Capítulo 29

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Aaron

Me sentei sobre a grande toalha de piquenique que havia no chão, o jardim estava bonito enquanto as nuvens no céu se afastavam e davam lugar ao sol.

Olhei pra caixinha mais uma vez, o anel de outro com a pedra azul dentro dela era lindo e combinaria perfeitamente com os olhos dela. Minha futura Princesa. Olhei mais uma vez o relógio de pulso e ainda faltava mais de meia hora para ela chegar.

- Alteza - a voz tensa de um dos empregados se fez ouvir atrás de mim.

Ele parecia nervoso, o que me deixou nervoso também.

- Sim - eu disse me levantando.

Ele respirou fundo então voltou a falar.

- Acabamos de ser avisados que o barco onde estava a Rainha e suas amigas acabou de explodir...

Não deixei que ele terminasse, uma explosão também aconteceu em mim, uma explosão de choque.

- O que?! Como assim? - eu corri até ele ficando frente a frente do homem.

- A rainha foi encontrada com vida, com um de seus seguranças.

Eu agarrei os ombros dele, sentindo o sangue fugir de meu rosto. Meu Deus! Não podia ser verdade. Não!

- E as outras? O que aconteceu? Fala!

Ele pareceu um pouco assustado.

- ainda não temos notícias.

Eu soltei os ombros dele e corri em direção ao Castelo, minha cabeça parecia que ia explodir. Só podia ser um pesadelo, um pesadelo, só podia ser!

Encontrei meu pai na entrada principal entrando em um carro, ele parecia tão atordoado quanto eu. Eu estava preocupado com a minha mãe, claro, mas e a Melina? E a dona Margot? Eu sentia como se o chão desabasse sob meus pés.

- Pai! - gritei antes de ele entrar no carro por completo, minha voz embargada, mal percebi que estava chorando, eu, um príncipe.

Ele me abraçou com força, e quando tentei me soltar ele continuou me segurando.

- Nao, filho... Calma - ele sussurrou ainda me abraçando enquanto eu tentava não desmoronar em seus braços.

Ele me soltou e entramos no carro rapidamente.

- Pro hospital, Doc, o mais rápido possível ! - disse meu pai ao motorista.

Eu sentia um vazio, uma coisa entranha em meu estômago, nem que eu tivesse que mandar a Marinha procurar pelo Atlântico inteiro, eu iria encontrá-las.

- Quando... Aconteceu? - as palavras saiam com dificuldade.

Ele suspirou, não olhou em meus olhos pra falar, dava pra ver a dor que ele sentia só pelo olhar.

- A duas horas mais ou menos... - ele jogou a cabeça pra frente e a segurou com as mãos. - eu prometi pro Carlisle, prometi que ia cuidar dela, protege-la...

- Eles vão encontrá-la, precisam encontrá-la - eu coloquei a mão no seu ombro, eu não sabia o que dizer ou fazer, ele me olhou e pela primeira vez o brilho de seus olhos azuis haviam se apagado.

Alguns seguranças chegaram ao mesmo tempo que nós, as pessoas ali nos olhavam com admiração e outras um pouco assustadas, mamãe estava bem, o que fez uma porcentagem de mim se aliviar. Ela não havia se machucado graças ao segurança dela.

Cada dia que se passava sem notícias o buraco no meu peito aumentava, e quando a polícia disse que encontraram só um corpo e que esse corpo era de Margot Davis, parecia mentira, não dava pra acreditar. E quando encerraram as buscas eu fiz um escândalo, óbvio que meu pai ficou furioso com aquilo.

- Aaron Chega! - gritou ele segurando meus ombros quando eu parti pra cima do policial - É difícil aceitar, eu sei! Mas elas estão mortas meu filho, nada que fizermos vai adiantar.

Eu olhei pra ele sentindo um nó se formar na minha garganta, eu me debrucei em seus ombros e chorei como nunca. O funeral foi alguns dias depois, eu não conseguia pronunciar o nome da Melina, minha doce garota, estava morta e seu corpo estava perdido pelo Oceano.

Foi tudo culpa minha, de eu tivesse ido junto poderia ter salvo ela. Mas eu nao fui.

Olhei cada detalhe do anel que eu havia comprado para ela, era uma safira linda, que me trazia recordações das quais eu precisava esquecer, bebi um longo gole de whisky na tentativa de esquecer aqueles dias horríveis, já haviam se passado quase um mês e a dor não ia embora, só quando eu bebia, mas logo o efeito do álcool passava. Eu me inclinei na sacada do meu quarto antes do meu olhar ser atraído para um banco no jardim.

Lembro-me perfeitamente daquele dia, ela usava um vestido de renda branco, seus cabelos loiros brilhavam ao sol enquanto ela tomava um chá e conversava alguma coisa com meu pai, foi a primeira vez que vi ela naquele castelo, tão linda e cheia de vida. Olhei pro anel uma última vez antes de joga-lo o mais longe possível. Lágrimas queimavam meu rosto, o som que vinha de dentro do quarto não ajudava nem um pouco.

O notebook sobre a cama me mostrava um vídeo.

O dia estava lindo, o sol brilhava e refletia nas ondas, ela corria de mim e da câmera pela areia da praia vestindo a minha camisa branca que mais pareciam um vestido nela.

- Para Aaron! - ela gritava enquanto colocava a mão na frente da câmera tentando esconder o enorme sorriso.

- Vai, da um sorriso - eu disse tentando fazer ela rir.

Ela parou e tirou a mão da câmera e me encarou tentando ficar seria, mas não conseguia, logo depois voltou a correr e girar enquanto chutava a água.

- Você tá parecendo uma louca - comentei a fim de estressa-la.

Ela me olhou fingindo surpresa.

- Você que tá me filmando igual um idiota! Desliga isso seu bobo - ela correu até mim tentando me puxar pra água enquanto ria.

- Vem, vamos fazer uma coisa.

- O que? - ela perguntou curiosa.

Eu suspirei.

- Vem logo - eu disse puxando ela para trás da câmera, deixando que só o mar e o sol que acabara de nascer preenchesse a tela. - Coloque sua mão aqui... - eu coloquei minha mão na frente da câmera e fiz metade de um coração, e ela fez o mesmo. - isso.

Na tela agora só se via o coração que nossas mãos formavam antes dela entrelaçar nossos dedos.

- Eu te amo sabia...

A voz dela se fez ouvir no áudio do notebook, senti minha garganta se fechar e fechei a tampa do notebook com força.

Porque isso estava acontecendo? Eu não conseguia acreditar era surreal de mais.

Naquele dia eu bebi até sentir minhas pálpebras ficarem pesadas e meu corpo cobrar as noites mal dormidas.

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Segredos Do Tempo_ Volume 1Where stories live. Discover now