Capítulo 5

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"Eu fingia que era uma princesa,

Trancada numa torre por

uma rainha malvada. "
Uma Linda Mulher

Duas semanas e nada do Aaron, ele nem se quer olhava pra mim, e eu também não sabia porque estava tão preocupada, nervosa e sei lá o que mais eu estava sentindo. Tentei não ligar, ele era apenas um idiota que vivia entrando no meu caminho. Afinal eu nem o conhecia direito.

— O que vocês acham de sairmos mais tarde? — perguntou Matt me passando o cigarro.

Eu não era uma viciada em drogas, mas eu não sabia o que seria da minha vida sem elas, me ajudam bastante quando me lembro que estou praticamente sozinha, minha mãe não fazia questão de ser minha mãe.

— Nem pensar, eu preciso estudar e se eu fosse vocês faria o mesmo — eu sorri enquanto caminhávamos em direção ao estacionamento.

— A não Melina, vamos fazer alguma coisa mais tarde, por favor eu não aguento mais ficar em casa — Lily choramingou ao meu lado.

Eu sorri com a voz fofa que ela tinha feito.

— Não Lily, agora eu preciso ir pra casa, Tchau gente até amanhã — eu me despedi deles e fui em direção ao meu carro.

Eu me encostei na porta. O que meu pai diria se me visse naquele instante, fumando, tomando calmantes, me destruindo por dentro, mas já dizia o ditado, quem vive de passado é museu. Que ódio! Fumar me deixava revoltada com a vida.

Uma mão atrevida tirou o cigarro da minha mão, tão atrevida quando o dono. Depois de duas semanas ele resolveu aparecer, eu tinha acabado de entender, ele só aparecia pra me tirar da minha zona de conforto.

Ele não disse nada, apenas ficou me encarando com uma expressão de ódio e aquilo me incomodava mas... Eu não entendia muito bem o por quê. Naquele momento meu cigarro já tinha virado pó sob seu pés. Vi um relâmpago de culpa em seus olhos, mas culpa se que? Por que ele estava fazendo aquilo? Por que ele estava sempre ali quando eu estava prestes a fazer algo que a maioria das pessoas acham errado?

Eu abri a boca deixando toda a fumaça passar pelo seu rosto, ele fechou os olhos mantendo sua expressão de completo ódio e decepção. Como ele não disse nada eu abri a porta do carro sentindo um calafrio percorrer meu corpo. Era a primeira vez que eu sentia aquilo, e de certa forma foi bom.

Tentei ignorar meus sentimentos estranhos e fui pra casa — o que não foi uma boa ideia — ao abrir a porta tive uma surpresa maior do que meu coração pudesse aguentar.

Será que eu estava delirando, ou realmente ela estava sentada no sofá da minha sala?

— Como vai Melzinha? — ela sabia muito bem que eu odiava aquele apelido desde pequena.

Eu coloquei a bolsa na mesinha de canto que ficava perto da porta, indo em direção a ela.

— Rainha Mary Anne sabe muito bem que odeio ser chamada de... — como era de se esperar ela não me deixou terminar de falar.

Ela se levantou com seu lindo e comportadissimo vestido verde, combinava com as madeixas ruivas dela, eu não conhecia uma mulher tão elegante quanto a rainha.

—Vamos direto ao ponto querida, eu não tenho o dia todo, como sabe sou uma mulher muito ocupada — ocupada com o próprio ego só se for.

Ela começou a andar pela sala passando o dedo indicador pelos meus móveis, enquanto eu continuava ali, sem entender.

— Eu sei muito bem dos planos do meu marido, para que você se case com o meu filho — ela continuou, se esgueirando como uma cobra por entre os móveis, assim que abri a boca ela continuou falando — e acredite, eu jamais permitiria isso, ele vai se casar sim, mas não com você.

— Eu não quero nada com o príncipe, eu nem sequer conheço ele — fiz uma pausa, relembrando minha infância nada comportada — bom , não mais.

— Que ótimo! — ela me lançou um olhar frio — E se depender de mim, nunca vai conhecer, a não ser pelos jornais e pela TV.

Ela se aproximou de mim, ficando tão perto que eu mal conseguia respirar, fazendo meu corpo inteiro fraquejar, mas continuei a encarando.

— Aí de você se tentar atrapalhar o casamento do meu filho com a princesa que eu escolhi pra ele, por que você não é nada comparado a ele, você não tem nada a oferecer ao país, e se disser a alguém que eu estive aqui, a sua querida mãezinha vai ter o mesmo destino que o seu pai. — se o meu coração disparou naquele momento? Sim ele disparou. Disparou de raiva, ódio, medo, surpresa.

Uma bola de neve de sentimentos tinha se formando dentro de mim, eu não consegui me mecher, mal ouvi a porta bater quando ela saiu.

Ela matou o meu pai? Ou foi só uma comparação do que podia acontecer? Outra bomba tinha sido jogada na minha mão e tinha acabado de explodir. Os meus planos foram todo por água a baixo, eu não consegui estudar nada naquela tarde, eu chorei por horas, e por mais que eu tentasse sair da minha cama eu não conseguia.

Eu travei naquele quarto, não conseguia pensar em faculdade, em estudar, em ver as pessoas, nada. Eu não queria sair dali. Aquela desgraçada matou o meu pai, e ainda ameaçou a minha mãe.

Eu não conseguia imaginar como um ser humano podia ser tão podre assim. E eu ? Como assim eu não era nada perto do principezinho dela?  Ele era um idiota completo quando nos conhecemos.

Mas eu tinha um remédio pra minha decepção e dor, eu sempre tinha. O sol já tinha se posto, a noite chegava e eu não queria saber de nada pelas próximas 24h. Eu coloquei a primeira roupa que vi e fui atrás da única coisa que me fazia esquecer os problemas.

Segredos Do Tempo_ Volume 1Where stories live. Discover now