Capítulo 14

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As pessoas sempre dizem que quem nasceu em berço de ouro, e sempre teve tudo de mão beijada, na maioria das vezes eram completos babacas e patricinhas que se achavam melhores que os outros. Mas não era o caso de Henry, eu o conheci a poucas horas e me sentia tão bem com ele.

- Olha, eu não sei da sua história com o Aaron, mas não acho que ele seja a melhor pessoa pra você - ele disse depois de um tempo em silêncio enquanto dirigia.

Do outro lado do carro o mar calmo se jogava na areia, as luzes dos postes e prédios passavam tão rápido que mal dava pra ver.

- Por que? - eu já não me importava mais em saber as coisas estranhas da vida do Aaron, esperava qualquer coisa dele.

- Enquanto ele cresceu na Suiça, ele mudou muito, você não sabe quantas garotas ele usou e jogou fora como se fossem descartáveis, por lá - de todas as coisas que eu tinha descoberto sobre ele, aquela era a pior.

Eu engoli em seco, ouvir aquilo doía e me assustava, ele realmente fingiu ser alguém que não era.

- Eu mesmo, não o considero mais o amigo que eu considerava antes - continuou, sem tirar os olhos da estrada - Mas eu não vou deixar ele fazer o mesmo com você, não se preocupe.

Ele tirou os olhos da estrada por um instante para me olhar, seus olhos azuis brilhavam com confiança, mas acreditar que o Aaron era capaz daquilo, me dava enjôo, como eu pude confiar nele?

Eu permaneci em silêncio olhando a as luzes e as pessoas que andavam felizes pelas ruas da cidade, vidas perfeitas, igual a minha antes de conhecer o Aaron. Naquele momento eu percebi. Mary Anne esteve na minha casa me ameaçando, ela sabia o tempo todo que o Aaron e eu estavamos nos aproximando. Naquele momento mais do que nunca eu queria distância dele.

- Ei, bela, não fica assim, não pense mais nele - ele disse apertando minha mão que estava sobre o meu colo. - Olha só, amanhã eu vou dar uma festa na piscina na minha casa de férias pra comemorar o fim do verão, faço questão que vá.

Era impressionante como ele estava fazendo de tudo pra me fazer sentir melhor comigo mesma. Olhei pra ele abrindo um pequeno sorriso de agradecimento pelo seu esforço.

- Acho melhor não.

- Claro que sim, vai fazer bem pra você, o verão está acabando temos que aproveitar o máximo que der - ele parecia tão animado que me contagiou.

Acabei sorrindo junto com ele naquele seu entusiasmo.

- Tudo bem, eu vou.

***

Embora aquele dia tenha sido horrível, Henry realmente meu anjo da guarda, ele fez eu terminar o dia com um pouco de esperança em mim mesma. Eu estava ansiosa pela festa que haveria no dia seguinte, eu poderia me distrair e conhecer gente nova.

- Nossa que lugar lindo que você mora - disse Henry parando o carro em frente a minha casa e observando a arquitetura da mesma.

- Não é a primeira vez que ouço isso - eu disse me lembrando da primeira vez que Aaron esteve ali.

Ele sorriu e saiu do carro e antes que eu pudesse abrir a porta para sair, ele correu e a abriu pra mim, ninguém nunca tinha feito aquilo além do motorista da família real.

Eu sorri segurando a mão dele e saindo de dentro de seu Ferrari incrivelmente confortável.

- Nossa, você deve estar com frio - ele disse tirando o paletó do terno e colocando em mim.

- Não precisa, eu já vou entrar em casa - falei olhando para as mãos dele que ajeitavam o paletó nos meus ombros.

Ele suspirou cruzando os braços, me olhava como se estivesse de frente com um grande problema.

- E que desculpa eu vou ter pra te ver de novo? - indagou ele, tão sério que por um instante não percebi que era uma brincadeira.

Nós dois rimos depois que eu entendi do que se tratava.

- Bom, até amanhã - eu disse colocando a mão no braço direito.

- Até amanhã, te pego aqui as duas da tarde - ele disse enquanto eu me afastava aos poucos.

Ele deu a volta no carro e antes que ele pudesse entrar uma certa solidão tomou conta de mim, eu não queria que ele fosse embora, por algum motivo que eu não sabia dizer.

- Henry! - eu chamei antes de ele entrar no carro - Obrigada.

Ele sabia exatamente de que eu estava agradecendo. Ele me deu um sorriso sincero antes de entrar no carro e ir embora.

Agora sim.

Eu podia surtar em paz.

Assim que eu entrei em casa, eu gritei horrores. De raiva! Quem o Aaron pensava que era pra me machucar daquele jeito? Só porque ele era o príncipe de Eribella ele podia fazer o que quiser comigo?

Príncipe. Ele ero o Príncipe. Parecia mentira, um pesadelo que não acabava. Aaron sempre me pareceu tão confiável, mas a vida é assim, as pessoas são assim, e eu não podia parar tudo por ele. As palavras de Henry se repetiam várias e várias vezes na minha cabeça, ele usava as garotas, e queria me usar também. Será que Henry disse a verdade? Será que o Aaron disse a verdade? As palavras de Victoria Aveyard vieram a minha cabeça naquele momento " todo mundo pode trair todo mundo".

Por fim o cansaço me venceu naquela noite.

Segredos Do Tempo_ Volume 1Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum