Capítulo 16

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Aaron

Meu corpo estremeceu diante daquela cena, a loira caiu na água de costas, por um momento pensei em pular na piscina e tirar a Melina de lá, ela não sabia nadar e tinha medo da água mais do que tudo, por alguns breves instantes lembrei-me de quando a encontrei no bar e a levei para casa, meu pai e eu haviamos brigado feio naquela noite, ela tinha tanto medo da água do mar que um aperto no peito me tomava.

Antes que eu pudesse me levantar da espreguiçadeira, Henry e algumas outras pessoas pularam na piscina e alguns segundos depois a Melina saiu da água abraçada em Henry, aquilo me incomodava e eu já tinha quase certeza do por que.

Eles riam como dois loucos, aquela festa já tinha chegado no limite para mim.

— Olha o que eu trouxe para você! — Charlotte se aproximou com dois copos de bebida junto do irmão, ambos usavam óculos de sol.

Charlotte trazia no rosto um sorriso largo, já Roman estava com um rosto desanimado, eu não podia deixar de sentir uma certa felicidade, por ela não ter dado papo pra ele.

— Obrigado — eu disse pegando a bebida.

Charlotte se pôs a minha frente, mas meus olhos estavam petrificados em direção a Melina, ela parecia tão feliz, feliz de um jeito que nunca esteve quando estava ao meu lado, aquilo me deixou estranho, um sentimento novo que eu não sabia explicar.

— Eu tô começando a gostar dessa festa, tá bem animada — Charlotte disse dançando ao som da música que vinha de um lugar acima de nós onde eu não conseguia identificar.

— Eu vou procurar uma motivação pra gostar dessa festa — eu disse me levantando e indo em direção a quadra de basquete que ficava ao lado da área da piscina.

— Onde você vai? — perguntou Roman se sentando onde eu estava à alguns minutos atrás.

Eu me virei para vê-lo.

— Vou atrás de uma garrafa, isso não é suficiente pra mim não — eu disse apontando pro copo na minha mão esquerda.

Embora o dia estivesse incrivelmente lindo, pra mim era o mesmo que um dia chuvoso e sem graça, eu queria ir pra casa, mas se eu chegasse lá agora, minha mãe daria um xilique dos grandes. Ao chegar em uma sala um pouco afastada da casa avistei um bar com várias bebidas, era uma sala grande, tinha muitas cortinas e sem muita decoração.

Peguei uma garrafa de whisky bourbon, era o preferido de Henry, só pra provocar um pouco. Meu celular começou a vibrar no meu bolso, era meu pai, aposto que com mais problemas.

— Oi, pai — falei me encostando no balcão. — qual o problema dessa vez?

— Não é bem um problema, é que eu estou indo para uma reunião de última hora em Nova Iorque no Conselho das nações, preciso que cuide de tudo até eu voltar, então assim que chegar vá a meu escritório — ele falava tão rápido que se não fosse meu pai eu jamais entenderia.

Aquilo estava me cheirando a dor de cabeça, mesmo que eu tenho nascido como príncipe, eu não nasci pra ser rei, cuidar daquele país era exaustivo de mais, eu não entendia bem como meu pai aguentava.

— Claro pai, não se preocupe — ele desligou o celular antes que eu pudesse me despedir, eu já não me importava, afinal, ele era o rei.

Ao colocar o celular no bolso, algumas vozes chamaram a minha antenção, era Henry, rezei para a que a outra voz não fosse da Melina, e não era, ele entrou na sala puxando uma garota que eu jamais havia visto na vida, ambos estava molhados, ele puxava a garota pela cintura e abeijava como uma certa fúria, pareceram não perceber minha presença, dei a volta por trás de uma parede que dívida a sala de uma outra saída.

Me perguntei onde estaria a Melina. Ao voltar para a piscina pude ver ela deitada na mesma espreguiçadeira que estava algumas horas atrás observando os prédios ao longe, ela usava um óculos de sol, um de seus braços estava jogado para trás e o outro descansava sobre a barriga, seu peito descia e subia conforme sua respiração calma. Parecia a hora perfeito para conversar com ela, apenas uma música calma tocava conforme a noite ia se aproximando.

— A gente pode conversar? — eu disse me sentando ao lado dela.

Parecia distante, ela ficou em silêncio por alguns segundos e então suspirou.

— Já reparou como o mar é lindo ? — ela disse calma, por um instante achei que ela realmente estava admirando o mar, mas então me lembrei como ela tinha medo de água.

— Mas você nunca gostou do mar...

— Ele combina com o céu, é tão azul e brilhante — ela me cortou com sua voz sonolenta, abrindo um sorriso Largo.

Ela subiu seus dedos delicados por entre o seios e começou a desenhar círculos sobre a parte superior deles, tentei olhar em seu rosto mas parecia que meus olhos estavam colados ali. Que algo não estava certo eu já tinha percebido, ela não estava bem. O sol se punha ao longe e já estava mais que na hora de ela ir pra casa já que Henry não sabia mais nem onde estava.

No fundo eu sabia que Henry havia colocado alguma coisa naqueles drinks que ele estava dando pra ela, a minha vontade era enterrar o meu punho na cara daquele idiota, mas como príncipe eu tinha que manter as aparências entre a família.

— Vem vou te levar pra casa, você não está nada bem. — eu disse no momento em que peguei na mão dela, uma corrente elétrica atravessou todo o meu corpo.

Sem dizer nada e ainda sorrindo, ela me acompanhou obediente como se nada tivesse acontecido na noite anterior. Por um instante quase esqueci a garrafa de whisky para trás, mas eu não podia deixar esse presente para Henry, não depois do que ele fez.

Antes de chegar no carro a voz de Roman me fez parar.

— Onde você pensa que vai? — eu me virei e o vi correr em nossa direção, Melina permanecia calada, acompanhando tudo como uma bonequinha.

Fico me perguntando o que Henry haveria feito com ela se não tivesse encontrado aquela outra garota, e se eu não estivesse ali.

— Vou levar a Melina pra casa, Henry drogou ela e agora ela acha que está no país das maravilhas — falei abrindo a porta do carro para ela que entrou flutuante e leve — e meu pai foi pra uma reunião no Conselho das nações, com certeza terei que virar a noite trabalhando.

— E a gente? Sem falar que a Charlotte vai ficar uma arara se souber que você foi embora com outra — aquilo fez meu sangue ferver, além dos meus mil e um problemas eu tinha que lidar com a Charlotte como se ela fosse minha namorada.

Eu suspirei e caminhei até o outro lado do carro.

— Olha, eu mando meu motorista buscar vocês, e eu não estou indo embora com outra, a Melina é minha amiga da faculdade e ela precisa de mim. — com isso entrei no carro e fui pra casa da Melina.

Durante todo o trageto, Melina permenceu calada observando o por do sol, seus cabelos loiros esvoaçantes ao vento a deixavam ainda mais linda do já era. No meu bolso, meu celular vibrava incansavelmente, não precisei ver para saber que era o secretário do meu pai me procurando.

Segredos Do Tempo_ Volume 1Where stories live. Discover now