conversa enquanto eu voltei a encarar a água e o céu, naquele momento um helicóptero passou por cima de nós, foi quando percebi que estávamos saindo da baía, mal pude segurar as palavras em minha boca.

— Estamos saindo da baía dos Cristais — comentei franzindo a testa para as duas mulheres a minha frente.

— Estamos? — a rainha franziu a testa  olhando por todos os lados, e em seguida chamou um de seus seguranças — por favor, vá ver o que está acontecendo.

O homem mandou a cabeça rapidamente e saiu do nosso campo de visão.

— Não se preocupem, isso vai ser resolvido, vamos fazer um brinde. — Mary Anne foi até dentro do barco e em alguns segundos voltou com três taças de champanhe — À amizade e o amor.

Ela levantou a taça e sorriu, minha mãe logo repetiu o que ela disse, eu olhei para o líquido na minha taça e hesitei por alguns segundos, se essa mulher matou o meu pai e teve coragem de falar isso na minha cara, porque não tentaria me envenenar? Mary Anne olhou pra mim com um pouco de decepção, senti um pouco de arrependimento, mas eu não conseguia confiar.

Mamãe reparou no clima que se instalava e então resolveu falar.

— Ela não gosta muito de beber durante o dia — ela dizia como se fosse uma brincadeira.

Eu olhei para as minhas mãos tentando não encara nenhuma das duas.

— Entao, experimenta uma maçã, são as melhores do país. — a rainha empurrou uma cesta com várias maçãs que estava em cima da mesa desde que chegamos.

Eu peguei uma delas e mordi, realmente eram deliciosas, enquanto Mary Anne pegava a minha taça me lançando um olhar de "veja", e entao tomou um longo gole do meu champanhe, para me provar não não havia nada além de champanhe ali. Me senti ridícula. Ela empurrou a cesta até minha mãe, que também começou a comer.

— São deliciosas — eu comentei antes de ver a cidade desaparecer de nossas vistas.

Mary Anne se levantou e colocou a taça na mesa, senti uma dor de cabeça forte no mesmo momento em que a rainha abria um largo sorriso, voltei meu olhar pra maçã. Droga! Minha vista começou a ficar turva. Desgraçada!

Envenenou a maçã. Olhei para minha mãe que estava com a testa franzida olhando para todos os lados.

— Finalmente! — disse a rainha — Eu pensei que você nunca sairia do meu caminho, sua ratinha.

Senti meu sangue ferver, tentei sair do lugar, mas mal consegui me mecher.

— Desgraçada! — minha voz saiu falha e fraca.

Àquilo a fez gargalhar e então olhei pro segurança dela, ele precisava me ajudar, mas ele estava parado olhando tudo como uma pedra, tentei pedir ajuda mas minha voz não saía mais.

— Depois de tantas tentativas falhas de tira você do meu caminho, enfim consegui. — ela se vangloriava e ria como se tivesse ganhado um prêmio.

Então me lembrei do acidente de carro, foi ela. Meu deus essa mulher é doente.

— Agora, Ryan mostra pra ela o que acontece com quem entra no meu caminho... — as palavras foram sumindo aos poucos, assim como o som  de tudo.

A última coisa que vi foi minha mãe cair no chão desmaiada, entao senti o baque do meu corpo no chão. Ela ia pagar por isso. Eu nao queria morrer desse jeito.

Não.

Não posso.

Não...  

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